capítulo 22

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Senti um leve incômodo, talvez porque estava dormindo no sofá

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Senti um leve incômodo, talvez porque estava dormindo no sofá. Ouvi passos pesados e, imediatamente, abri os olhos, imaginando que fosse o pai dela. O que ele iria pensar de mim se me encontrasse aqui assim? Meu coração acelerou por um momento, mas logo me acalmei quando vi quem era. Era a loira que não sai dos meus pensamentos. Ela entrou no que parecia ser o banheiro, e sua expressão estava péssima. Não precisava ser vidente para saber que ela estava prestes a vomitar.

Levantei-me rapidamente, indo até ela. Como previsto, lá estava ela, ajoelhada ao lado do vaso sanitário. Me aproximei com cuidado, tentando não assustá-la, e segurei seus cabelos com delicadeza. “Candice, Candice... o que você está fazendo comigo?” pensei, tentando entender o turbilhão de sentimentos que ela despertava em mim.

Ela olhou para mim, surpresa no início, mas logo seu rosto relaxou em uma expressão de calma. Um sorriso leve surgiu em seus lábios enquanto ela deixava o peso de sua cabeça repousar em minhas mãos. O contato era sutil, mas carregado de algo que eu ainda não sabia nomear. Ficamos ali, em silêncio, compartilhando um momento estranho e íntimo, enquanto eu me perguntava se aquele sentimento cresceria ainda mais ou se era apenas uma ilusão temporária.

— Acho que batizaram meu copo com uma droga bem cabulosa, estou até imaginando meu chefe — disse ela, fechando os olhos por alguns segundos antes de se inclinar novamente sobre o vaso e vomitar.

Fiquei ao seu lado enquanto ela terminava e a ajudei a levantar, acompanhando-a até a pia para lavar o rosto. Dei-lhe espaço para fazer sua higiene sozinha, me afastando um pouco. Ela precisava de um momento.

Após longos dez minutos, vi Candice sair do banheiro com a mão no rosto, parecendo abatida e com os olhos vermelhos de choro. Meu instinto imediato foi de preocupação. Ela se sentou no sofá em silêncio, mas logo o quebrou com uma voz frágil.

— Me desculpe, senhor Morgan... estou muito envergonhada e arrependida pelo que viu e ouviu — disse, cobrindo o rosto com as duas mãos, claramente devastada.

Fiquei em silêncio por um momento, processando suas palavras. Havia tanto peso no que ela dizia, mas, ao mesmo tempo, eu não conseguia entender por que ela estava tão envergonhada.

— Você não deve se preocupar. Não disse nada demais — falei, tentando tranquilizá-la. Me aproximei, mantendo minha voz calma. — Está tudo bem, senhorita Accola.

Levantei-me, colocando minha jaqueta, enquanto ela ainda não levantava o rosto. Calcei os sapatos que estavam ao lado e decidi que seria melhor ir embora, dar a ela o espaço de que precisava.

— Vou descer até a sacada e esperar o Uber lá embaixo — disse, abrindo a porta. Olhei para ela mais uma vez antes de sair, como se esperasse algum sinal de que ela ficaria bem, mas ela permaneceu em silêncio.

Desci alguns degraus quando ouvi sua voz novamente, suave e hesitante.

— Eu não me arrependo do que falei para você — disse ela, descendo a escada e ficando de frente para mim, mesmo estando dois degraus acima. — Eu sinto algo que não sei explicar. Quando estou perto de você, é como se meu coração fosse sair pela boca, como se estivesse correndo uma maratona. Meus nervos ficam à flor da pele só de ouvir a sua voz. Eu sei que isso nunca vai acontecer, porque não quero perder a confiança das crianças, me apeguei tão rápido a elas. Mesmo que eu sinta algo que ainda não consigo distinguir o que é, devemos deixar isso de lado e nos afastar.

𝐀 𝐁𝐚𝐛𝐚́ - 𝐣𝐨𝐝𝐢𝐜𝐞Onde histórias criam vida. Descubra agora