Foram cinco horas de viagem, cerca de uns 418 km. Nina e Pérsia estavam caladas até o momento. Daniel, sentado ao meu lado no banco da frente, parecia imerso em pensamentos. Antes disso, tudo estava tranquilo entre as duas, até que Pérsia comentou que jamais seria babá, porque não vê isso como um trabalho que a valorizaria - disse que é o tipo de coisa para alguém jovem e imatura, como a Candice. Nina bufou e lhe deu uma resposta atravessada:
- Não mesmo, com essa cara rabugenta. As crianças teriam medo de você. Candice é um amor, por isso elas gostam dela.
Para evitar um conflito maior, mantive o silêncio, e Pérsia, com um revirar de olhos, apenas resmungou algo baixo, inaudível. Continuei dirigindo por um longo trecho de estrada pouco asfaltada até finalmente chegarmos. Fui o primeiro a descer, enquanto as mulheres saíam logo em seguida. Pérsia, que estava de salto, claramente não se adaptava à entrada de paralelepípedos. Já a amiga da Candice parecia fascinada pela vista ao redor, sorrindo ao ver a natureza ao nosso redor.
- Candice vai adorar isso aqui... desde que não tenha aranhas ou abelhas - comentou ela enquanto tirava a mala do carro.
Pérsia foi atrás de Daniel, e Nina, empolgada, começou a falar sobre como estava ansiosa para fazer uma trilha e, quem sabe, encontrar uma cachoeira. Em um impulso, lembrei-me da bolsa que havia comprado e estendi para a amiga de Candice.
- Entrega isso para a Candice, por favor.
Ela me olhou, surpresa.
- Por que você mesmo não dá? - respondeu, ainda me analisando.
Imaginei que Candice não tinha contado a ninguém sobre nosso afastamento temporário.
- Só entrega e diz que foi você quem comprou, ok? - insisti. - Nós não estamos nos falando no momento, mas sei que ela não teve tempo para passar em casa e pegar roupas. Então comprei algumas coisas que achei que ela precisaria.
- Olha, eu tenho certeza de que ela vai gostar, especialmente se souber que você se lembrou dela - comentou, ainda hesitante.
- Mesmo assim, só diga que foi você - falei, e saí andando para a frente da casa, ouvindo ao longe o som dos saltos de Pérsia ecoando mesmo à distância.
Enquanto esperávamos, cerca de vinte minutos depois, os outros dois carros chegaram. Ouvi a risada alta do Paul e a voz de Phoebe reclamando de algo. Levantei-me para ajudar com as bagagens e com meus filhos, que desceram do carro com animação.
Assim que entrei na casa, avistei Candice, que segurava Hope no colo, saindo do carro com cuidado. Caminhei em sua direção para ajudá-la, já que poderia ser cansativo subir com Hope até o segundo andar. No entanto, Ian foi mais rápido e pegou Hope, sorrindo e garantindo que estava tudo bem. Mas, para mim, não estava. Ela disse que nosso beijo não poderia se repetir, mas agora lá estava, trocando olhares com meu amigo.
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𝐀 𝐁𝐚𝐛𝐚́ - 𝐣𝐨𝐝𝐢𝐜𝐞
Fiksi PenggemarDesesperada por uma oportunidade profissional sólida, Candice decidiu se reinventar... como babá? Às vezes, nos vemos em papéis que não imaginávamos, mas é nesses momentos que a vida nos reserva as maiores surpresas.