Jéssica
Keller não tem saído dos monitores de radar. Ele age como se a frota inteira de Amanphire estivesse em nosso encalço. Não o culpo por isso, sendo que levamos algo precioso do Supremo Ancião: sua companheira. Lúcia é muito falante e posso apostar que é pelo fato de estar diante de outra humana. Pelo que entendi, ela cortou total contato com a Terra e seu macho havia prometido à sua amiga não incomodá-la e nem deixar que o fizessem. Gosto de saber que é um alien que mantém sua palavra, o que não me impede de tomar medidas drásticas. Sei também que é apenas questão de tempo, até que ele esteja atrás de nós.
Por questões de segurança, optamos pela rota mais segura e levaremos cerca de quinze dias para chegar ao nosso destino. Não posso me permitir ser irresponsável ao ponto de colocar a vida de alguém, com status de rainha, em perigo. Em meia hora de conversa, eu já sabia praticamente toda a vida dela e confesso que estou surpresa pelo fato dela ter filhos adultos. O quão velha ela é nesse corpo de trinta anos?!
Depois de tanta conversa, eu estava cansada e com a cabeça dando pontadas, então fiz o mais sensato: ir descansar, mas só após deixar nossa hóspede confortável em uma das cabines, daí fui para a principal, aquela que Zephyrus se utiliza em suas viagens. Há uma fragrância picante no ambiente. Tudo aqui remete à sua presença imponente, desde os tons marrom-dourado nos móveis e tecidos contrastando com o tom neutro da pintura das paredes, ao seu cheiro másculo que permanece no ar. Jogo-me na cama, sobre a maciez da fina seda que a cobre, aspirando o perfume impregnado nas cobertas que só me fazem lembrar ainda mais do “meu caçador”. Sinto tanto sua falta que meu coração chega a doer.
Nesse momento, a marca de sua mordida em meu ombro começa a doer e queimar, irradiando por minhas costas e peito, me fazendo sentar abruptamente e puxar as mangas do vestido para baixo, expondo meu tórax nu diante do espelho gigante, de frente para a cabeceira. Há um emaranhado de linhas escuras, serpenteando entre meu ombro até meu mamilo direito. Eram semelhantes a marcas tribais; são lindas, inclusive. Senti vontade de chorar de emoção ao tocá-las. Não entendo a razão, Zephyrus me marcou como sua companheira, mas eu deveria amar e reconhecê-lo como meu macho para a marca esponsal aparecer. Pelo que soube, é assim que funciona.
Céus, eu o amo?!
Subitamente, uma forte presença se manifesta no ambiente. Posso sentir até nas minhas entranhas a vibração que se apodera do meu corpo. Olho a todo canto procurando por algo que meus olhos não identificam, pois não há nada aqui, o que me faz duvidar da minha própria sanidade.
“Zephyrus” — pronuncio num suspiro, fechando os olhos fortemente, tentando dissipar da minha mente a sensação da sua presença.
“Estou aqui!” — A voz grave e tão conhecida perpassa a nuvem que se formou em minha mente, o que me faz arregalar os olhos no susto. Mas não há nada à minha volta. Isso até eu sentir uma leve flutuação de energia na minha direção e então um toque quente na marca esponsal.
Eu já estava a ponto de sair correndo e gritando que havia fantasma aqui, quando olho de relance para o espelho e vejo Zephyrus sobre os joelhos, diante de mim, beijando as marcas que surgiram. Encaro o espaço onde ele deveria estar, mas não há nada, exceto que consigo sentir o toque nitidamente.
“Enlouqueci” — Falo para mim mesma, enquanto engatinho para fora da cama, só que meu corpo é agarrado por mãos invisíveis e sou lançada de costas, fazendo um baque surdo no colchão. Imediatamente identifico a pressão sobre meu corpo e o exato momento que meu mamilo direito é sugado. Busco acertar com as mãos o que quer que seja, mas só acerto o ar. Não há nada! Olho novamente o espelho e Zephyrus está ali sobre o meu corpo. Ele me encara, enquanto continua a sucção. Ao largar esse, abocanha o outro.
“Socorro! Fiquei louca mesmo!” — choramingo baixinho, sufocando um gemido de prazer.
— Você não está louca! Agora que a marca esponsal apareceu, temos uma ligação de alma e posso encontrá-la onde quer que esteja, enviando ecos da minha essência através do pensamento. É mais rápido e eficaz do que viajar em velocidade de dobra. É como enviar um fragmento da minha existência, incorpóreo, mas com a consciência. Quando a ligação se dissipar, o fragmento retorna ao meu corpo. Quanto mais forte a ligação for, mais tempo posso permanecer e até me materializar de forma que consigas me tocar, mas por agora, somente eu consigo fazê-lo.— Ouço sua voz, mas sua boca não está se movendo, é como se falasse direto no meu cérebro.
— Zephyrus, você está aqui mesmo?! — Olho entre sua imagem no espelho e o espaço vazio acima de mim, ainda incrédula do que está acontecendo.
— Hum, não consegue me sentir?! — Fala com seu sorriso tão característico, enquanto belisca levemente meu mamilo — O que devo fazer com você por se colocar em perigo assim?
— Me agradecer?! — sorrio irônica e me sentindo ainda mais estúpida, por aparentemente estar falando sozinha — Você é um bastardo estúpido, por que foi se entregar ao rei?! Por que não me esperou acordar para discutir o assunto?! Eu não preciso de um salvador… — Mal pronuncio essas palavras o bico do meu peito é torcido com certa pressão, me provocando um misto de prazer e dor.
— Você ainda não admite o que fez de errado, fêmea?! — Diz e mordisca o outro bico exposto. — Eu fiz o que precisava para mantê-la segura e na primeira oportunidade você foi bater de frente com meu irmão! Você gosta tanto assim do perigo?! — Continuo ouvindo sua voz em minha mente, mesmo enquanto sua boca está ocupada torturando meu peito — Devo te castigar?! — Sua mão se infiltra por baixo do meu vestido e seus dedos escorregam para dentro da minha calcinha numa fricção suave sobre meu clitóris e daí pelos grandes e pequenos lábios, até estar em minha entrada, que a essa altura estava bem encharcada. — Volte, fêmea atrevida! Fique em segurança na estação! Heimdall não seria estúpido de ir atrás de você lá. Não com a diversidade de aliados que mantenho fazendo negócios ali. — Exige num tom de ordem que me faz querer socar sua cara, mas tudo que consigo é revirar os olhos quando dois ou três dedos fantasmagóricos são enfiados em meu canal e um pressiona meu ponto G.
— Eu não vou deixar você morrer por mim! Eu nao voltarei! — aviso tentando raciocinar direito, mesmo sob ameaça de um orgasmo me atingir. A distância que nos separa, não é empecilho suficiente para não notar o quão sombrio minha recusa o deixa.
— Se eu não tivesse trancafiado numa masmorra iria arrastá-la de volta, pelos cabelos…
— Bárbaro! — interrompo-o com um tom provocativo.
Sinto-o largar meu mamilo e subir com uma trilha de mordiscadas pelo meu pescoço, até alcançar meus lábios com um beijo suave e logo em seguida uma mordida no lábio inferior. Seus dedos investem ritimadamente em meu núcleo, fazendo eu me contorcer inteira ante o orgasmo que se alastrou sobre meus sentidos.
— Esqueça essa ideia e volte! Não me faça fugir da prisão e vir buscá-la! Eu faria você pagar…hummm…— seu gemido em meu ouvido é uma música inebriante e provocativa.
— Eu irei até o fim com isso, apenas me aguarde, macho ranziza! — afirmo sentindo seus dedos se moverem para fora de mim.
— Eu voltarei quando estiver mais forte e a torturarei por sua teimosia! — ouço o alerta, enquanto observo sua essência se dissipar, pelo reflexo no espelho.
— Eu mal posso esperar! — Provoco e vejo um sorriso cruel se formar em seu rosto. Cruel e sexy, o que faz meu corpo quase entrar em autocombustão.
Só agora consigo entender a real extensão de ser marcada e aceitar a marca. Sempre fiquei em dúvidas sobre como essa espécie conseguia rastrear suas fêmeas, mesmo a anos-luz de distância; agora compreendo. Aliás, deveria ser difícil a própria compreensão disso, mas por conta da ligação de alma, as respostas parecem ainda mais claras para meu cérebro processar. É quase como se ouvisse sussurros longínquos me revelando aquilo que antes não sabia.
Maldito, bastardo! Me provocou tanto que esqueci de perguntar como está! Bom, se veio me perturbar é porque está inteiro! — Tento me confortar.
[...]
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ABDUÇÃO: Contos Alienígenas
Storie brevi+18 Jéssica é uma mulher forte que cresceu nas ruas, após fugir de casa por conta de maus tratos. Sua vida nunca foi fácil, enquanto tentava sobreviver às intempéries e ao assédio dos "colegas de rua". Não existia meio termo para ela; se alguém a ba...