Assim que deu a primeira pedalada na direção da caverna, sentiu algum tipo de vigor misterioso que a fez chegar rápido em seu destino. Descendo da bicicleta, a jovem entrou na caverna percebendo que não conseguia enxergar nada além de escuridão.
– Você não teria alguma magia de luz, teria? - Perguntou olhando para a fada.
– Não seria muito eficaz, mas por que quer saber?
– Pra você usar e iluminar o caminho.
– Nossa, como você me decepciona. - Balançou a cabeça.
– Como assim?
– E quanto ao seu celular?
– Espera, o meu celular veio comigo? - Arregalou os olhos.
– É claro, eu disse que a mochila funciona em qualquer lugar.
– É, mas só achei que viriam coisas aleatórias comigo. - Defendeu-se abrindo a mochila.
– Qualquer coisa que colocar na mochila irá com você para qualquer lugar.
Pegando o celular, Dália ligou a lanterna e entrou na caverna. Durante sua caminhada, viu equipamentos de escavação, todos abandonados.
– Acha que eles escavaram a pedra do colar aqui?
– Por que acha isso?
– O retrato foi uma das únicas coisas que achamos e mesmo por ele a pedra parece especial.
– Talvez esteja certa, acho que é a mágica do Rank F.
– Rank F?
– É um dos níveis das missões.
– Missões? E eu pensando que eram só aventuras.
– Missões, trabalhos, aventuras, é quase tudo a mesma coisa. - Deu de ombros.
Fazendo uma careta, Dália voltou a prestar atenção ao caminho. Não muito depois, ela viu duas passagens, uma bloqueada por rochas e outra livre, seguindo pelo caminho livre ela acabou num local amplo com uma gárgula em cima de um pedestal no meio do lugar.
– Espero que não esteja viva. - Sussurrou se aproximando da gárgula.
Quando estava perto o suficiente, a gárgula piscou e moveu a cabeça, ações que a fizeram gritar de susto e medo.
– Não precisa temer, jovem dama. Ou devo dizer jovem aventureira?
– Hã, eu. - Gaguejou ainda assustada.
– Não se preocupe, minha espécie não ataca a sua.
– Bem, sendo assim. - Engoliu em seco tentando mandar o nervosismo para longe. - Eu gostei de “jovem aventureira”.
– É um prazer, jovem aventureira. E olá, cara fada.
– Oi! - Acenou.
– O que as traz até aqui?
– Você viu essas pessoas ou esse colar? - Perguntou tirando o retrato da mochila.
– Nunca vi essas pessoas, mas a pedra nesse colar eu conheço, é a pedra da memória. Ela pode manipular as memórias das pessoas se não for bem cuidada ou se a pessoa que estiver usando sofrer de emoções muito fortes. Essa joia pertencia a este lugar, mas foi tirada daqui por alguns humanos, foi assim que acabei preso magicamente aqui.
– Pedra da memória, é por isso que as pessoas estão perdendo as memórias.
– Eu diria que é mais uma “prisão de memórias”.
– Prisão?
– Sim. Às vezes, as memórias são prisões. - Respondeu de forma enigmática.
– Você tem algum item que possa me dar? - Perguntou de forma interesseira.
– Se trouxer a pedra da memória talvez eu possa lhe dar algo.
– Na verdade, eu queria algo que me ajudasse a achar a pedra.
– Não posso ajudá-la com isso.
– Gia? - Virou pra fada.
– Foi mal. - Negou com a cabeça, ela e a gárgula trocaram um sorriso cúmplice, Dália olhou desconfiada para eles, mas ao perceber que eles não diriam nada, suspirou derrotada.
– Tudo bem. Acho que vou voltar para a vila, talvez encontre outra pista por lá. Não se preocupe, Sr. Gárgula, vou trazer aquela pedra.
– Estarei esperando e boa sorte.
– Obrigada. - Respondeu antes de voltar.
Já do lado de fora, subiu na bicicleta e sentiu aquela mesma energia estranha, fazendo com que chegasse rápido na vila, desta vez ela sentiu um pouco de sede e bebeu água da garrafa que trouxe na mochila. De volta à vila, ela viu um homem careca e gordo procurando por alguma coisa, na verdade, ele parecia tão perdido quanto a mulher com quem falou ao chegar ali.
Falando em mulher, notou aquelas duas garotas de antes, nenhuma delas pareceu se mover desde que as viu. Enquanto se aproximava delas, observou como a jovem de cabelos escuros lhe era familiar.
– Boa tarde, senhoritas. - Cumprimentou.
– Boa tarde. - Responderam em uníssono.
– Gostaria de fazer algumas perguntas. Sabem onde está o prefeito? - Ambas negaram. - Vocês sabem quem ele é? - Perguntou temerosa delas não saberem nem isso.
A jovem ruiva negou com a cabeça, mas a morena respondeu:
– Quando eu era criança, o prefeito era um homem careca e baixinho, mas não sei quem é o atual prefeito.
– Por acaso vocês conhecem essas pessoas? - Pegou novamente o retrato.
A ruiva voltou a negar, a morena também negou, mas o olhar de surpresa e reconhecimento foram muito evidentes em seu rosto.
– Tem certeza? - Perguntou mais incisivamente para a morena. - Faça um esforço, não reconhece nem mesmo este colar?
– Desculpe, eu não. - Cortou a própria frase olhando para os lados.
– Por favor, é importante. - Fez sua melhor cara de criança pidona. - Qualquer informação é de grande ajuda.
– Bem, eu lembro de uma briga envolvendo essa mulher, ela estava gritando com alguém.
– Com quem ela tava brigando? E por quê?
– Eu não posso. - Respondeu ficando aflita.
– Por favor, me diga.
– Eu…Ela.
De repente, a jovem ruiva e as outras pessoas que estavam ali colocaram as mãos na cabeça e começaram a gritar de dor.
– Isso sempre acontece! - Contou com lágrimas nos olhos.
– Precisamos salvá-los! Eu posso ajudar, mas você precisa me contar tudo que sabe!
– Eu, eu. - Olhou para a ruiva com preocupação. - Siga o rio para o oeste, era o lugar favorito dela. Por favor, salve a minha mãe. - Disse olhando firmemente para Dália.
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As Aventuras de Dália
AdventureDurante uma tarefa entediante, Dália acaba caindo no sono, mas diferente de quando dorme, uma sensação de flutuar tomou conta do corpo dela. Acordando num outro mundo, a menina enfrenta desafios numa torre misteriosa e ganha um anel mágico. Usando o...