Capítulo 01 - Dessa vez não é uma floresta!
Em cinco dias, Dália encontrou um lugar para fazer esgrima e convenceu, com muito esforço, os pais a matriculá-la, apesar da relutância deles em colocá-la em mais um curso, agora, ela estava voltando para casa após sua primeira aula. Olhando pela janela do ônibus, a menina viu uma libélula voar perto da janela, por algum motivo ela lembrou de Gia. A libélula foi embora quando o ônibus parou, nenhum passageiro subiu, mas um gato branco de rabo cinza entrou, ninguém além de Dália pareceu notar isso.
Andando com um ar elegante, o gato pulou em seu colo, a garota ficou encantada e decidiu acariciar o felino, ela amava gatos e foi bom ter um bichinho desses tão perto e tão manso. Enquanto fazia um carinho no animal, os olhos da menina começaram a pesar, antes dela cair no sono um brilho preto e branco surgiu em sua visão, sua mente não teve tempo de pensar nisso, pois caiu no sono.
Quando voltou a abrir seus olhos, Dália notou não estar mais no ônibus, mas num beco entre dois prédios. “Finalmente não é mais uma floresta!”, pensou. Olhando ao redor, ela percebeu que Gia não estava por perto, isso era estranho, a fada era sua guia então não deveria estar sempre com ela nas viagens para outros mundos? Deixando esse questionamento de lado, ela decidiu sair do beco.
Ao chegar no final do beco, Dália reparou nas vestimentas das pessoas andando por ali, eram uma mistura da época vitoriana e renascentista com ornamentos mecânicos, detalhes de engrenagens e metal eram colocados junto das roupas, sapatos e cartolas.
A jovem achou aquilo estranho, além disso, outra coisa lhe chamou a atenção. Os prédios ao seu redor pareciam antigos, de uma época antes da sua, mas ao invés de estarem deteriorados pelo tempo, estes pareciam novos como se acabassem de ser construídos. Enquanto observava o local, um barulho de zumbido se fez ouvir, olhando para os lados ela não viu nada compatível com o som, então algo se chocou contra a lata de lixo do seu lado.
– Ai! - Uma voz conhecida exclamou.
– Gia? - Girou o corpo na direção da fada.
– Ai, isso doeu. - Choramingou.
– Você tá bem?
– Vou ficar. - Respondeu finalmente voltando a voar.
– Tem alguma coisa diferente em você. - Disse não sabendo exatamente o que estava diferente.
– Não acredito que alguém com tão pouca magia como você reparou. Eu sou um clone da Gia.
– Como assim?
– Ela se dividiu para conseguir procurar por você, já que você não apareceu no lugar certo.
– Eu não devia ter vindo pra cá?
– Não. - Balançou a cabeça.
– Então por que estou aqui? Quem me mandou pra cá?
– Não sei, mas os meus poderes estão sofrendo interferência, é melhor esperarmos aqui.
Dália concordou com a cabeça e olhou novamente para rua, numa esquina do outro lado ela viu o gato branco de rabo cinza.
– O gato, aquele gato! - Apontou.
– O que tem ele?
– Ele estava comigo antes de eu vir parar aqui.
– É mesmo? Que estranho.
– Parece que ele quer que a gente o siga. - Disse ao ver como ele tinha o corpo virado numa direção e a cabeça inclinada de modo que pudesse olhar para a menina.
– Vai ficar querendo. Nós vamos ficar aqui! - Respondeu firme.
Dália continuou olhando para o animal, depois olhou para Gia e voltou a mirar o gato, decidida, ela começou a dar passos na direção do felino.
– Ei! Espera! Não!
– Eu tenho que ir!
– Eu não vou conseguir te acompanhar!
– Mas eu preciso ir!
Quanto mais se afastavam do beco, mais Gia se tornava translúcida até que finalmente desapareceu. Dália continuou seguindo o animal até parar num mural cheio de cartazes, mas um em especial lhe chamou a atenção, era um de procura-se com a imagem de um gato cinza listrado. Lendo as informações do cartaz, ela descobriu que o gato se chamava N°2, havia uma recompensa para quem encontrá-lo e o endereço do local onde ele deveria pertencer.
– Você quer que eu o procure? - Perguntou movendo a cabeça para baixo, mas o gato branco tinha sumido. ‐ Vou considerar isso como um “sim”.
Pegando o cartaz, Dália olhou ao redor procurando por pistas. O local onde estava era cheio de prédios comerciais, alguns poucos deveriam ser de moradia. Vendo um comerciante fazendo propaganda de seus produtos na frente de uma loja, fez com que decidisse buscar informações com ele.
– Como vai, senhorita? Vejo que tem bom gosto, que tal comprar essa linda vitrola? Ou quem sabe, algo mais delicado como uma caixinha de música?
– Desculpe, eu gostaria apenas de fazer uma pergunta.
– Oh, pois bem, pergunte.
– O senhor viu esse gato? - Mostrou o cartaz à ele.
– Oh, é o gato da senhora Cadme, ele faz algumas entregas por aqui, mas desapareceu já tem um tempo.
– Quando foi a última vez que o senhor o viu?
– Mais ou menos um mês e meio, foi pouco antes dele ser dado como desaparecido.
– Você disse que ele fazia entregas.
– Ah sim, é um sistema de entregas com gatos, um diferencial do Grupo Cadme.
– Pode me dizer qual era o caminho que ele fazia?
– Isso é um pouco difícil, ele fazia muitas rotas, este bairro é um dos seus pontos, mas ele andava por todos os cantos.
– Sabe me dizer se a senhora Cadme tem algum inimigo?
– Ela é uma mulher rica, deve ter muitos atrás de seu dinheiro ou de derrubar a sua empresa.
– Entendi. Saberia me falar se os gatos gostam de ir em algum lugar?
– Hã, talvez para a casa da Sra. Cadme? - Respondeu em dúvida. - Eu nunca pensei nisso.
– Certo. Obrigada.
– Disponha. Certeza de que não quer comprar nada?
– Tenho sim, obrigada. - Saiu dali.
A conversa com o comerciante foi boa, mas não o suficiente para conseguir grandes pistas, ela deveria procurar em outros lugares, mas onde? Enquanto tentava ter uma ideia de onde ir, ela viu um homem alto com orelhas pontudas, muito igual as histórias de seres mágicos que via e ouvia. Ela correu até ele.
– Ei, elfo! Espera!
O homem parou imediatamente e a olhou com raiva.
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As Aventuras de Dália
AdventureDurante uma tarefa entediante, Dália acaba caindo no sono, mas diferente de quando dorme, uma sensação de flutuar tomou conta do corpo dela. Acordando num outro mundo, a menina enfrenta desafios numa torre misteriosa e ganha um anel mágico. Usando o...