Capítulo 02 - Tire suas mãos daí!

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– Mas que garota sem educação! Não se sai por aí dizendo coisas assim! Por acaso eu te chamo de “humana”? É uma falta de respeito!

– Ah, desculpe, eu não queria ofender.

– Está desculpada, mas cuidado com suas palavras. 

– Certo, desculpe de novo. - Respondeu pensando que realmente deveria tomar cuidado com o que fala. - Mas, sabe, você é o primeiro elfo que eu vejo, não que seja uma desculpa ou qualquer coisa assim.

– Então, você realmente não é daqui. - Disse olhando-a de cima a baixo. - Eu sei que minha espécie não é muito bem-vinda ou disseminada por aí, mas ainda assim não diga coisas como aquela, principalmente aqui onde vai encontrar vários tipos de seres.

– Entendi. Mas o senhor poderia me ajudar em algo?

– Depende, o que seria?

– Gostaria de informações sobre esse gato. - Mostrou o cartaz.

– É um dos gatos da Liz Cadme, ele faz entregas por aí.

– Mais alguma coisa?

– Ele sumiu faz um mês e meio, eu acho. É só isso que eu sei.

– Certo, obrigada e desculpa de novo.

– Só não repita isso. - Fez uma pequena reverência antes de se afastar.

Dália o observou partir. Com o canto do olho percebeu um grupo de garotos olhando em sua direção murmurando e rindo, ela não gostou muito, mas decidiu ir até eles. Ao se aproximar, notou que os meninos tinham entre 14 à 17 anos e todos se moveram para conseguirem vê-la de algum ângulo. 

– Ora, ora, o que temos aqui? - Comentou o menor dos garotos. - O que uma jovem senhorita está fazendo aqui?

– Vim fazer algumas perguntas. 

Os rapazes se entreolharam, deram sorrisos e fitaram a garota com diversão, o mesmo garoto de antes respondeu. 

– E qual seria a pergunta?

– Vocês viram esse gato? Sabem onde posso achá-lo?

– Mais uma atrás da recompensa. - Disse um rapaz de olhos pequenos.

– Tem muita gente atrás dele?

– Sim, mas a maioria parece estar sem esperança. - Respondeu o menor dos garotos, que Dália supôs ser o líder. 

– Por que estão sem esperança?

– Porque ninguém acha pistas. - Aos poucos o líder se aproximou dela.

– Talvez estejam procurando no lugar errado.

– É uma grande possibilidade. - Comentou ficando lado a lado com ela.

– E vocês têm alguma pista pra me dar? Que me mande pro lugar certo?

– Detesto decepcionar as pessoas, mas infelizmente não temos nada. - Respondeu passando o braço pelos ombros dela.

– Que pena. - Disse afastando o braço dele. - Mas talvez algo que vocês não acham que é uma pista, pode acabar ajudando ou quem sabe vocês conheçam alguém que saiba de alguma coisa?

– A gente até sabe de muitas coisas, mas não exatamente sobre o que você quer. Eu diria para não ficar preocupada, talvez o destino do gato seja não ser encontrado. - Enquanto ele discursava, Dália sentiu ele tentar abrir sua mochila. 

– Ei! - Gritou. - O que você pensa que tá fazendo?!

– Nada, nada. - Levantou as mãos. 

– Você tentou me roubar! - Acusou irritada. 

– Quem? Eu? Claro que não. 

Antes que Dália pudesse continuar gritando e brigando com ele, uma menina um pouco mais velha saiu do prédio ao lado e gritou:

– Tony! Deixe essa senhorita em paz!

– Eu não fiz nada, Elisabeth! - Retrucou o líder, ou melhor, Tony.

– Então por que ela tava gritando com você?

– Foi apenas um mal entendido. - Sorriu. 

Dália se afastou dos meninos e foi até Elisabeth, talvez ela pudesse lhe ajudar.

– Obrigada por isso, senhorita. - Agradeceu pensando em ser gentil. - Eu só fui fazer uma pergunta a eles.

– Eu peço perdão pelo comportamento deles.

– Ah, tudo bem. Mas sabe, eu gostaria de fazer uma pergunta a você, por acaso viu este gato?

Elisabeth arregalou os olhos ao ver o cartaz, depois, enquanto olhava para os lados, ela falou.

– Não, não vi.

Dália estreitou os olhos desconfiada. 

– E não sabe de nada sobre o desaparecimento dele?

– Não. - Negou com a cabeça. - Só sei que sumiu. Agora, se me der licença. - Disse já dando um passo para trás e outro olhar pelos arredores. 

– Espere! Tudo bem não saber nada do gato, mas poderia me dar um pouco d'água? Estou com sede e gostaria de beber algo antes de ir.

– Hum. - Murmurou apertando os lábios. - Tudo bem, venha comigo. 

Dália reprimiu um sorriso, não deveria deixar que a outra descobrisse que caiu em sua armadilha. Entrando no prédio, a mais nova notou que o lugar era um orfanato, um bem precário com rachaduras na parede, móveis desgastados e goteiras. Ficando muito satisfeita quando chegaram na cozinha e não tinha nenhuma criança por perto para atrapalhá-las, ela colocou em prática o seu interrogatório. 

– Não quero ser chata, mas você tem certeza de que não sabe nada do gato?

– Tenho. - Respondeu rápido demais.

– Olha, eu não quero fazer mal ao gato, só quero encontrá-lo. - Disse numa voz gentil.

– E quanto a recompensa? - Perguntou estreitando os olhos desconfiada.

– Eu não me importo, você pode ficar com ela se quiser. - Deu de ombros. 

– Eu não quero o dinheiro. 

– Mas quer ajudar o gato, né? - A mais velha não respondeu. - Eu quero ajudar o gato e é isso que vou fazer, só quero encontrá-lo e garantir que esteja seguro.

Elisabeth ficou quieta por alguns segundos antes de olhar em volta e sussurrar:

– Não sei onde ele está, mas se quiser procurá-lo, sugiro que comece pelas favelas, o N° 2 ia muito lá.

– Como faço para chegar lá?

– Vá para o centro e pegue um bondinho, ele vai reto por um longo caminho antes de virar, desça na primeira parada depois de virar e vá pela direita ao descer.

– E como eu chego no centro? Eu não sou daqui. - Explicou dando um sorriso amarelo. 

– Assim que sair daqui, vá pela direita e vire na primeira à esquerda, siga reto até chegar ao centro. 

– Certo. Obrigada. 

– Disponha.

As Aventuras de DáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora