Aventura 5: Dália e o herói desconhecido

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Capítulo 01 - VOU CAIR!!!!!!!!!!!

Dália estava com raiva, um mês inteiro e nada de outra aventura, ela nunca tinha passado tanto tempo sem viajar para outro mundo e isso a deixou irritada, principalmente com suas aulas de esgrima. Para quê fazer aulas se não ia viajar? Claro, ela sabia que eventualmente iria ser chamada e não deveria se desfazer das aulas tão fácil assim, mas por que tanta demora? 

De qualquer forma, ela teria que esperar, não só a sua próxima aventura, mas o ônibus que a levaria para as aulas de esgrima. Sentada no banco do ponto, Dália ouviu um barulho estranho, ela não sabia o que era, mas a lembrava do bater de asas. Após ouvir o som, ela começou a ficar com sono e uma parte de sua mente ficou feliz, pois conhecia muito bem aquela sonolência. Logo, adormeceu. 

Quando estava prestes a acordar, sentiu estar deitada em algo muito macio, parecia algodão ou algo igualmente fofo. Seus olhos foram se abrindo devagar e captaram o vislumbre de algo branco e nevoento, ao sentar esfregando os olhos, ela finalmente percebeu o que era aquilo ao seu redor. Nuvens. Estava literalmente sentada em nuvens. 

Seu coração começou a bater descontroladamente e seu corpo tremeu de medo, ela não tinha medo de altura, mas saber que estava sentada em nuvens lhe assustou.

– O que você está fazendo? - Gia interrompeu o começo de seu surto. - Levanta logo! Temos trabalho a fazer!

– Mas eu tô numa nuvem. - Respondeu. 

– Não se preocupe, você não vai cair.

– Tem certeza?

– Claro que tenho. - Rodou os olhos. - Anda, levanta!

Ainda meio incerta, Dália se levantou devagar e com calma, quando se convenceu de que seus pés pisavam firmemente em alguma coisa sólida, um suspiro saiu de seus lábios, mas ela ainda precisava caminhar. Dando um passo não muito confiante, ela sentiu seu pé em algo firme novamente, com mais outro passo, ela deu início a uma caminhada lenta até pegar confiança o bastante para andar em seu ritmo normal. Durante todo esse processo, Gia só a observou com um pouco de tédio em suas feições, mas quando a humana acelerou seu andar, a fada ficou satisfeita. 

Agora que o medo passou, Dália observava o local ao seu redor com um sorriso no rosto, ela estava andando em nuvens e isso era incrível! 

O branco nevoento tomava conta de tudo ao seu redor, mas uma construção ao longe apareceu, quanto mais se aproximava, mais conseguia perceber o quão grande era o prédio. Ao chegar perto o suficiente, a humana viu uma construção grande com colunas enormes e de aparência grega, bem no alto algumas palavras estavam escritas em letras douradas e em um idioma desconhecido. Subindo por alguns poucos degraus e passando pela entrada, Dália entrou numa grande e luminosa biblioteca. Admirada, ela olhava para todos os lados e percebeu algo estranho, as pessoas de lá pareciam translúcidas, a garota não entendeu o porquê disso e tentou não ficar encarando. 

– Olha só quem temos aqui! - Comentou uma mulher atrás do balcão na recepção. - Veio para devolver o livro?

– Não, hoje não. - Respondeu Gia pegando um cartão de uma bolsa em sua perna. Dália ficou impressionada, pois achava que a fada nem se lembrava daquela coisa.

– Ah, claro, deixe que se acumule mais 500 anos. - Disse pegando o cartão. 

Dália arregalou os olhos para a passagem de tempo comentada, seu olhar surpreso caiu em Gia, esperando que ela falasse alguma coisa em relação a isso.

– O importante é que algum dia eu vou devolver. Não sou uma das Anciãs atoa.

“Anciã?”, pensou, mas continuou quieta, apenas observando a interação das outras duas.

– Sim, claro. - A recepcionista rodou os olhos. - E o que veio fazer hoje?

– Viemos ler um livro. - Respondeu.

– Certo. - Estreitou os olhos não muito confiante nas palavras de Gia. - Bem, boa leitura. - Desejou entregando de volta o cartão. 

– Até mais! - Despediu-se a fada. 

Dália apenas deu um sorriso amarelo para a recepcionista e seguiu Gia. 

– Quantos anos você tem? E quantas pessoas conhece? - Perguntou. 

– A resposta para ambas perguntas é: o suficiente para me causar muita dor de cabeça! - Não deu mais detalhes e parte da mais nova já esperava por algo assim.

– E quanto a coisa de Anciã? - Questionou enquanto subiam uma longa escada.

– Sou uma das Anciãs daqui e de alguns outros lugares.

– E o que isso significa?

– Significa que ela é muito velha! – Gritou a recepcionista de longe. – Mais velha que o livro mais velho daqui e isso já é muita coisa!

– Você não precisa saber disso agora. – Depois de parar de voar, pousando no corrimão e deu um suspiro, Gia falou e voltou a voar.

A criança olhou a interação delas, ficando impressionada com as novas informações e em como a recepcionista as ouviu de tão longe. Novas perguntas começaram a juntar-se em sua cabeça, mas ela continuou quieta, preferindo apenas seguir a fada em silêncio.

Após subir as escadas, Dália se encontrou num lugar cheio de estantes, todas elas muito altas e com uma identificação, mas era difícil entender o que estava escrito devido às letras que se moviam e mudavam de forma. 

– Muito bem, escolha um livro. - Anunciou Gia. - Qualquer um.

– Pra que?

– Para entrarmos nele. 

– Por que entrar?

– Para vivermos a história dele.

– Mas por quê?

– Só faz o que eu tô mandando, menina! - Respondeu já perdendo a paciência.

– Tá bem, calma! - Retrucou. 

Analisando as estantes, Dália confirmou para si mesma que todas ao seu alcance eram diferentes, uma possuía vinhas e flores, outra era tomada por engrenagens o que a lembrou de sua última aventura, mas uma estante em especial lhe chamou a atenção. A estante era feita de marfim e sua construção lembrava muito a da biblioteca, Dália decidiu ir por ali. Haviam muitos livros, a menina não sabia qual escolher, ela passou um tempo olhando as lombadas e inscrições nelas antes de decidir pegar um livro aleatório na altura dos olhos. Assim que estendeu a mão, um livro acima de sua cabeça começou a brilhar em azul-néon, achando intrigante, a jovem mudou sua escolha e, ficando na ponta dos pés, pegou o livro brilhante. 

– Gia! - Chamou vendo o brilho começar a diminuir. 

– Vejo que já escolheu um, ou melhor, você acabou sendo escolhida. 

– É, acho que sim. - Comentou. - “A lenda do herói desconhecido”. - Leu o título, que agora era visível com a falta de brilho. 

– Parece bom. Bem, venha, vamos para uma sala de leitura. 

A mais nova concordou com a cabeça e a seguiu. Durante seu caminho, ela viu uma menina esperando por alguém, as roupas dela eram muito semelhantes às de seu mundo, deixando-a com a  impressão de que poderiam realmente ser do mesmo mundo, a única grande diferença entre as vestimentas delas era que a desconhecida usava roupas chiques e elegantes. 

Pensando em bater um papo, tentou se aproximar dela, mas assim que a menina a viu, apenas fez uma careta e se afastou. Dália sentiu-se um pouco insultada com aquilo, tomada pela indignação, ela mostrou a língua na direção em que a desconhecida foi. 

Decidida a ignorar aquilo, voltou a prestar atenção ao caminho que fazia, percebendo que ela e Gia passaram por duas salas de leitura, uma mais sofisticada do que a outra, mas nada se comparava a terceira sala. Até mesmo a entrada para a terceira área era mais elegante, com detalhes delicados e ricos, entrando ali, Gia indicou uma mesa para a humana se sentar. 

Dália se acomodou e abriu o livro, assim que fez isso sentiu um puxão na direção do livro, parte dela achou que iria bater a cabeça na mesa, mas não foi isso que aconteceu.

As Aventuras de DáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora