Capítulo 05 - Você de novo!

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– Você ainda pode aceitar a minha oferta. - Disse com um sorriso amarelo e dando de ombros. 

– E a minha resposta continua a mesma. Anda, pode passar. 

– Espera! Você sabe de algum ponto que pára perto da casa da Sra. Cadme?

– É o primeiro numa rua cheia de mansões, mas por que você quer ir lá?

– Preciso ver uma coisa. 

– Certo. - Respondeu não muito convencido. 

Dália sorriu e procurou um lugar para sentar. Novamente, a viagem foi tranquila, mas desta vez ela não teve que se preocupar com os olhares dos outros passageiros, o que ocasionou uma melhor chance de apreciar a paisagem. Logo, o cais desapareceu, as ruas voltaram a ser tomadas por casas modestas e alguns comércios diversos. E então a menina notou que estava começando a escurecer, era a primeira vez que ficava tanto tempo em um outro mundo.

Quando casarões começaram a aparecer, Dália notou que não saberia como entrar na casa de Cadme, e se ninguém caísse na sua lábia? E se houvesse seguranças por toda parte? Ela começou a ficar nervosa. Quando o bondinho parou, o motorista fez questão de chamá-la e indicar a casa certa, de cores azuis e portão dourado com um “C”, antes de desejar-lhe boa sorte. Andando por duas ruas antes de encontrar o lugar, ela se aproximou dos portões sem saber o que fazer, foi então que um guarda apareceu. 

– Ei, menina, o que está fazendo aqui?

– Ah, eu só queria falar sobre os gatos da Sra. Cadme.

– Os gatos? Ah, bem, você deveria ter ido até a fábrica, eles nunca vêm aqui.

– Ah, é mesmo?

– Sim, dizem que tem um local só para eles lá. 

– Sabe como eu chego lá?

– Se você correr deve conseguir pegar o bondinho, ele deve estar fazendo a volta agora. Tem um ponto duas ruas atrás. - Apontou com o polegar para os fundos da mansão, indicando o caminho por onde deveria ir. - Ele vai te deixar bem em frente da fábrica. 

– Certo. Obrigada. 

Dália mal ouviu o “disponha” do guarda, ela já tinha saído correndo para chegar a tempo. Ela chegou no ponto bem na hora que o bondinho parou, o motorista pareceu surpreso e um tanto frustrado. 

– Fala sério! Acabei de te deixar a um minuto atrás!

– Pois é, mudança de planos. - Respondeu um pouco ofegante.

– Para onde vai agora?

– Para a fábrica da Sra. Cadme.

– É, eu passo por lá. Entra.

Mesmo tendo muitos lugares disponíveis para sentar, Dália decidiu ficar perto do motorista e conversar com ele, achava que depois de tudo eles mereciam bater um papo. 

– E então, como vai o trabalho?

– Normal, só uma passageira irritante que aparece e entra sem pagar, ela ainda vai me levar à falência. 

– Ei, eu posso te pagar, você que não aceita.

– E continuarei assim.

– Mas sabe de algo que me impressiona? Você é o único motorista que eu vi.

– É porque você só pegou a minha rota.

– Sorte a minha.

– E azar o meu. - Respondeu encolhendo os ombros. 

Dália sorriu, ela definitivamente gostou dele.

– E quantas outras rotas existem?

– Tem mais três, cada uma vai para um ponto da cidade.

– E vocês não trocam de motorista?

– Só a noite.

– Entendi. A propósito, sou Dália e você?

– Carlos. 

– Muito prazer. - Fez um intento de reverência, o que fez o homem abrir um pequeno sorriso de diversão. 

– Me diz, por que está tão interessada na Sra. Cadme? - Perguntou com o sorriso sumindo. 

– Eu estava à procura do gato dela.

– “Estava”?

– É, eu mudei de planos. Sabe me dizer quantos gatos ela tem?

– Tem cinco, apesar de existirem rumores sobre um sexto, mas ninguém foi capaz de comprovar.

– Sério?

– Sim, alguns dizem que o viram, mas toda vez que tentam mostrar para alguém não dá certo, mesmo articulando um plano para isso. O gato nunca aparece. 

– É tipo uma teoria da conspiração. 

Carlos deu uma olhada rápida para ela, o semblante dele parecia confuso, Dália pensou que provavelmente não existia aquele termo nesse mundo.

– O que você pode me dizer da Sra. Cadme?

– Ela é uma mulher rica com uma boa fama. - Suspirou. - Mas existem alguns rumores. 

– Como assim?

– Ela é arrogante e esnobe, age como se fosse superior a todos e odeia quando as coisas não saem como ela quer. Há muitas reclamações de funcionários, mas por sorte ela não aparece tanto perto da “ralé” por não querer ser vista com eles. Alguns dizem até que ela maltratava os próprios filhos, é por isso que a maioria deles saiu da cidade.

– Nossa, isso parece horrível. - Disse, mas achou estranho o modo como ele falou.

– Sim. - Concordou de forma sombria. Isso só deixou a menina mais desconfiada, parecia que ele sabia mais coisas do que estava falando, como se ele soubesse que os rumores eram reais.

– Como você acha que ela trata os gatos?

– Nem consigo imaginar. - Balançou a cabeça. - Ela não tratava bem nem os filhos, quem dirá os gatos.

Dália apertou os lábios, ela não conseguia acreditar que estava pensando em entregar N° 2 para aquela mulher, por sorte teve uma boa conversa com o Sr. Murphy. Eles ficaram um tempo em silêncio até Carlos anunciar:

– Chegamos.

– Oh, mas já? Bem, acho que você não vai mais perder dinheiro. Adeus, Carlos. - Acenou. 

– Ei, espera! - Chamou antes que ela pudesse sair. - Vá pelos fundos e tenha cuidado. 

– Não se preocupe. - Sorriu confiante. Carlos franziu os lábios e deu um pequeno aceno de cabeça. 

– Boa sorte. - Desejou.

– Obrigada. - Acenou com a mão e saiu.

As Aventuras de DáliaOnde histórias criam vida. Descubra agora