Capítulo 02 - De onde veio o narrador?

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De alguma forma, a morena sentiu como se o seu corpo estivesse dentro de um elevador indo para baixo, mas sem nada para apoiar os seus pés até que de repente ela sentiu algo sólido e sua visão, que até então estava embaçada, voltou ao normal. Enquanto olhava ao redor tentando se situar, Dália ouviu uma voz acima de sua cabeça narrando:

– Heróis, Deuses e mortais, eles exploram um vasto reino, enfrentando desafios épicos como recuperar artefatos mágicos, confrontar criaturas lendárias e desvendar enigmas ancestrais, enquanto a magia e os deuses influenciam aqueles que buscam forjar sua própria lenda para ficar marcada na história. Todos que tentam caem no esquecimento e falham na missão. Será que você vai conseguir marcar seu nome na história? Ou vai ter seu nome esquecido para sempre?

Dália franziu as sobrancelhas, aquilo lhe era tão estranho, será que ouviria o narrador a cada passo que desse? Ela esperava que não ou acabaria enlouquecendo. Decidindo deixar esse assunto de lado, a menina olhou ao redor e percebeu estar num tipo de feira com aspectos da Grécia antiga. Ao dar o primeiro passo na direção da feira, notou que suas roupas mudaram, ela nunca tinha vestido uma toga antes, era algo estranho mas com o qual ela precisaria se acostumar. 

– Então, o que temos que fazer por aqui?

– Precisamos resolver aquilo. - Gia apontou para cima.

Uma rocha enorme pairava em cima de todos e nessa rocha havia uma outra cidade, mas ela estava em ruínas e os habitantes de lá pareciam vultos sem forma definida. Franzindo as sobrancelhas, percebeu que tinha uma visão excelente, ela tinha ganhado algum tipo de poder? Isso era incrível.

– Como é que eu vou chegar lá em cima? - Perguntou desanimada. 

– Talvez você ache alguma coisa por aqui. - Indicou com a cabeça a feira.

– Pode ser. - Deu de ombros. - Vamos dar uma olhada.

Enquanto caminhava, muitos vendedores sorriram em sua direção e lhe cumprimentaram, parecia que todos lhe conheciam e até perguntavam se ela tinha algo para vender ou se estava em alguma missão. Dália dava respostas vagas e tentava não parecer muito confusa, por que e como aquelas pessoas lhe conheciam? Ela ficou sem entender, mas não parou sua caminhada. 

Após várias lojinhas, ela se deparou com um estabelecimento com uma placa “Asas de Ícaro” e decidiu dar uma olhada. Dentro da loja existiam vários pares de asas e todas com cores diferentes, algumas lembravam asas de pássaros, outras de morcego, umas de borboleta, entre muitas outras. 

– Oh, clientes! - Exclamou alegremente um homem de barba branca. - Sejam bem-vindas! Desejam algum tipo especial de asas?

– Alguma com penas e não muito chamativa. - Pediu. 

– Eu tenho uma perfeita para você! - Respondeu ainda animado. - O que acham destas? - Perguntou as levando até uma seção de asas com penas, todas com aparência de asas de aves.

Passando o olhar por todas elas, Dália escolheu um par que a lembrava de alguma ave de rapina.

– Excelente escolha! - Pegou o par escolhido. 

– Como se usa? - Perguntou a garota. 

– É muito simples, leve até perto das omoplatas e elas vão se fixar automaticamente. Quando quiser tirar é só fazer o oposto, toque nelas, pense em tirar e puxe para afastá-las de suas costas.

– Entendi. Bem, eu vou levá-las. 

– Ótimo, ótimo! Custa apenas 200 dracmas. – Os olhos de Dália se arregalaram, como ela esqueceu que precisaria pagar? Como ela pagaria?

– Só um instante, sim? - Pediu com um sorriso torto.

Se afastando um pouco, abriu sua mochila e pegou todas as jóias que sobraram, bracelete, brincos, caixa de jóias revestida com pedras preciosas, ponderando sobre qual escolher, ela pegou o bracelete de ouro com safiras incrustadas. 

– O que acha de uma troca, senhor?

– E o que você teria para essa troca?

– Isto. - Mostra o bracelete que até então estava atrás de suas costas.

– Isso é muito bonito. - A expressão sorridente dele mudou para uma analítica. - Tudo bem, eu aceito. - Eles fizeram a troca. - Foi um prazer fazer negócios com a senhorita. Ah, e mais uma coisa! Não deixe as asas ficarem molhadas ou muito quentes, caso contrário, elas vão se desfazer. 

– Entendi. Obrigada. - Sorriu e saiu dali.

– Você foi uma grande idiota. - Acusou Gia quando estavam do lado de fora.

– O que? Por que isso agora?

– Porque você acabou de ser uma idiota!

– E por que eu sou uma idiota? - Perguntou já ficando com raiva.

– Porque aquele bracelete valia pelo menos mais três pares de asas! Você fez uma péssima troca!

– E por que não me avisou?!

– Eu não posso interferir nisso!

– Bem, não tinha como eu saber disso!

– É, mas você podia muito bem ter procurado algum lugar para vender o bracelete por um preço bom e depois ter voltado aqui!

– Íamos demorar muito tempo! - Defendeu-se tentando esconder o fato de que não chegou a pensar nisso.

– Você tem todo o tempo do mundo!

– Mas eu quero ir rápido! 

– É uma idiota mesmo. - Gia balançou a cabeça. 

Dália, ainda irritada, decidiu não continuar com essa conversa. Saindo da feira, procurou um local amplo e vazio onde pudesse alçar voo até a cidade flutuante. Levando as asas até suas costas, a jovem as sentiu grudar imediatamente em sua pele, o que era estranho, pois as asas passaram pelo tecido de sua roupa. 

A sensação que teve foi como se um novo par de braços surgisse em suas costas. A morena mexeu cada asa separadamente sentindo como se elas fizessem parte de seu corpo desde que nasceu, animada, ela queria voar logo, estava prestes a fazer isso quando uma mão segurou seu braço. Assustada, a garota olhou para a mulher que lhe segurava, era uma mulher idosa de cabelos brancos desgrenhados e olhos grandes.

– A ilha vai cair! - Exclamou. - Vai cair!

– Hã, tudo bem, calma. - Tentou retirar a mão dela, mas o aperto ficou mais firme.

– Você tem que impedir! Tem que impedir ou ela vai cair!

– Tudo bem, tudo bem, eu entendi. 

– Não! Não entendeu! Vai cair!

– Tudo bem! Como eu faço para impedir? - Sua pergunta fez o aperto em seu braço diminuir um pouco. 

– Você precisa ir às ruínas do antigo templo pegar o orbe, depois vá para a floresta em busca do metal vindo dos céus, por último vá ao templo dos deuses e peça a bênção deles. Só então vá até a ilha e não deixe ela cair. Ouviu? Não deixe cair!

– Não se preocupe, farei isso. - Respondeu com convicção. 

– Bom, muito bom. - Concordou com a cabeça antes de soltá-la e sair dali.

Dália viu a senhora se afastar gritando que a ilha iria cair, isso trouxe comoção das poucas pessoas por ali. Quando um grito ecoou ordenando pegar o oráculo, a idosa começou a correr como louca. “Ela é um oráculo”, pensou Dália surpreendida. 

– Espera, onde ficam as ruínas? Ou a floresta?! - Gritou na direção em que a senhora foi. - Ah, ótimo! Como vou chegar lá?

– Eu posso te levar. - Respondeu Gia.

– Você sabe onde fica?

– Sim.

– Como?

– Segredinho. - Piscou. - Vamos, cola comigo que é sucesso!

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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