Fazendo o que Carlos recomendou, Dália foi para os fundos da fábrica e procurou alguma entrada. Se esgueirando pelo local, ela encontrou uma porta de saída de emergência, ao testar viu que estava trancada. Olhando novamente para os lados, ela tirou a rapieira da mochila e usou para abrir a porta.
Colocando a rapieira entre o espaço da fechadura, empurrou com força o suficiente para causar um pequeno dano, permitindo sua entrada, a menina olhou para os lados e, ao não ver ninguém, entrou e deixou a porta encostada. Olhando o ambiente ao seu redor, a garota reparou em algumas escadas, uma de cada lado levando para cima e apenas uma levando para baixo, decidindo ir pela única diferente, se deparou com outra porta trancada.
Usando a mesma tática com a rapieira, abriu a porta e encontrou a sala do zelador, fazendo um biquinho de frustração, ela resolveu ir pelas outras escadas. Subindo silenciosamente até o primeiro andar, a garota tentou o mesmo truque para abrir a porta, mas não conseguiu, frustrada, ela caminhou pelo corredor e encontrou um mapa pregado na parede. Impressionada por achar tão facilmente um caminho que a levaria até onde os gatos ficavam, com um sorriso mais do que satisfeito, pegou a rota até o terceiro andar, pois era lá onde encontraria os gatos.
Voltando a subir as escadas em silêncio, ela chegou no terceiro andar sem problemas, mas não conseguiu abrir a porta que dava acesso a ele. Com um pouco de raiva já surgindo, Dália procurou outra forma de passar, encontrando uma janela, que conseguiu abrir, a jovem olhou para fora.
A escuridão já tinha tomado a cidade, as luzes dos postes iluminavam as ruas onde poucas pessoas passavam, não fazendo uma análise completa disso, só se certificou de que ninguém estivesse olhando para cima. Analisando ao redor da janela, a menina reparou que conseguiria chegar numa sacada ao lado, ela só precisava se segurar firme e não deslizar pelo parapeito.
Guardando de volta a rapieira, ela deu início a sua empreitada, com calma chegou na sacada e com alegria viu a janela dali aberta. Ao entrar, se deparou com um corredor e duas portas, encostando o ouvido em cada uma, a garota escutou passos numa delas e decidiu ir por aquela que não tinha barulho.
A porta a levou para um outro corredor que a levava até mais uma porta, que se abria para uma cozinha típica de empresas. Voltando pelo caminho que fez, resolveu entrar na porta onde ouviu passos, seria arriscado, mas deveria tentar.
Mais um corredor surgiu, mas diferente do outro, este tinha um pequeno rastro de sangue, sentiu o rosto empalidecer um pouco. O que tinha acontecido ali? De quem era esse sangue? De um dos gatos? De um humano? Mesmo não tendo respostas para suas perguntas, decidiu seguir o caminho do sangue, indo pela porta de onde ele parecia vir.
A sala onde entrou estava escura, mas ainda era possível ver seis gaiolas, três estavam vazias, mas as outras tinham gatos nelas, um gato preto, um siamês e um cinza sem listras. Imediatamente, tentou soltá-los, os animais ficaram quietos e a observaram curiosos. Usando a rapieira na primeira e terceira gaiola, libertou o N° 1 e o N° 3, mas antes que pudesse soltar o N° 4 um homem apareceu.
– Ei, o que está fazendo?! Você não pode libertá-los! - Puxou a garota pelo braço, por sorte não foi aquele com a rapieira.
Pensando rápido e imitando alguns filmes de ação que assistiu, Dália bateu com o punho da rapieira na mão do homem, fazendo com que ele soltasse o braço dela e desse uma exclamação de dor. Livre do aperto, tentou intimidá-lo com sua arma, mas ele só ficou mais irritado e partiu para cima dela.
Usando sua agilidade e tamanho pequeno ao seu favor, a garota desviou facilmente, deu voltas ao redor do maior e subiu na mesa onde estavam as gaiolas. Com a nova altura adquirida, ela usou novamente o punho da rapieira para acertar o homem, desta vez acertando a nuca dele e o fazendo desmaiar. Sabendo que não tinha tempo a perder, ela deu uma olhada rápida no homem pegando um molho de chaves que estava pendurado no cinto dele.
Na quinta chave, ela conseguiu abrir a quarta gaiola, os gatos miaram em contentamento, mas não durou muito. Ouvindo o barulho de que o desconhecido estava acordando, Dália pegou uma das gaiolas e jogou em cima dele, o homem voltou a desmaiar e a menina torceu para que ninguém tivesse escutado o barulho que ela causou.
– Vamos, gatinhos, vamos sair daqui.
Voltando para a varanda, a jovem estava pronta para pegar o caminho de antes, mas os gatos pensavam diferente e foram para outra janela do lado direito.
– Ei, não! Voltem aqui! - Nenhum deles obedeceu.
Sabendo que não deveria deixá-los sozinhos, a garota os seguiu. Sorrateiramente, eles se esgueiraram até o quinto e último andar com a jovem tendo que abrir as portas, por sorte nenhuma delas estava trancada, exceto a última.
As chaves que tinha não serviram, então teve que arrombar a porta usando a rapieira. A sala era um escritório com móveis chiques, tapete muito bem trabalhado e quadros de pintores desconhecidos nas paredes. Assim que a porta foi aberta, uma mulher com escamas no rosto levantou de sua cadeira.
– Mas o que está acontecendo aqui?! - Gritou.
Sem esperar por mais reações da mulher, os gatos foram até uma gaiola no canto da sala, lá dentro estava um gato malhado coberto de ferimentos. A meio caminho deles, Dália foi atingida no braço por um guarda-chuva.
– Quem é você? E o que pensa que está fazendo? - Exigiu Liz Cadme.
Sentindo raiva da mulher, juntou todas as suas forças para atacar o guarda-chuva e quebrá-lo ao meio, Liz deu alguns passos para trás assustada. Com pressa, a mais jovem pegou a gaiola com um dos braços, no seu caminho para fora da sala, ela balançou a rapieira na direção de Cadme, a mais velha recuou e começou a gritar:
– Você não vai conseguir sair daqui! Guardas! Guardas!
Dália não precisava de mais estímulo para correr a toda velocidade, ela decidiu sair pelo caminho de onde veio e ficou satisfeita ao ver que os gatos a acompanharam para a saída de emergência. Em sua correria para fora, ela conseguia ouvir os gritos de Cadme junto de ordens de outra pessoa e o barulho de passos apressados, parecia que um esquadrão inteiro estava vindo atrás dela, mas ela conseguiu sair da fábrica sem ninguém alcançá-la.
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As Aventuras de Dália
PertualanganDurante uma tarefa entediante, Dália acaba caindo no sono, mas diferente de quando dorme, uma sensação de flutuar tomou conta do corpo dela. Acordando num outro mundo, a menina enfrenta desafios numa torre misteriosa e ganha um anel mágico. Usando o...