Capítulo 1 - Madison

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A minha família era tudo que eu tinha, meus pais eram a minha referência nesse mundo. Eles haviam se conhecido ainda na faculdade, meu pai cursava direito e minha mãe literatura.

Certa noite após Betty, a melhor amiga de minha mãe insistir por horas para que ela a acompanhasse em uma festa de fraternidade, assim como eu, minha mãe não era do tipo que frequentava festas, acreditava ser perda de tempo, Betty conseguiu convencê-la a ir, com o pretexto de que minha mãe iria apenas assegurar que ela não terminaria a noite na cama de Brady, seu ex-namorado babaca.

Meus pais se conheceram naquela noite, ele fora à festa apenas para ajudar a Jonathan, seu melhor amigo, a conquistar a garota do prédio de literatura que havia tido seu coração partido pelo babaca do Brady.

Quando ele vira minha mãe chegando com Betty foi amor a primeira vista, eles nunca mais se separaram, meu pai adorava me contar a história do dia em que ele conheceu a mulher mais linda que seus olhos já haviam visto enquanto minha mãe dava risada e pedia para ele parar de me atormentar com aquela história velha é chata, mas eu adorava ouvir e sempre percebia suas bochechas corarem e o brilho em seu olhar quando meu pai contava sobre como ele roubara um beijo dela naquela noite.

Meus pais se formaram e minha mãe conseguira um emprego como professora substituta na Harper High School, uma escola de grande renome na Região e meu pai usou todas as economias que conseguira juntar enquanto trabalhava como estagiário e abriu um escritório com seu amigo de faculdade, nascendo assim a Madero & Bell Advocacia.

No início, foi difícil, mas eles conseguiram fazer o escritório crescer e, com o tempo, virou um dos maiores da região. Foi quando ele e minha mãe se casaram, com Betty e Jonathan Bell como padrinhos. Nesse período, minha mãe também havia se firmado como supervisora acadêmica na escola em que trabalhava.

Alguns anos depois, meu pai passou na prova para juiz e minha mãe havia se tornado diretora da HHS. Levavam uma vida boa e confortável, tudo estava saindo como o planejado, mas algo estava faltando.

Um filho.

Meus pais passaram anos priorizando as carreiras e quando se deram conta o tempo estava passado e apesar de todo dinheiro e recursos investidos minha mãe não conseguia gerar uma criança, a tristeza os assolou, mais ao contrário do que acontecia com muitos casais que se afastam quando isso acontece, meus pais se uniram ainda mais.

Um dia, umas das professoras da HHS sugeriu um projeto acadêmico que consistia em levar os jovens abastados da escola para visitarem um orfanato local e fazer uma tarde recreativa para as criancinhas órfãs, minha mãe concordou já que o projeto talvez trouxesse para eles um pouco de consciência de classe e foi assim que entrei na vida deles.

Eu acabara de completar 5 anos e aquele era meu segundo ano no orfanato, já ficara em alguns lares temporários, mas sem previsão de ser adotada. Eu não era o que os casais costumavam buscar quando se procura uma criança para adotar.

Era uma menininha negra, de cabelos cacheados, apesar da pouca idade, já não era considerada um bebê, vinda de uma família pregressa com histórico de agressão e abuso psicológico.

Confesso que não me recordo muito da minha família biológica e nem dos maus tratos que sofri estando com eles, acho que era muito nova e alguma parte do meu cérebro deve ter bloqueado tudo aquilo. Mas eu me lembro do dia em que vi minha mãe pela primeira vez.

Ela usava uma calça de alfaiataria na cor azul bebê e uma camisa social branca. Seu cabelo castanho estava preso em um coque banana e ela tinha os olhos verdes muito brilhantes e um sorriso muito gentil. Eu estava no pátio quando eles chegaram e ela foi a primeira a descer do ônibus escolar e veio logo cumprimentar a diretora do orfanato.

I'll Stand By YouOnde histórias criam vida. Descubra agora