Capítulo 3 - Zac

6 1 0
                                    

Caralho, essa foi por pouco!

Fazia 8 meses que eu estava vivendo ali às escondidas e essa foi a única vez em que cheguei perto de ser descoberto.

Havia ido até o quarto de Neil e Mary pegar uma muda limpa de roupas no closet de Neil, pois queria tomar um banho enquanto Madison estava dormindo. Quando estava saindo, ouvi passos na escada e ainda bem que consegui voltar correndo para o quarto. Betty veio sem avisar e pegou Madison desprevenida e a mim também, conseguia ouvir elas conversarem, teria de esperar Betty sair para que eu conseguisse voltar para o porão sem ser visto.

Já estava ficando entediado ali naquele closet, acho que iria começar a brincar de provar os ternos de luxo de Neil quando fui tirado de meus devaneios pela voz de Madison.

— Betty? — Droga, percebera a porta do quarto aberta. Prendi a respiração até que ouvi o barulho da porta sendo fechada. Ufa!

Vi pela janela Betty ir embora e, pelos sons dos passos de Madison tudo indica que ela estava voltando para seu quarto.

Aquela garota precisa de um pouco de vitamina D, passava os dias enfurnada naquele quarto. Esperei uns minutos até ter certeza de que ela não sairia mais, e saí lentamente. Eu já havia conseguido memorizar os hábitos dela, que não eram lá grandes coisas.

Sua rotina consistia em acordar às 16h após chorar até dormir, o que geralmente acontecia lá pelas 07h, engolir umas barrinhas de cereais, beber uns dois ou três goles de isotônico sabor maracujá e andar pela casa sentido pena de si mesma.

Parei na cozinha para ver o que Betty preparara, aquela mulher era uma excelente cozinheira e sempre fazia muita comida que Madison acabava não comendo e depois ia tudo para o lixo. Estava faminto, me servi com um pouco de ovos mexidos e bacon e rumei para o porão que virara o meu lar.

Liguei meu notebook, estava com alguns equipamentos na mochila quando tivera que fugir e graças ao bom Deus meu note era um deles, às vezes subia até o escritório do pai de Madison e usava o computador de lá, mas não gostava de me arriscar, apesar dos únicos cômodos da casa que ela frequente atualmente serem seu quarto, a cozinha e o banheiro que também fica em seu quarto. Porém, mesmo assim, eu não gostava de arriscar.

Na noite em que quase fui preso, eu consegui fugir por pouco, abaixei a guarda, me arrisquei e quase fui pego pelo Stabler.

Recebi uma ligação do MedStar Georgetown University Hospital avisando que era melhor ir me despedir, já que o estado de saúde da minha mãe piorara e ela não estava mais respondendo ao tratamento contra o câncer. Eu precisava ir até lá, mas o que eu não contava era que, na hora de ir embora, o hospital estaria cercado de policiais por conta de um atentado contra um juiz figurão e sua esposa.

Quando cheguei na recepção, dei de cara com ele. Nossa, aquele cara nunca terá outra chance daquela. O Hospital estava uma loucura, médicos, doentes, policiais e repórteres para todos os lados, então fugir não foi tão difícil como eu esperava e ficou ainda mais fácil ao ter conhecimento de como alterar as imagens das câmeras de segurança, fazendo os guardinhas assistirem a imagens em looping por horas até que eles percebessem.

Consegui me disfarçar como um dos caras do necrotério, fingi que estava retirando um corpo e segui até o estacionamento. Chegando lá, meu objetivo era encontrar um carro que estivesse destrancado, o que era fácil considerando que a maioria das pessoas chega ao hospital em desespero para serem socorridas e a última coisa em que pensavam era em trancar o carro.

Avistei um volvo prata que parecia ter saído direto da concessionária de tão novo, aliás, aquele modelo eu ainda nem vira nas ruas ainda. Abri a porta e apertei o botão para destravar o porta-malas, entrei tomando cuidado de colocar um calço para que não fechasse totalmente, era assim que eu iria sair dali. Eu só esperava que aquele carro não fosse de algum médico que tivesse acabado de entrar de plantão.

Alguns muitos minutos depois, ouvi as portas do carro se abrirem e se fecharem, o motor ligar e o carro se mover. Depois de algum tempo, o carro parou, o motor desligou, as portas se abriram e fecharam novamente. Abri o porta-malas e vi que estava em uma garagem grande e bem organizada. Além do Volvo recém estacionado, havia um Bentley e uma Harley-Davidson Road Glide CVO Limited. Depois de um tempo, resolvi entrar na casa e dar uma vasculhada. Vi que parecia vazia, a não ser por um choro desesperado que depois descobri ser de Madison. Algumas horas depois, descobri que ela era filha do casal de figurões assassinados que causara aquele alvoroço no hospital.

Decidi ficar por aqui por mais um tempo, a casa era grande e Madison continuou sozinha depois da morte dos pais. No começo, ainda recebia a visita de poucos parentes, depois, apenas Betty a visitava com frequência. Era o lugar perfeito para eu ficar, o FBI não iria desconfiar que eu estava aqui, eu não tinha ligação nenhuma com Madison.

A polícia até vinha até aqui, mas apenas para atualizá-la da investigação, porém, com o passar dos dias, as atualizações foram diminuindo até pararem.

Madison também parou de sair de casa, achei que isso iria ser um problema para mim, mas ela ficava o tempo todo trancada em seu quarto, não precisava ser nenhum psiquiatra para notar que ela estava com depressão, a ouvia chorar diariamente até pegar no sono e depois acordava com seus gritos devido aos pesadelos constantes que ela tinha. Apesar disso, coabitávamos nessa casa em perfeita harmonia, ela só não sabia.

***

Usei um login que havia hackeado de um dos servidores do FBI e consegui fazer alterações no sistema, a partir daí, foi só obter as credenciais e senhas dos arquivos que queria ver e, Voilà. A minha pasta com as últimas atualizações que eles tinham a meu respeito apareceu na minha frente. A princípio eles não sabiam de nada de novo, ótimo!

Muitas pessoas têm uma visão muito deturpada do que eu faço. Eu não sou um nerd de cabelo oleoso, que passa o dia na frente de uma tela, invadindo o computador de mulheres estranhas a procura de conteúdo íntimo para depois chantageá-las.

Usei um login que havia hackeado de um dos servidores do FBI e consegui fazer alterações no sistema. A partir daí, foi só obter as credenciais e senhas dos arquivos que queria ver e, Voilà. A minha pasta com as últimas atualizações que eles tinham a meu respeito apareceu na minha frente. A princípio, eles não sabiam de nada de novo, ótimo!

Muitas pessoas têm uma visão muito deturpada do que eu faço. Eu não sou um nerd de cabelo oleoso, que passa o dia na frente de uma tela, invadindo o computador de mulheres estranhas a procura de conteúdo íntimo para depois chantageá-las.

Se eu fizesse isso, talvez eu não estivesse nessa enrascada que estou, mas ao mexer com o governo, você acaba descobrindo coisas que te tornam mais perigosos que uma bomba atômica.

Depois da minha pequena invasãozinha no servidor da FBI, foi a vez de atender os meus clientes particulares. No passado, se uma pessoa queria fazer um servicinho sujo na internet, precisava entrar na Deep Web, a camada mais obscura e assustadora das redes, a procura de alguém que fizesse isso por você. Agora, bastava uma busca nos aplicativos de mensagens que aparecia alguém como eu disposto a te ajudar por uma quantia satisfatória de dinheiro, mas ainda assim eu possuía alguns escrúpulos e não aceitava qualquer tipo de trabalho.

Até um hacker precisava ter um pouco de caráter.

Joguei o notebook de lado e saí do porão a fim de levar o prato e copo que usara para a cozinha. A casa estava escura e silenciosa como sempre, eu me movia feito um fantasma pelos cômodos, já havia memorizado as posições dos móveis, então conseguia andar sem esbarrar em nada. Cheguei na cozinha, coloquei a louça na pia e comecei a lavá-la tranquilamente, até ouvir a voz de Madison. 

I'll Stand By YouOnde histórias criam vida. Descubra agora