Capítulo 17 - Zac

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De todas as reações que eu esperava de Madison um pedido de trégua com certeza não estava entre eles. Juro que imaginei que ela soltaria os cachorros em cima de mim e, na melhor das hipóteses, ela me mandaria embora sem nem me dar a chance de pegar minhas coisas antes. Mas foi o contrário disso, ela parece ter entendido que trabalharmos juntos é realmente melhor.

Estava parado ao lado dela. Fora buscar os temperos que ela havia cortado e, quando aproximei minha mão da tábua, nossas mãos se encontraram e uma sensação esquisita na boca do meu estômago apareceu.

Madison é uma mulher bonita, possuía uma pele rica em tons de ébano, com uma textura naturalmente radiante. Cabelos cacheados e volumosos. Ah, aqueles cachos! São cheios de personalidade. Morria de vontade de tocá-los e enrolar um cacho em volta do meu dedo. Seu nariz é delicado, com a ponta levemente inclinada para cima, que dá um toque único ao seu rosto. Sua boca é um verdadeiro convite, com seus lábios cheios e com contornos bem definidos. Quando ela sorri, todo o ambiente parece mais iluminado, pena que ela não faça muito isso. Eu já vi mulheres lindas aos montes, mas nenhuma delas me deixava assim, feita a porra de um adolescente punheteiro. Sério, assim que saísse daqui, precisaria urgentemente transar. A falta de sexo estava me deixando estranho.

— Acho que agora é minha vez de perguntar? — Resolvi falar alguma coisa antes que ela notasse que eu a encarava.

— Certo, o que você quer saber sobre mim que ainda não saiba? — Ela se afastou de mim, indo até a pia lavar as mãos.

— Me fale uma verdade. Tirando Betty, nunca vi ninguém vindo te visitar. Não tem amigos?

— Meus melhores amigos eram meus pais, Betty e Michael, mas ele fez faculdade fora, conheceu Eve e casou-se. — Ela se virou de frente para mim e encostou no balcão atrás de si.

— Mas seus pais e Betty não tinham tipo uns 50 anos? — Perguntei. Voltando para minhas panelas, despejando os temperos e deixando-os refogar com as cenouras e a carne.

— E daí? Elas eram mais legais e divertidas que as pessoas da minha idade. — Ela mastigou uma cutícula do dedão e algo me dizia haver mais ali.

— Você está dizendo que, mesmo sendo jovem, rica e bonita, ainda assim preferia passar seu final de semana com duas mulheres na casa dos 50? — Ela suspirou como se estivesse se rendendo.

— Os jovens do meu círculo social não gostavam muito de mim por conta da minha história. Então, eu meio que parei de tentar me enturmar. — Ela olhava para os pés ao dizer isso.

— Hm... Eu não sei se consegui entender muito bem! — Disse, para fazê-la falar mais.

— Assim que fui adotada, minha mãe me matriculou na escola onde ela trabalhava, achando que por ela estar sempre por perto e por conhecer todos o corpo discente seria mais fácil fazer minha integração. — respirou fundo — O que ela não contava era que pelas costas delas todas as crianças seriam extremamente racistas e elitistas comigo. — Ela colocou um cachinho que escapara do coque que fizera antes atrás da orelha. — Eles me chamavam de Vira-Lata.

— E sua mãe não fez nada? — Inquiri. Ela sempre falou com muito carinho dos pais, duvido que eles fossem do tipo que a deixariam passar por esse tipo de coisa.

— Eu nunca falei para ela. — Ela passou a mão pelo rosto.

— E por que não? — Peguei a garrafa de vinho e despejei um pouco na panela e deixei que a carne cozinhasse. Me aproximei de onde ela estava para lavar minhas mãos também.

— Você tem noção do medo de que tinha que causar qualquer problema para eles? — Ela explicou com a fala meio exasperada, era como se mesmo agora com eles mortos ela ainda sentisse medo de causar problemas — Além disso, eu já vinha de uma família que me deixava em casa sozinha e com fome por dias enquanto eles iam para festas e se drogavam, no orfanato eles nos trancavam em pé no armário de vassouras sem comer ou ir ao banheiro por horas caso fizéssemos algo de errado, não me entenda mal, mas aquilo que fizeram comigo no colégio não foi nada. Eu não precisava de amigos, eu precisava de uma família e eu tinha isso com eles aqui, entende? — Ela abaixou a cabeça e ficou assim mirando os próprios pés por alguns minutos, então completou. — Sabia que, se contasse para minha mãe, ela faria tudo para evitar aquela situação, mas eu sabia o quanto ela gostava daquele trabalho e não queria arruinar isso. — Ela deu de ombros como se aquilo não importasse.

I'll Stand By YouOnde histórias criam vida. Descubra agora