Capítulo 14 - Madison

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Prometi a mim mesma que não ia me abalar por aquele apelido, mas o modo como ele o pronunciava e o jeito como me olhava faziam eu me sentir estranha e os pelos da minha nuca se eriçarem. Ele me deixava... Nervosa!

Precisava estar concentrada para ler os arquivos e ali, sob o olhar dele, eu não conseguiria, deixei-o sozinho na cozinha e fui para meu quarto.

Já havia lido todos os depoimentos, ninguém no restaurante viu ou falou nada de relevante. Todos repetiram praticamente o mesmo: nossa família era frequentadora assídua do local, éramos educados com os garçons e dávamos boas gorjetas.

Passei para o próximo arquivo, eram as gravações da câmera de segurança da saída do restaurante. Estava com receio de se devia ou não assistir, mas eu estava em busca de respostas, não estava?

Dei Play. Adiantei o vídeo para o momento exato em que meu pai sai, entrega o ticket para o Vallet, ele sai para buscar o carro dos meus pais, minha mãe aparece e se aproxima do meu pai, ele se vira para ela e ambos conversam tranquilamente na calça, exatos dois minutos se passam e uma caminhonete preta surge, abaixa o vidro, mas a qualidade do vídeo não é das melhores, então não conseguia ver o rosto do atirador nem do motorista, ele efetuou o primeiro disparo, a bala atravessa as costas do meu pai e acerta minha mãe que estava um pouco atrás, ele continua a atirar, os dois já estão no chão imóveis, o carro acelera e sai, algumas pessoas saem do restaurante assustadas, o Vallet volta com o carro. O vídeo termina.

Minhas mãos tremiam. Eu realmente não estava preparada para ver aquele vídeo. As lágrimas caíam pesadamente pelo meu rosto, um soluço se forma em minha garganta. Aquelas imagens nunca mais sairiam da minha mente.

Meus pais, caídos em uma poça do próprio sangue, sem vida. Repentinamente, o ar começou a ficar pesado, não conseguia mais respirar, precisava sair dali depressa.

Peguei meu celular, vesti um moletom e desci as escadas indo até a cozinha. Essa seria uma ótima hora para ir ao mercado. Zac não estava mais lá e não estava a fim de ir até o porão fazer uma visitinha. Mandei uma mensagem pedindo a bendita lista de compras.

Passados alguns minutos, ele me enviou uma lista relativamente grande para duas pessoas por três dias. Será que tinha outra pessoa escondida lá embaixo com ele? E para que ele queria um aparelho de barbear? Estava fugindo do FBI e ainda assim se preocupando com a aparência. Pensei que os fugitivos deixassem a barba crescer justamente para auxiliar no disfarce, pelo visto ele não.

"Pedi uma quantidade que acredito que dure, pois quero que você continue comendo comida de verdade quando eu for embora, cachinhos — Aquela porra daquele apelido ridículo. — E o aparelho de barbear é para as suas pernas, reparei estarem um pouco cabeludas quando a impedi de se jogar do terraço." — Filho da puta!

Realmente, eu estava um pouco descuidada, mas era compreensível depois de tudo, a última coisa em que pensava era em me depilar. Mesmo assim, ainda digitei uma série de xingamentos e apaguei, digitei novamente e apaguei, até que me surgiu a resposta perfeita.

"Acho que vou ligar para o FBI. Talvez você não se importe tanto com as pernas cabeludas dos presos da segurança máxima. 🖕🏽"

O ouvi gargalhando enquanto saia.

A interação com Zac me distraiu um pouco, mas as imagens que acabara de ver ainda estavam vívidas em minha mente. A ideia de sair de casa me ajudou um pouco. Enquanto dirigia até o mercado, pensei em tudo que Zac me falara ontem no terraço sobre a polícia talvez estar encobrindo algo ou alguém e o que eram aquelas partes do inquérito policial ocultadas. O que a polícia estava escondendo?

I'll Stand By YouOnde histórias criam vida. Descubra agora