Nada tem sentido,"que merda é essa?" É o único pensamento que surge em minha cabeça ao ver isso em minha frente, não sei exatamente como descrever,estou encantada com a beleza do lugar.
Há minha frente vejo um tipo de árvore extremamente gigante,e em seus galhos não há folhas nem flores, mas sim portas coloridas, isso mesmo, portas penduradas no final de cada galho.
O céu ainda é colorido com as cores do universo, a grama é alta e muito verde.
Olho ao redor e uma coisa me chama atenção: várias estátuas de gelo no formato de pessoas, vou até uma delas e reconheço o rosto com uma clara expressão de espanto:Pedro, observo as outras estátuas e todas tem a estrutura física de um de meus companheiros.
-LUNA, CORRE!-Escuto a voz de Alan e me viro em sua direção, ele está se transformando em gelo,e gritando de dor, tento correr até ele mas estou paralisada.
-Estava te esperando gêmea escolhida,impressionante você ainda não ter congelado.-Ouço uma voz desconhecida serena e feminina,tento me mecher mas é em vão.
Algo começa a se materializar em minha frente, uma mulher, cabelos longos e brancos, pele clara e radiante,beleza de sobra e...uma calda...?Sim, uma calda, uma sereia acabou de surgir na minha frente e o primeiro pensamento que vem a minha cabeça é: "Como assim ela tá fora da água sem morrer asfixiada?minha infância foi uma mentira" Pode até parecer um pensamento infantil, mas onde já se viu uma sereia fora da água? FOCO LUNA, DEIXA DE SER OTÁRIA, SEUS AMIGOS ESTÃO CONGELADOS, VOCÊ TEM QUE SALVÁ-LOS, me dou um tapa mentalmente e tento me concentrar em uma forma de ajudar.
-Quem é você?-Pergunto e deixo um pouco de desespero transparecer em minha voz.
- Pode me chamar de Candy.-Diz ela com um sorriso malicioso no rosto mas não consigo levá-la a sério, como assim Candy? Quem chama "Doce"?
-Do que estas a rir?
-Nada não.
-Não me faça de palhaço criatura inferior.-Ela diz séria e me olha de um modo que não consigo encará-la, meu corpo começa a doer de um modo insuportável, eu e a minha mania de rir nas horas erradas!
- Acho que já está bom, não posso te matar agora; afinal todos temos a chance de tentar sobreviver.
-E o que eu faço para salvar meus companheiros?
-Um teste.
-Que tipo de teste?
-Cada uma destas portas irá te levar há um lugar diferente, onde você terá que trazer de volta o espelho do medo que é protegido por um ser e libertar sua transformação.
-Transformação?
-Pobre criança, tão inocente,na hora certa você irá descobrir, agora escolha uma das portas, Cada uma delas contém um monstro superior há todos os outros que você terá que derrotar para me trazer o espelho e consequentemente salvar seus amigos, escolha sabiamente.
Não faço perguntas, meu instinto de salvar meus amigos e de me salvar fala mais alto que minhas dúvidas, observo cada uma das portas e tento escolher a menos macabra: uma porta rosa com desenhos fofinhos.
-Aquela rosa ali.
-Tem certeza?
-Sim.
-Não pode voltar atrás...
-Tenho certeza.
-Está feito,só que eu esqueci de lhe avisar uma coisa...
-O que?
-As aparências enganam.
Tudo fica escuro e me arrependo de ter escolhido a que aparentava ser menos perigosa,começo a suar frio será que vou sobreviver? E se eu não conseguir?
Me vejo caída sobre uma terra sem vida, o céu está vermelho,o sol extremamente quente, não há rios, derrepente minha boca seca,me lembro de uma garrafa com água que tenho trazido comigo por toda viagem,bebo um gole e deixo o resto para mais tarde,provavelmente não vou ver água tão cedo.
Me levanto e olho em volta, tudo que vejo são pedras e uma floresta de árvores secas, após a floresta há uma montanha, onde tem um grande e assustador castelo negro.
Provavelmente encontrarei o tal espelho lá, e provavelmente encontrarei minha morte também.
Começo a andar em rumo a floresta, suor escorre por minha testa e costas,o ar é seco e meus olhos lacrimejam a cada passo, sinto minhas pernas mais pesadas e minha cabeça lateja.
Entro na floresta e os espinhos e os galhos mortos das árvores machucam a minha pele, tento andar mais rápido mas é como se eu só pudesse andar nessa velocidade,começo a desanimar mas penso em meus amigos, respiro fundo e sigo em frente.
Vejo um vulto negro atravessar minha frente,depois outro, e outro, até que percebo que são urubus esperando minha morte.
Tento não dar atenção e continuo a andar em direção ao castelo, com medo, desesperada,triste e sozinha.
Engraçado é que a minha vida é exatamente assim,um lugar sombrio, com pessoas a minha volta que parecem inofensivas mas só querem minha morte e nada mais,pessoas que vem sorrateiramente e depois atacam quando estou fraca; sem contar que meu coração está idêntico a este lugar; uma seca cheia de coisas sombrias que um dia foram vivas, árvores mortas que precisam de água assim como meu coração precisa de amor, olho para cima com a mão sobre os olhos, o calor escaldante machuca minha pele assim como o frio que vive dentro de mim congela meus sentimentos.
Eu poderia me deitar e morrer aqui mesmo; mas tem tantas vidas em jogo, tantas vidas que a minha começa até ter um certo valor, por que sempre há tantas pessoas no caminho da minha morte? Por que tudo tem que ser tão difícil?
Lembro-me de uma música que um dia vi tocar em uma manifestação contra o governo quando era pequena,eu tinha apenas 8 anos mas me lembro exatamente de sua letra,na época eu pensava que era uma idiotice lutar contra o que não tínhamos chance, mas agora eu percebo que é exatamente o que estou fazendo.
Meus lábios se movem secos cantando baixinho.
"Somos todos livres,
Na verdade deveríamos ser
Mas uma escolha estragou tudo
Só nos resta crer.
Mesmo sabendo que não vai adiantar
Estamos a cantar
Cantando por nossas vidas
Com essa linda melodia
Precisamos de direitos
Somos humanos
Não podemos viver com medo
Lutaremos até o fim
Até o fim desta infelicidade
Lutaremos Até O Fim
Não importa se nos mate
Lutaremos até o fim
Até o fim."
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Teto de Vidro-Série dos três Reinos-Livro 1
FantasyLuna Scarlatti...um nome comum...para uma garota comum...em um mundo comum...bom,isso depende de que lado do espelho você está,pois se você estiver do outro lado, ela não será comum, ela será a única que poderá salvar collidium. Um passado perturbad...