Joker • PJM+JJK

8. vida longa ao Valete de Copas

There’s parts of me I cannot hide
I’ve tried and tried a million times
Cross my heart and hope to die
Welcome to my darkside
— Darkside, Neoni

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25.04.2023
09:45
2 meses antes do assassinato

O pensamento unânime entre todos na área criminal e investigativa é de que não existe crime perfeito. Não há formas de matar alguém sem deixar nem ao menos uma fibra de tecido, fio de cabelo, uma mancha. Algo sempre fica pra trás. E por menor que seja, por mais insignificante que pareça, até mesmo uma poeira diferente no local errado poderia revelar um crime.

Mesmo quando se usa todos os tipos de artimanhas conhecidas e desconhecidas pelo homem, há sempre uma forma de chegar ao culpado analisando o que quer que tenha ficado de rastro.

Era o que Jeon Jungkook acreditava e era o que lhe permitia ser tão pretensioso quanto ao seu trabalho. Era seguro de si porque jamais ninguém conseguiria fazer qualquer tipo de coisa ilegal sem deixar um rastro que ele pudesse encontrar por menor que fosse.

Afinal, ele garantiu sua reputação e se colocou no topo. Ele era o melhor, ninguém jamais estaria aos seus pés e ninguém jamais conseguiria passá-lo para trás. Seu ego inflado o fazia andar com a cabeça erguida no escritório, como se fosse o dono do mundo.

O fazia dar ordens com autoridade apenas para ver todos correndo para obedecer, adorava a atenção, amava seu palco. Ele gostava dos aplausos, venerava a si mesmo como um deus.

Mas quanto mais alto se sobe, é pior a queda.

E sua queda drástica se chamava Choi Hyeosung. Um homem com ficha criminal limpa, voluntário em um abrigo de animais, doador de sangue e pai de dois filhos, uma menina de 7 e um menino de 10. Era esposo exemplar de uma mulher que trabalhava como professora de ensino infantil em uma escola no bairro calmo onde moravam há mais de 15 anos.

Ele tinha quarenta e seis anos, fazia exercício físico regularmente e trabalhava como guarda noturno de uma galeria de arte na região. Era saudável, não tinha registros médicos que indicassem uso de qualquer medicamento e nunca apresentou problemas de saúde.

Fazia terapia regularmente e o prontuário do psicólogo afirmou que ele nunca apresentou quadros de depressão ou ansiedade, suas consultas regulares eram apenas o cumprimento de uma exigência do empregador.

Ele era um homem comum, com uma vida comum. Não tinha inimigos, não tinha pendências, não devia um centavo a ninguém. Choi Hyeosung era um cidadão de bem e pai de família.

No dia quinze de novembro de 2022, às oito da manhã ele saiu para sua caminhada matinal. Passou por cinco vizinhos e cumprimentou todos, parou para uma conversa despreocupada com uma vizinha que levava o cachorro para um passeio e em seguida seguiu seu curso. Entrou em uma loja de conveniência, comprou um energético e biscoitos doces.

Quando saiu da loja de conveniência, refez o trajeto de volta para casa. As câmeras de segurança das ruas e dos vizinhos flagraram cada segundo desse trajeto.

Mas o que aconteceu foi que, na volta, entre a imagem de uma câmera e outra, Hyeosung apenas desapareceu. Em um segundo estava lá e no seguinte não mais. Não havia uma câmera que pegasse naquele ponto cego, então eles foram até o local onde o homem sumiu e encontraram um muro de tijolos bem firme, que estava ali há mais de dez anos. Não havia portão, ou qualquer passagem.

Mas havia uma tampa no chão que dava acesso aos túneis de saneamento. Apenas isso, mas pesava demais para que ele se levantasse sozinho. Os túneis foram vasculhados e não haviam pegadas, fibras de tecido, fios de cabelo ou manchas de sangue. Nenhum indício.