Joker • PJM+JJK

11. rastros propositais

You thought you could go free
But the system is done for
If you listen here closely
There's a knock at your front door
We'll never get free
Lamb to the slaughter
— Blood// Water, Grandson

🃏

16.07.2023
09:48

Jennie Kim nasceu no Canadá. Era só mais uma adolescente que entrou para as estatísticas de quem se mete com caras que não devia e se arrepende tarde demais.

Ela provavelmente teria tido uma vida tranquila se não fosse a entrada triunfal de Vince Willians em sua vida. Um moleque de 18 anos que tirou a virgindade dela quando Jennie tinha apenas 14 e costumava agir como o tipo de homem descolado que brinca com perigo por achar divertido.

Ele era metido com uma gangue local, eles organizavam pequenos furtos e usavam o dinheiro em drogas e muita ostentação. Festas caríssimas, carros de luxo.

Jennie achou aquilo o máximo e, apesar de suas amigas a alertarem, não abriu mão de seu romance proibido. Era sensual e vibrante, a levava às alturas e a fazia se sentir tão apaixonada que nada e nem ninguém jamais seria capaz de superar o que Vince a fazia sentir.

Seu pai era gerente de marketing de um shopping da região, sua mãe era advogada e ela tinha uma vida muito confortável. Estudava em colégio particular e poderia escolher qualquer profissão que quisesse para o futuro, mas ela preferiu Vince.

Era legal na época, a coisa toda do perigo e do proibido. Até Vince e os amigos invadirem sua casa na noite do aniversário de 16 anos dela. Jennie tentou terminar o namoro depois de descobrir que eles estavam na mira da polícia por coisas muito maiores do que apenas uso de drogas e pequenos furtos.

Mas não se pode terminar assim tão fácil com gente como Vince.

Jennie e seus pais foram amarrados, aqueles jovens inconsequentes e armados vasculharam e levaram dinheiro, jóias e eletrodomésticos. Bateram em seus pais na frente dela e quando acharam que estava entediante demais, não apenas Vince, mas todos os seus amigos abusaram dela enquanto seus pais assistiam.

Ela pensou que morreria. E desejou morrer a cada segundo daquilo. Se eles apenas a matassem, seus pais estariam livres depois. Afinal, Vince só queria se vingar pela rejeição.

Mas no final, Vince mesmo atirou em seus pais e a deixou deitada no sangue deles. Eles apenas foram embora. Não a mataram porque sabiam que deixá-la viva era pior.

Jennie ficou ali, agonizando, chorando e desejando morrer. Mas a polícia chegou, eventualmente.

Ela foi levada a um hospital, mas não havia nada que pudessem fazer por ela lá, além de curar seu corpo. E foi o que fizeram. Quando Jennie se recuperou, eles a colocaram para fora e ela se viu sozinha com uma agente social.

Não tinha familiares no Canadá, mas sua tia vivia na Coréia do Sul e ela estava certa de que seria acolhida, então comprou as passagens e fugiu no meio da noite.

Foi o que a levou a Seul. Mas sua tia sabia quem era Vince e sabia que tudo a respeito da morte da irmã tinha sido culpa daquele pequeno demônio que estava na sua porta. Ninguém ia querer arriscar ser as próximas consequências de suas escolhas erradas.

E tudo que ela deu a Jennie foi uma porta na cara e uma dezena de palavrões e maldições.

“Você destruiu a sua vida. Mas precisava fazer isso com a do seus pais também?”

Ela não falava coreano fluente, não tinha abrigo, o dinheiro estava acabando e tudo que Jennie sabia era que não queria ir para um centro de acolhimento de jovens órfãos.