1. dono do baralho

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Well, you don't know fuck about my family
— Seventeen, Marina

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08.07.2023
– 06:55 am

Em um baralho com 52 cartas, a probabilidade de pegar um coringa é de cerca de 3,8%. Já para a carta de qualquer naipe, essa chance sobe para 25%. A grande questão é que sempre é fácil pegar as coisas mais óbvias. 

Uma carta de copas ou espadas, são como os peões no jogo de xadrez que mantém tudo funcionando antes que as peças mais fortes se movam.

Mas a carta coringa que é a solução dos problemas geralmente está muito bem escondida. E o que resta no jogo? Ir jogando com o que se tem. Um bom jogador não precisa de um coringa para vencer o jogo, só de sua mente hábil e um pouco de paciência.

Um bom jogador monta seu jogo sem contar com a carta mais desejada, e se por sorte ela caiu em suas mãos, ele já tem tudo preparado para usá-la da melhor forma.

Às vezes, Jeon Jungkook se sentia um ótimo jogador. E às vezes, só queria que um coringa caísse em suas mãos para facilitar um pouquinho as coisas. Uma vantagem não fazia mal a ninguém, pelo contrário.

Mesmo o sol tendo acabado de nascer, o calor quase insuportável já castigava qualquer pessoa que estivesse sob ele. Muitos diriam que era um lindo dia para um passeio no parque ou uma ida à sorveteria em família, mas para o homem com cara fechada era um ótimo dia para repensar as razões que o levaram a escolher aquela carreira.

E para alguém — cuja identidade ele pretendia descobrir antes do meio-dia, com a ajuda de Deus e quem mais quisesse lhe dar uma mão — um dia perfeito para cometer um homicídio.

Ele nem ao menos se deu o trabalho de erguer o distintivo preso em volta do pescoço, apenas ergueu a faixa amarela que fechava a rua e passou por baixo com toda a tranquilidade de alguém que passaria as próximas horas lidando com algo nada simples ou corriqueiro.

Seus olhos escuros perscrutaram a calçada da construção nada humilde. Aquela casa deveria ocupar quase um quarteirão inteiro, não havia jardim ou quintal na frente, apenas degraus ligados direto à calçada que levavam a uma porta grande de madeira.

Havia vizinhos se espremendo na rua toda, tentando ver ou ao menos ouvir algo a respeito do que havia acabado de acontecer em uma casa tão pacata. E tão escandalosamente luxuosa.

— Jeon? — Ele se virou ao ouvir o chamado. O colega se aproximou com as duas mãos na cintura, estava suando e olhando com os olhos estreitos para a mansão que ocupava boa parte da rua e para todas as pessoas que circulavam por ali. — Você quer a notícia ruim ou a péssima primeiro?

Ele colocou a mão sobre os olhos para fazer sombra. Janelas da fachada todas fechadas, seus olhos avistaram câmeras de segurança escondidas no alto da marquise, mas levando em consideração o que tinham lhe passado, elas ajudariam em pouca coisa.

— A péssima eu já sei. O caso vai ficar com a gente porque ninguém quer se meter com casos de ricos problemáticos assassinados por herança. — Jungkook tomou fôlego. — E nós já estamos com a corda no pescoço depois do que aconteceu há dois meses.

Os dois homens tinham um longo histórico com casos complicados que envolviam narcotráfico, feminicídio, desaparecimentos e outras coisas que mais ninguém no departamento de criminalística queria se meter por amor ao próprio pescoço.

E o último não tinha sido tão bem sucedido, o que os colocava em uma posição delicada com o chefe do departamento.

Jackson estalou a língua, com seu típico olhar de autopiedade.

Joker • PJM+JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora