2. o hábito da infidelidade

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Please don't make any sudden moves
You don't know the half of the abuse
— Heathens, Twenty One Pilots

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01.07.2023
Sete dias antes do assassinato
23:40

Em um mundo tão entregue à tecnologia, se há uma arma capaz de destruir um ser humano de formas inimagináveis e irreversíveis, ele apontaria a internet como sendo proprietária de todo esse poder destrutivo.

Dados, imagens, áudios, senhas, localização. Absolutamente tudo está interligado de uma forma que se torna impossível escapar de alguém com uma mente dominadora das maiores artimanhas cibernéticas.

Impossível enganar alguém que consegue cavar a fundo em um local onde absolutamente nada some sem deixar rastros, por menores que sejam.

Seus olhos não piscavam, ele não se movia, não queria perder um segundo ou desviar a atenção de uma vírgula que fosse, poderia comprometer tudo que estava fazendo ali.
Se Min Yoongi não fosse modesto, arriscaria dizer que era o melhor que existia quando o assunto era detectar crimes virtuais, desvios de dinheiro e ocultação de provas.

Ele poderia usar tudo que sabia para o bem, talvez ajudar a pegar criminosos. Ele se divertia denunciando alguns pedófilos nojentos vez e outra e dava o jeito para serem enviados para as piores penitenciárias onde eles normalmente não duravam dois dias antes de terem suas partes íntimas arrancadas por outros detentos.

Mas havia um mundo onde seus serviços valiam muito dinheiro, e na posição que se encontrava, se quisesse realmente colocar seu plano em ação dentro de no máximo quatro meses, ele precisava de muito dinheiro.

O suficiente para sumir do mapa para o resto de sua vida.

Ou, para o resto da vida de seu pai.

— Você encontrou? — O homem que até o instante só observava sem dizer uma palavra, já estava obviamente impaciente.
Yoongi tinha passado a noite anterior em claro e o dia todo sentado naquela cadeira, levantou cerca de cinco vezes apenas para ir ao banheiro.

O local ficava no porão de uma boate, cujo dono não frequentava muitas vezes já que vivia em outro país. Yoongi administrava o local e tomava conta de deixá-lo fora do radar da polícia local, e em troca, seu irmão fornecia um local seguro e com wi-fi de alta qualidade para ele trabalhar.

Jimin, que além de ser agente da INTERPOL, mantinha uma rede de casas noturnas na Coréia e na Itália. Ninguém podia culpá-lo por ter um plano B.

Às vezes era bem úmido e tinha uma falta terrível de ventilação que fazia aquilo feder a mofo, mas estava tão acostumado que nem sentia.

— Encontrei uma dezena de coisas interessantes, mas a que mais me chamou atenção foi um registro de contabilidade do Cassino na Sicília. — Yoongi empurrou os óculos para cima e usou os pés para impulsionar a cadeira até a impressora que ficava a alguns metros de distância. Ele voltou da mesma forma, apoiando a pilha de papéis recém impressos na mesa e olhando para Namjoon, que esperava pacientemente sentado em um puff rosa do outro lado da mesa. — Eu invadi o sistema da INTERPOL e peguei ele. Jimin pode ser esperto, mas ele não pode escapar de mim.

O termo lealdade não estava vinculado ao nome de Min Yoongi, todos os seus irmãos o temiam em segredo por conta disso. Ele sempre faria o melhor para si mesmo, sem pensar nas consequências para os outros. Ele era leal apenas a si mesmo.

— Ele tirou dinheiro do Cassino na Sicília? — perguntou Namjoon, observando enquanto Yoongi arrancava a tampa de um marcador verde neon com os dentes e rabiscava a lista cheia de números.

Joker • PJM+JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora