6. a queda do Rei de Copas

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Now you're mine
But what do I do with you, boy?
— Kill Of The Night, Gin Wigmore


🃏

10.07.2023
05:35

Sua mãe se chamava Haewon. Kang Haewon. Ela tinha uma voz não muito agradável quando cantava, um rosto redondo e rosado, e braços muito aconchegantes. Ela era linda, com cabelos castanhos e olhos avelã. Ela não usava nada além de vestidos.

Cozinhava mal e não sabia muito sobre matemática para ajudá-lo na escola. Era uma mãe boa, não excelente, mas carinhosa quando necessário, apesar de ser rígida na maior parte do tempo.

Jimin se lembrava dela, tão claramente como se lembrava do que tinha comido naquela manhã. Era uma memória vivida, em específico, seu último aniversário com ela.

Sua mãe o colocou na cama, cantou uma canção de ninar com sua voz desafinada e lhe deu um beijo na testa.

Ela tinha feito bolo de chocolate mais cedo, seu preferido, sem aquela cobertura doce demais. Apenas o bolo de chocolate puro sem confeito e nada.

Era uma boa mãe.

Seu pai era uma memória vaga, talvez porque em grande parte do tempo, ele não estava em casa e sim no “trabalho”. Se chamava Park Yunjae, e ele lhe trazia balas e chocolates e o levava ao parque todos os finais de semana.

Jimin não tinha reclamações.

Mas já era bem crescido para entender o que estava acontecendo quando os homens de Yejun invadiram sua casa. Foi em um final de semana e eles tinham comido tteokbokki no jantar, assistido Mulan e ido dormir tarde. Era o dia da família, onde nenhum dos dois atendia ligações ou prestava atenção em qualquer outra coisa que não fosse Jimin.

Um dia bom.

Até Jimin acordar com o barulho alto. A porta foi arrombada, seus pais foram tirados da cama e arrastados até o meio da sala. O que fez o garoto curioso e assustado levantar da cama, foi um choro. Uma súplica, um clamor desesperado de uma mãe que pedia repetidamente: poupe meu filho. Poupe apenas o meu filho.

O disparo a fez se calar, tão rápida e precisamente que o silêncio que se seguiu ainda era a causa de seus pesadelos. Sua mãe morreu de forma instantânea, tão rapidamente que não houve tempo para uma última prece.

Quando espiou pela fresta da porta do quarto, Jimin viu sua mãe deitada no chão. Ela não parecia mais tão feliz e aconchegante. Estava com o rosto virado na direção contrária, de forma que Jimin não pode ver o buraco da bala em sua testa.

Mas viu o sangue.

E ele já sabia o que aquilo significava.

Ficou quieto, estático. Ele não se moveu apesar do medo crescente, havia uma parte dele que acreditava que seu fim seria o mesmo e desejava ir junto com sua mãe, mas outra parte de seu coração medroso imploraria por misericórdia de joelhos.

Quando Yejun apontou a arma para seu pai, Jimin não fechou os olhos. Nem sequer piscou quando o disparo foi feito e o sangue respingou nas paredes antes de seu pai cair no chão. Ele continuou paralisado, encarando a cena com uma parcela de medo e horror.

Yejun o viu logo em seguida.

Jimin se lembrava de o homem ter lhe perguntado se ele gostava de chocolate. Ele não teve coragem de dizer que preferia o amargo quando Yejun lhe entregou a barra de chocolate ao leite.

Joker • PJM+JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora