4. quando todos te querem morto

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Oh, the misery
Everybody wants to be my enemy
— Enemy, Imagine Dragons

🃏

07.07.2023
15:40
Cerca de treze horas antes do assassinato

Kim Namjoon foi o filho preferido até os dezessete anos.

Um gênio, com o QI acima da média, bom com química e obviamente um matemático incontestavelmente brilhante, um garoto de ouro.

Seu pai o chamava de 'ÁS de Copas’. O primeiro de seu precioso e variado baralho, a primeira carta na qual ele investiu com todas as forças. Os melhores tutores, melhores roupas, melhores escolas e melhores mimos.

Namjoon foi um príncipe acima dos irmãos, isso antes de provar do fruto proibido e ser expulso de seu Éden particular, jogado em um mundo e uma posição onde precisava pisar em ovos e mostrar seu valor diariamente se quisesse ter ar nos pulmões e todos os ossos no lugar.

Yejun era, além de todos os seus crimes e falta de caráter e piedade, um homem regrado, antiquado e preconceituoso ao extremo. Era racista além da conta, era elitista ao ponto de tratar qualquer pessoa de classe inferior como se fossem apenas animais de carga ou abate, e era homofóbico da forma que causava repulsa nos filhos.

E por um homem, Namjoon se deixou cair da posição de filho preferido e futuro líder da família, para o contador da casa e a desonra de seu pai.

E a razão daquilo… estava ali depois de muito tempo.

Sendo ou não de seu próprio sangue, Namjoon sempre se condenou por ter amado e desejado Seokjin. Por ter se perdido nele ao ponto de que o corpo do próprio irmão tenha sido a única coisa no mundo pela qual ele daria a própria vida. Pela qual ele sacrificou sua tão amada posição.

Pela qual ele perdeu tudo.

— Você está calado demais — Jin disse, o fazendo perceber que tinha se perdido nos próprios pensamentos.

Estavam a sós na sala. A porta aberta para evitar deslizes, sentados em sofás distintos para manter a formalidade. Jin estava usando uma camisa de seda azul claro, os botões de cima propositalmente abertos, o suficiente para que Namjoon pudesse ver as primeiras letras de seu nome tatuado ali, no peito de Jin.

Namjoon. Sua assinatura, sua caligrafia.

Sendo uma memória da rebeldia adolescente ou uma garantia de propriedade, era simplesmente um lembrete do que tiveram. Do que ainda tinham, apesar de ninguém saber.

Seu segredo mais sujo e mais delicioso.

— Você não avisou que vinha. Sabe que nosso pai não te quer aqui — respondeu Namjoon, apertando o braço do sofá e mantendo o olhar neutro o suficiente para parecer que não ligava para a presença dele.

— Ele também não te quer aqui, no entanto… — Jin forçou um sorriso ladino, pousando a xícara delicadamente sobre o pires.

— O que quer? Se veio por dinheiro… — Namjoon disparou, um tanto arrogante.

— Eu não quero e nem preciso do seu dinheiro sujo, irmão! — Jin o cortou, entredentes. Namjoon engoliu seco, apertando com mais força o estofado caro. Irmão. Aquela palavra lhe revirava o estômago. — Vim pela fofoca. É verdade que Byeol não é filha do nosso pai?

Namjoon não perguntou como ele sabia de um segredo tão bem guardado. Jin tinha seus informantes fiéis, já que nenhum dos irmãos e principalmente o pai, pareciam interessados em lhe manter informado dos assuntos da família.

Joker • PJM+JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora