13. mais uma para a lista de quase mortes

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Would you love me more
If I killed someone for you?
Would you hold my hands?
They're the same ones that I used
When I killed someone for you
— If I Killed Someone for You, Alec Benjamin

🃏

17.07.2023
03:15

A garganta ainda doía, apesar de os tubos terem sido retirados há horas. Ela se sentia fraca, sentia dor e ainda encarava o acesso em sua veia. Taehyung colocou algo no soro que fez a dor quase desaparecer por completo, mas a deixou com mais sono.

Ela olhou para a própria mão, algemada na cama.

Taehyung falava sobre confiança, mas havia a deixado amarrada como um animal em cativeiro e foi isso que moveu sua desconfiança ao ponto de pegar uma tesoura da bandeja ao lado da cama e esconder debaixo do cobertor por precaução.

A enfermeira que a acompanhou o dia todo, havia saído há cerca de uma hora, e nesse meio tempo, Taehyung ainda não tinha aparecido. Jennie esperou pacientemente, sentindo seu corpo dormente voltar a trabalhar normalmente aos poucos, apesar do sono.

Ela viu primeiro sua sombra pelos vidros foscos e deslizou a mão devagar até firmar a tesoura na mão livre. Qualquer movimento suspeito e ela acertaria a garganta dele, que se fodesse a confiança.

Um lado da porta deslizou e Taehyung olhou para ela com um sorriso quase amigável enquanto passava, segurando a bandeja em uma única mão, perfeitamente equilibrada. Jennie observou atenta, sem demonstrar qualquer mudança de comportamento.

Ele fechou a porta e segurou a bandeja com as duas mãos, destravando os pés de apoio e posicionando-a com os apoios no colchão da maca, de forma que Jennie pudesse comer sem se mover muito.

O cheiro fez o estômago da mulher roncar, parecia que há séculos não colocava nada na boca. Ela sentiu a boca salivar e olhou para o ensopado. Um caldo grosso, com cheiro de legumes. Uma colher pousava ao lado e uma garrafa de água lacrada.

Ele não disse nada. Jennie também não se esforçou para isso.

Tae olhou o soro e girou o dosador para ajustar, em seguida se aproximou dela. Quando viu os olhos dele de perto, Jennie puxou muito lentamente a tesoura para fora do cobertor, um movimento lento e calculado.

O loiro puxou do bolso uma lanterna pequena e manteve o olho dela aberto com o polegar e o indicador antes de apontar a lanterna.

— Você sentiu dor? Teve algum sintoma estranho? — perguntou ele.

— Não — respondeu ela. Sua voz soou estranha, talvez pela garganta machucada. Tae verificou o outro olho e em seguida guardou a lanterna.

— Eu aumentei a dose de anestésicos pra diminuir a dor. Você pode acabar sentindo bastante sono e é comum que durma bastante — Tae disse, puxando as chaves do bolso. Ele a liberou das algemas, não parou de falar, não mencionou a tesoura visível na mão esquerda dela. — Você pode comer e depois vou te levar pra caminhar pelo apartamento, vai fazer bem.

— O que você quer de mim, Kim Taehyung? — Jennie perguntou.

Tae suspirou. Ele a olhou, e ela não parecia nem metade da mulher que já tinha sido. Se lembrava de Yoongi descrevê-la como um ninja. Ela era boa no que fazia, por isso Yejun confiou a ela a liderança do tráfico de armas. Jennie costumava tirar e colocar armamento militar na Coréia pelas fronteiras com tanta facilidade que quando foi pega ninguém de fato acreditou naquilo.

Somente uma denuncia de Yejun foi capaz de colocar Jennie na cadeia, porque ela, por conta própria, jamais tinha deixado rastros ou pegadas.

Taehyung se encontrou com ela pessoalmente e sozinho uma vez, cerca de cinco anos antes. Ele precisava de uma arma específica, para cuidar de um caso específico. Um homem membro de uma família importante da máfia russa estava rondando seus negócios. Já tinha eliminado muitos homens e roubado um caminhão com obras de arte que Tae já tinha vendido.

Joker • PJM+JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora