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Chico
Meus amigos, com certeza a coisa que mais valorizo no mundo. Estar na companhia deles faz com que a minha vida seja muito alegre, por isso saio de casa de segunda a segunda. Depois de passar por maus tempos durando alguns anos, eu valorizo muito cada momento como esse.
Não querendo me vitimizar, mas só quem passa por ansiedade e depressão sabe o que é não ter ânimo algum para sair de casa, ou até mesmo fazer coisas básicas do dia a dia.
Comecei a faculdade de administração logo que sai do ensino médio, mas não me identifiquei. Sem nenhum problema escolhi fazer cinema, com brilho no olho, achando que finalmente tinha encontrado algo que poderia me apaixonar, só que não foi bem assim e desse vez foi bem pior, eu era um moleque cheio de sonhos acadêmicos, ser pesquisador e professor, sendo alguns deles.
E então começaram as parte monótonas, as matérias introdutórias, eu queria mesmo era fazer filme, afinal estava na faculdade de cinema. As minhas expectativas sobre mim mesmo e as expectativas que a minha ansiedade criava e jogava nas minhas costas foi ficando pesado demais, não demorou muito para os ataques de pânicos começarem, meu corpo também demonstrou, a perda de peso era evidente.
Meus pais foram essenciais no processo de me reanimar, mas meus amigos me salvaram de um lugar que eu nem sabia que precisava sair.
-Chico, que isso cara, vai deixar o pão de alho queimar!- Maciel me desperta de meus pensamentos.

-Pô foi mal, queimou não.

-Responde aí, o outback mandou duas datas, terça ou quinta da semana que vem?- pergunta Maciel.

-Acho que na terça, né?! Ai já passa logo a ansiedade.

-Namoral família, acho que o Chico vai morrer de nervoso gravando esse vídeo- Donatello fala.

-Esse vídeo vai ficar foda, não vejo a hora de assistir- Cazé fala ficando ao meu lado para cortar as carnes.

-Aí bem que eles podiam mandar uma comida pro cazé comer reagindo- falo para Beltrão, que está conversando com a produção por mensagem.

-Genial Francisco, vou pedir- ele me responde.

-Tenho que seguir a dieta certinho, Anna Beatriz vai me matar, pede essa porra não! - Cazé fala rápido, antes que Beltrão digite a mensagem.

-Ta falando o que de mim ai?- Anna chega abraçando Cazé.

-Essa galera aqui quer me desviar do foco!

-Maciel, fica aqui na churrasqueira, preciso fumar- falo e saio atrás do meu maço, que percebo que deixei no carro.

Vou até lá fora, o dia está quente, céu azul sem nenhuma nuvem, perfeito para entrar na piscina ou ir á praia. O que me leva a pensar em Rita e me questionar se ela tem planos para essa semana, se vai a praia ou vai visitar pontos turísticos, se vai querer ir em restaurantes chiques ou em alguns barzinhos, se tem parentes aqui no Rio ou apenas amigos, e se ela está pensando em mim o tanto que estou pensando nela.
É talvez eu preciso mesmo de um cigarro para tentar esquecer ela.

Assim que acendo e dou a primeira tragada ouço uma voz.

-Chico- ouço Anna gritar meu nome da porta da casa- entra a comida está na mesa.

Ando até ela que me espera no batente da porta.

-O que ta acontecendo dentro dessa cabeça?-pergunta preocupada.

-Você sabe se a Rita tem alguma coisa pra fazer essa semana?

Ela me olha e dá risada.

-E eu preocupada achando que tá passando coisa ruim na sua cabeça e você pensando em mulher, não tem jeito mesmo ein- fala dando um leve empurrão no meu braço.

-É só curiosidade- respondo.

-E eu nasci ontem né, Chico? Mas respondendo, ela não tem planos, vai fazer o que der na telha.

Olha|chico moedas (em pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora