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Rita

Às 5 horas da tarde resolvo ir tomar banho para começar a me arrumar para o Congresso de Direito Penal. Mais cedo hoje Chico me mandou mensagem falando que passaria para me pegar às 19:30. A decisão de chamá-lo foi quase impensada, mas não ruim, acho que vai ser ótimo para nós nos conectarmos melhor, agora como amigos.

Essa viagem está sendo maravilhosa, estou descobrindo o quão fácil e bom é ser amada por quem amamos. Acordei e fui surpreendida com um café da manhã delicioso e com bexigas decorando a cozinha como despedida do apartamento de Beltrão e Luiza. Foi tão bom estar na companhia deles.

Depois peguei um uber e fui direto para o apartamento que tínhamos alugado, assim que cheguei mandei uma foto da vista do mar para Isabella, que respondeu:

Não vejo a hora de chegar, aguenta o coração que amanhã estarei aí.

Tenho sentido tanto a sua falta, às vezes brigamos, mas passamos tanto tempo juntas que a gente brinca que somos casadas. Até porque moramos juntas há 6 anos. Então, uma semana separadas é quase uma tortura.

De repente estou atrasada, com Chico me mandando mensagem dizendo que já está na frente do prédio estacionado. Corro para dar uma última conferida na roupa e saio correndo para o elevador.

Ao entrar no carro me deparo com Chico de terno azul marinho e ai logo dou risada e aponto para meu vestido. Estamos combinando, usando a mesma cor.

— Temos bom gosto né amor. — Ele dá uma piscadinha.

Estremeço levemente com a palavra que ele usou, mas cerro os olhos balançando a cabeça em negação.

— Tô brincando, só amigos, eu sei.

— É bom mesmo. Pronto para ver muita falsidade entre o mundo dos advogados? — Digo mudando de assunto.

— Com certeza.

Chico me entrega o celular desbloqueado para poder escolher a música que eu quiser, mas começa a tocar olha da Maria Betânia.

— Pô tá maluco essa é braba. — Chico fala empolgado.

— Essa é a maior não tem jeito.

Ouço Chico cantar baixinho e apenas fico admirando-o enquanto curte a música. Assim, passamos o caminho todo, sem dizer nenhuma palavra propriamente, apenas cantarolando as músicas que tocavam.

Depois de alguns minutos tentando estacionar, achamos uma vaga. Ao descer do carro Chico fica ao meu lado e pega meu braço e enrosca no seu.

— Nossa, que cavalheiro.

— Sempre.

Entramos e vamos direto para a fila, que inclusive está enorme, de retirada do crachá, olho melhor e com apenas algumas pessoas de distância avisto meu antigo professor do mestrado, Carlos Roberto, que acabou com minha vida. Começo a ficar um pouco inquieta e ansiosa, quando percebo que ele está conversando com alguém que...
Arthur.

Arthur, meu colega de sala do doutorado, que também é um dos responsáveis por acabar com minha vida.

Ansiedade, esse é o principal sentimento que estou sentindo. Meu coração acelera e provavelmente minha mãos devem estar tremendo, mas fico agarrada a Chico, tentando não demonstrar o quão afetado eu estou.

Tentando me distrair pergunto a Chico:

— Já sentiu o clima?

— Tenho quase que certeza que vi uma mulher cumprimentando um cara e depois fazendo uma cara de nojo.

Olha|chico moedas (em pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora