11.

242 24 0
                                        

Rita

O Rio de Janeiro acorda com seu charme característico: o sol brilhando, o mar refletindo um azul cristalino e a brisa salgada que me acolhe enquanto caminho pelas calçadas de Copacabana. Preciso espairecer, colocar meus pensamentos em ordem depois da noite de ontem. Cada passo que dou é uma tentativa de deixar para trás a confusão e as dúvidas que Francisco trouxe para a minha mente.

Não consigo parar de pensar no que aconteceu na casa do Maciel. O beijo, os olhares, a intensidade do momento. Foi impossível não aproveitar, e por um breve instante, eu me permiti esquecer de todas as razões que me impediriam de levar isso adiante. Mas a realidade voltou com força total.

Caminho sem rumo definido, deixando que a cidade me leve onde quiser. As ondas quebram suavemente na areia, e me pego observando as crianças correndo e os vendedores ambulantes oferecendo seus produtos. Tento me perder na simplicidade da manhã carioca, mas minha mente insiste em voltar ao mesmo ponto: Chico.

Admito para mim mesma que gostei do que aconteceu. Ele é charmoso, atencioso e me fez sentir algo que há muito tempo não sentia. Mas, ao mesmo tempo, sei que isso não pode continuar. Tenho traumas do passado e muito medo de me machucar novamente. Prefiro casos passageiros, onde não há expectativas nem riscos grandes, mas Chico não é apenas um caso, e esse é o problema. Ele é parte do meu círculo de amigos, um grupo que construí com tanto carinho e esforço. Se algo der errado entre nós, isso poderia destruir a dinâmica do grupo, criar uma tensão insuportável. Não quero ser a responsável por colocar tudo isso em risco, porque todos eles significam muito para mim. Não posso arriscar perder essa conexão por causa de uma atração momentânea em algumas semanas de férias.

Segundo, há o histórico de Chico. Ele tem fama de ser mulherengo, aquariano nato e, pior, já traiu sua ex-namorada. Sei que as pessoas podem mudar, eu trabalho com homens presos, sou a pessoa que mais acredita em mudanças, mas será que ele mudou de verdade? Será que posso confiar nele para não me machucar? A resposta parece dolorosamente clara. Não posso correr esse risco.

Paro em um quiosque e peço uma água de coco, tentando focar no presente, no sabor refrescante e na sensação do sol em minha pele. Sento-me em uma das mesas e deixo os pensamentos fluírem livremente. Preciso ser racional, pensar com a cabeça e não com o coração.

Enquanto observo a vida carioca ao meu redor, percebo que a decisão já está tomada. Por mais que tenha gostado do beijo, por mais que sinta uma atração inegável por Chico, isso não pode continuar. É melhor cortar pela raiz antes que as coisas saiam do controle. Decido que Chico e eu seremos apenas amigos. Amigos que compartilham bons momentos e risadas, mas nada além disso.

Respiro fundo e tomo um gole da água de coco, sentindo o frescor natural me trazer de volta ao momento presente. Vou focar em aproveitar o Rio de Janeiro, em passar um tempo com meus amigos e em manter as coisas como estão.

Levanto-me, determinada a seguir em frente. O Rio de Janeiro me acolhe com sua energia vibrante, e decido que vou aproveitar cada momento desse dia, deixando o que aconteceu na noite passada como uma lembrança que, com o tempo, será esquecida.

Meu celular vibra e, ao olhar a tela, vejo uma mensagem de um número desconhecido. Abro a mensagem e tenho uma ideia de quem possa ser.

Desconhecido
Espero não ter feito nada de errado ontem, para me redimir, aceita ir em um samba de tardezinha hoje?

Por um momento, meu coração acelera e se afunda por ele ter cogitado que fez algo de errado, mas logo me lembro da decisão que tomei. Respiro fundo e respondo:

Eu
Moedas! Não ouse pensar que fez algo de errado. Sobre o samba, estou pensando em tirar hoje e amanhã para curtir um pouco sozinha, mas podemos sair na sexta. Que tal?

Envio a mensagem e coloco o celular de volta na bolsa, tentando não pensar muito na resposta. Hoje é um dia para mim, para refletir e aproveitar minha própria companhia. O resto, eu resolvo depois.
.
.
.
Dá para julgar a Rita??
Espero que vocês tenham gostado desse⭐️

Olha|chico moedas (em pausa)Onde histórias criam vida. Descubra agora