Olha|chico moedas (em pausa)

15.

O maior capítulo que já escrevi, aproveitem!!!

Rita

Me deixo ser guiada, pois minha cabeça está turva não consigo pensar direito apenas ter flashbacks de tudo que Arthur e eu passamos juntos. Ele costuma estar controlado quando nos vemos em sala de aula, provavelmente deve ter bebido ou estava com ciúmes de eu estar acompanhada.

Depois de algum tempo de viagem em completo silêncio, comigo apenas remoendo toda a conversa e memórias na minha cabeça, percebo que estamos na frente do apartamento eu que estou ficando.

— Estamos no meu apartamento? — Questiono confusa.

— Sim.

— Mas a gente tinha combinado de jantar depois.

— Achei que você não tava no clima, obviamente aconteceu alguma coisa. Daqui algum tempo se quiser jantar pode me ligar que eu venho correndo, juro.

Olho para ele incrédula, e extremamente grata por ele pensar no meu bem estar em primeiro lugar. Eu claramente perdi o clima total para estar no meio de muita gente, mas iria me esforçar para jantar com ele. Por isso falo:

— Quer subir?

Ele aceita sem pensar duas vezes, e logo já estamos no elevador. Ainda estou para baixo, por isso nem eu e nem ele puxamos algum assunto.

Abro a porta do apartamento, espero Chico entrar para fechar a porta e depois sigo diretamente para o sofá me jogando, ele senta ao meu lado tirando o paletó e deixando ali.

Depois de alguns minutos de um silêncio confortável decido que vou me explicar, não porque eu devo isso a ele, mas porque sinto a necessidade de confidenciar isso para ele, que é alguém que confio.

Sento ereta no sofá, fecho os olhos porque de alguma forma acho que será a melhor maneira de conseguir contar isso e começo.

— Eu e ele nos conhecemos no mestrado, 6 anos atrás, foi incrível nos primeiros meses, parecia que a gente tinha sido feito um para o outro. Ele gostava de mim, ou pelo menos eu achava isso. — Sinto meus lábios começarem a ficar salgados e molhados. — Isabella me avisou tantas vezes, eu fui tão tão burra.

— Rita, não...

— Deixa eu continuar, por favor.

Ele assente e fica quieto esperando eu dar continuidade.

Esta é a parte difícil. A parte que só falei em voz alta duas vezes. Uma para Isabella e outra para minha terapeuta. Digo a mim mesma para respirar. Fundo. Inspirar e expirar.

— Quando Arthur e eu começamos a nos relacionar, ele parecia tão interessado nas minhas ideias. A gente passava horas discutindo, desenvolvendo teorias, formulando hipóteses. Eu achava que tínhamos um futuro juntos, tanto pessoal quanto profissionalmente. — Minha voz treme ao lembrar. — Então, veio o golpe. Ele começou a se afastar, a ficar mais secreto. E, de repente, numa reunião semestral que a sala tinha com Carlos Roberto, Arthur apresentou a minha dissertação como se fosse dele.

Chico balança a cabeça, incrédulo.

— E Carlos o apoiou?

— Sim. Carlos sempre foi meio machista e nunca me viu como uma verdadeira acadêmica. Mantive a postura enquanto Arthur apresentava, fiquei até o fim para questionar o professor e ele me chamou de incompetente, disse que...

Demoro um pouco para repetir suas palavras porque até o hoje são as que mais doem, lembro como se fosse ontem.

—  Ele disse que eu só tinha sido aceita no mestrado porque era bonita. E que se ninguém tinha me falado isso antes é porque tinha dó.— Respiro fundo, seco o rosto com o pulsos, sentindo a humilhação novamente. — Foi devastador. Eu saí correndo, chorando pelos corredores.