Capítulo 35 - A Chuva

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"Porque derramarei água sobre o sedento e rios, sobre a terra seca;[...]"(ISAÍAS 44: 3).

A chuva batia caindo através da janela do quarto de Eliza. Sua garganta não parava de doer, ficara rouca, encharcada e gripada para ajudar. Gael não apareceu naquela tarde ficou se perguntando onde ele devia estar, só sabia que estava com Ângela. Eun-woo por sua vez, não a deixara sozinha nenhum minuto. Ficou com James cuidando de Eliza que estava com febre. Se recusou a se afastar de Eliza exceto quando Gael chegou, e o obrigou a ir para casa descansar.

Gael chegou perto dela, que passou os braços sobre seu pescoço e o abraçou, olhando com os olhos semicerrados. Parecia que estava bêbada de febre.

— Gael, - disse Eliza, que continuava o abraçando - seu cheiro de hortelã estava forte. Ela o abraçou e não deixou que se desvencilhasse dela.

— Eliza calma meu amor, você não está muito bem. - Falou Gael a ajeitando na cama, e se sentando ao lado dela. - Está ardendo em febre.

— Agora tem dois Gael – disse Eliza meio grogue puxando Gael pelo pescoço.

James então falou. — Ela ficou assim o dia todo perguntando de você. Demos remédio para ela, mas a febre não cedeu quase nada.

— Está tudo bem meu amor, - disse Gael a ajeitando na cama e finalmente se desvencilhando do abraço — vou cuidar de você.

— Acho que parte da Febre é preocupação – disse James. – Agora que você está aqui deve passar em breve.

— Certo James – Gael olhou Eliza estava com vestido de noiva embaixo das cobertas.

— Ela precisa ao menos se trocar. – disse Gael a ajudando a se levantar. — Vem meu amor. Vou ajudar você.

Eliza se levantou com a ajuda de Gael, mas as pernas estavam bambas, tentou ajudar, mas sentia tanta moleza e dor no corpo que mal conseguia pensar. Gael a colocou dentro da banheira do banheiro de Eliza, apenas de calcinha e sutiã, ambos de tecido azul bebê e renda grossa.

A água quente inundou o seu corpo, sentia todas as partes aquecidas. A cabeça deu uma leve caída molhando seu rosto, que Gael levantou e segurou. Ele delicadamente ensaboou as costas os braços e pernas dela. A ajudou a levantar e a secou com a toalha, sem encostar sequer um dedo em sua pele.

Ele a ajudou a se vestir. Colocou nela a camisa de mangas curtas, porém que parecia um vestido de tão grande. Depois ajudou a tirar o sutiã e a calcinha, por debaixo da roupa e a deitou na cama. As roupas de cama haviam sido trocadas por James, que preocupado a cobriu com a coberta dos pés ao pescoço.

Eliza em seu delírio ao ver Gael, o segurou novamente pela mão o puxando para perto dela. Ele acabou deitando-se por sobre as cobertas e a abraçando com o braço em volta de seu pescoço. Eliza não conseguia pensar, mas sentia necessidade de Gael, queria ele perto dela, ainda mais com o frio que sentia.

Eliza sabia que ela não estava bem, nem se quer sabia se faria isso se tivesse bem. Olhou ao ouvir um barulho de estalo. Abriu os olhos de leve, viu um brilho e sentiu-se o frio diminuir. De relance viu Gael que pareceu empalidecer, devia estar mais fraco, sentia seu corpo se inebriando por sono, até que não viu e ouviu mais nada além da chuva fininha caindo pela janela.

Eliza acordou se sentindo melhor, ficou fitando Gael despertada e observando ele dormindo. Até que acordou abrindo os olhos de leve.

— Está se sentindo bem? - perguntou Gael – com olhos semicerrados, a analisando com cautela.

— Sim, estou – disse Eliza meio preocupada - Você ficou comigo a noite toda? -

— Sim, - respondeu Gael – e James também. Está aqui no quarto ao lado, cuidou de você o dia todo, junto com Eun-woo. Que só foi embora quando eu cheguei.

— Foram eles que me trocaram? - Eliza falou levando a mão direita a boca e sentindo a face ruborizada, a vergonha estampando seu rosto.

— Você estava com febre e ainda vestida de noiva quando cheguei. - disse Gael. — Eu achei que se você não se trocasse e tomasse um banho, não melhoraria.

— Foi você, - Eliza sentiu sua face esquentar, a vergonha cobria seu rosto.

— Mas não reparei em nada, se está é sua dúvida, dei banho de roupa intima, foi mais para baixar a febre, e tirar a água da chuva de seu corpo.

Eliza sentiu-se agradecida, não aguentaria acordar e ver aquele vestido de novo. Sabia que Gael a entendia, não importava o quanto tentasse negar isso. Queria poder ficar com ele, mas sabia que se ele ficasse na terra morreria, sua face estranhamente estava empalidecida aquela manhã.

De repente seu corpo gelou, estava abraçada com Gael, sem roupas de baixo, embaixo das cobertas. Estava abraçada com ele, como se tudo estivesse bem, mas não estava. Gael passara mal de acordo com Ângela, e estava fraco, precisava acabar com isso. Quando achou que ia morrer não ligou para nada, sabia que Gael continuaria vivo sem sua presença, e que não seria a causa de sua morte. Mas agora estava em situação arriscada.

— E o pergaminho? - perguntou Eliza – como estão os itens?

— Parece que estão todos os requisitos preenchidos. - disse Gael, — ele realmente é seu par.

Eliza se entristeceu, não queria que fosse verdade, mas realmente tudo indicava que era assim que terminaria. Ela com Eun-woo e Gael voltando para o céu. - E o Paulo? –

— Parece que desapareceu. – falou Gael —Não encontramos vestígios dele. Seus passos terminaram no penhasco.

— Então ele se matou? – questionou Eliza.

— Aparentemente sim. – falou Gael — Mas chega de falar sobre isso, como você está se sentindo?

— Estou bem mesmo Gael, disse Eliza se afastando do abraço.

— Você não se lembra de nada de ontem? - Perguntou Gael, com tristeza se ajeitando na cama ao lado de Eliza.

— Apenas de você se machucando e Ângela te curando. – falou Eliza, mas ela lembrava de tudo, de perguntando e chamando por Gael. Mas não podia demonstrar que estava em si ainda naquele momento.

— E minha mãe? – falou se levantando — Ela ficou sabendo de tudo?

— Não, - disse Gael estendendo a mão como um pedindo para ela se acalmar- achamos melhor manter segredo dela. Trabalhou até tarde ontem. Não ficou sabendo de nada.

— Certo, melhor assim, - disse Eliza se arrumando na cama. — Minha mãe iria surtar se soubesse.

— Por isso achamos melhor não falar. – falou Gael.

— Agradeço a você pelo que fizera. – disse Eliza — Vou tomar banho, para ir a faculdade.

— Mas você acabou de melhorar. – falou Gael atônito.

— Eu sei, mas preciso ir, tenho que resolver alguns assuntos sobre o passei da faculdade.

— O James está sabendo disso? – perguntou Gael.

— Sem problemas vou lá acordá-lo. – disse Eliza, saindo pela porta e indo direto para o quarto de Gael onde James estava.

— James, posso entrar? – falou Eliza batendo na porta.

— Claro Eliza que bom que melhorou. -falou James se levantando e a abraçando de modo que a fez tirar seus pés do chão.

— Vamos para faculdade? - disse Eliza soltando-se do abraço — Hoje tenho que tratar do passeio da semana que vem. Vou Eu e Gael.

— Há, mas se vocês irão, eu irei também – falou James — se não já viu, vira a festa da Xuxa.

— Aí James só você viu. Vou me arrumar. – disse Eliza alegremente se virando e saindo do quarto.

UM TOQUE DE ANJOOnde histórias criam vida. Descubra agora