Capítulo 38 - Matheus

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Esqueçam o que se foi; não vivam no passado. Vejam, estou fazendo uma coisa nova!". ( ISAÍAS 43:18)

Matheus acordou aquela noite sem dormir direito, tinha tido um pesadelo com penhasco. Abriu os olhos a procura do interruptor do abajur, que estava no criado mudo ao lado da cama. Quando a luz acendeu, notou as paredes creme do quarto. Seu quarto era um cubículo quadrado, na parede a frente da cama tinha uma escrivaninha, e em cima um altar com santos da igreja católica, ao lado uma cômoda grande onde guardava suas roupas.

Levantou-se da cama, retirando a coberta azul marinho de sobre seu peito, desnudo. Sabia que estava quase no horário do café da manhã, no qual o padre o iria chamar logo, para ajudar as crianças a se servir. Ele no momento realizava diversas atividades diferentes, desde trocar lâmpadas até reparos manuais em chuveiros. Sabia que o abrigavam ali por caridade. O que lhe dava mais orgulho do lugar, fazendo as coisas por prazer. Ajudar as freiras e as crianças assim como o padre na missa era uma de duas tarefas preferidas.

Resolveu então se levantar e sentar na cama pensando em tomar um banho, olhou no espelho seu cabelo castanho médio e sua barba por fazer contrastavam com a pele bronzeada. Em poucas horas já realizaria suas atividades semanais, tinha orgulho de sua organização e pontualidade. Levantou-se pegou, abriu a gaveta da cômoda e pegou uma camisa branca e calça Jeans, assim como sua toalha e foi para a fila do banheiro, onde tinham 2 rapazes, em igual situação de vida que ele.

— Bom dia, rapazes!

—    Bom dia, Matheus! - disse Alfredo e João.

—  Como passou a noite? - perguntou Alfredo um rapaz carrancudo, de cabelos negros e pele bronzeada, que aparentemente tinha tido uma excelente noite de sono.

—   Estou bem! - disse Matheus com seu ar descontraído, - apesar dos sonhos estranhos.

—  Sério? Mas com que você sonhou? – falou João um rapaz de cabelos castanhos, baixinho e gordinho de pele branca e bochechas grandes e rosadas.

—   Sonhei que estava caminhando e de repente caía de um precipício. – Será que é algo familiar?

—    Te encontraram na praia de Guarujá, e te trouxeram para cá devido sua situação. - falou João.

—   Eu sei, estou tentando me lembrar, porém nada me vem à mente.

—    Calma, com o tempo você recuperara sua memória, - disse Alfredo. - Você vai ver.

—    Tomará meu amigo, que você esteja certo, pois não é nada fácil viver sem saber quem fui, e se alguém ainda me procura. Já fomos a delegacia, mas ninguém registrou ocorrência de desaparecimento. O único que tinha era de um rapaz rico, que desapareceu, porém já haviam achado o corpo para velar, naquela manhã. - disse Matheus.

—  Entendo meus amigos. - Disse João, - Mas se os céus quiserem você logo vai encontrar sua família.

—    Espero que esteja certo meu amigo. – disse Matheus.

—   Deixa-me ir agora, depois nos falamos. - Disse João que era o primeiro da fila.

Depois de um tempo Alfredo também entrou no banho, quando ele saiu, foi a vez do Matheus. Ah sair do banho, foi guardar suas coisas no quarto e dirigiu-se para o refeitório através de um corredor onde havia várias imagens de Santos e Santas nas paredes creme.

O refeitório era enorme, as mesas com bancos, parecidos com o de Escolas. Ele foi direto para a cozinha para ajudar a servir as crianças do orfanato.

Após servir os pratos com mingau e as canecas com leite achocolatado, ajudou a lavar a louça e a limpar as mesas.

Aquele lugar o abrigará quando mais precisava, apesar de suas lembranças nulas, sentia que não perderá nada, mesmo sem saber sobre a vida antiga. Ali ele tinha o que mais precisava família e atenção.

UM TOQUE DE ANJOOnde histórias criam vida. Descubra agora