Tiro no Alvo

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Charles estava ofegante. Havia pouco menos de 1h que sua sede da facção criminosa fora invadida. Escondia-se no sótão empoeirado, logo debaixo de uma mesa. Portava consigo uma pistola FN Five-seven, que, há poucos dias atrás, aprendera a manusear. No entanto, convenhamos, o sr. Morgan era um prodígio no que tange armamentos para guerra!


Alguns tiros foram audíveis no sótão. Charles preocupou-se que fosse a facção inimiga exterminando um dos seus. Foram pegos desprevenidos. Mesmo treinados para estarem em ação todo tempo, não haviam garantias de vitória, ainda mais com uma equipe tão bem treinada como a que invadiu seu território.


Não estavam em um lugar qualquer, muito menos na sede da sua companhia agrícola. Estavam escondidos na sede mafiosa, a qual nem mesmo um civil foi capaz de pisar lá. Charles ficou um tempo pensando sobre isso, pois, se outra facção descobriu, só haviam duas alternativas a serem analisadas: ou a outra facção tem ligação direta com a FBI e trabalharam em complô, ou havia um delator entre os seus; das duas, a segunda alternativa lhe parecia mais convincente.


Praguejou baixinho quando pensou nessa possibilidade. Lembrou do seu pai, antigo rei de Fagiljker, quando lhe deixara dormindo do lado de fora do castelo, na nevasca fria que fazia as terras do norte, por causa de uma falha em sua missão. Tinha seus 9 anos e treinava simulação de guerra: montado em um cavalo e com espada na mão. Embora ainda tivera uma mentalidade imatura, fora designado para liderar uma equipe, a qual, para a surpresa de muitos, falhou. Falhou, porque o garotinho ousou parar a equipe, descer do cavalo, e ajudar o filho do jardineiro real, que machucara no percurso.


Seu pai enraiveceu em tal nível que lhe fez acreditar que, talvez, fosse realmente uma falha ambulante. O rei de Fagiljker não criava um sucessor benevolente; pouco lhe importava o bem estar dos seus cidadãos. Ao contrário, criava um sucessor poderoso, temível e intangível. Mas, Charles estava longe de ser.


Voltando para si, resolveu prestar atenção ao que lhe acontecia. Ouviu a porta do sótão ser aberta e alguns passos descendo a escada. Passos lentos, um de cada vez, sendo possível ouvir perfeitamente o ritmo em que cada pé tocava o chão. Um. Dois. Um. Dois. Apenas uma pessoa, caminhando lentamente em sua direção.


Escondia-se abaixo da mesa. Levantou sua pistola, pronta para liberar a bala mortal ao movimento do gatilho. Os passos se aproximavam, mas ainda não era hora. Um. Dois. Três. Quatro. Levantou-se rapidamente e apontou sua pistola para o alvo; este, por sua vez, apontava uma submetralhadora com carga de 30 munições, pronto para fazer um único estrago.


Os dois miravam na cabeça um do outro, denunciando suas mais perversas intenções. Sorrateiramente, o inimigo aproximava-se de Charles, dando passos rastejantes como uma víbora. Charles notou que seu inimigo tinha um corpo esguio, com curvaturas bem acentuadas, denunciando feminilidade. Seu rosto estava completamente coberto por uma máscara preta, mas vestia uma roupa preta completamente colada ao corpo.


_ Como descobriu nosso esconderijo? _ Perguntou Charles. Movia-se para sua esquerda, de forma calma e completamente concentrada.


A mulher mascarada movia-se sorrateiramente para sua esquerda também. Os dois faziam uma espécie de círculo, apontando suas armas, um para o outro, e mantendo os olhares fixos em cada movimento a mais que o outro dava.


_ Não lhe interessa saber. _ Respondeu, sem ao menos piscar os olhos.


O Rei TiranoOnde histórias criam vida. Descubra agora