E As Máscaras Caem

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Estavam reunidos, em uma sala, aguardando as palavras finais de sua chefe. A sala de reunião exalava poder e medo, um refúgio escuro de intenções obscuras. O teto baixo, sustentado por vigas enferrujadas, abafava qualquer som além do murmúrio contido das conversas tensas. A mesa central de mogno maciço, marcada por cicatrizes de negociações passadas, era o coração pulsante do lugar, cercada por cadeiras de couro negro, algumas já deformadas pelo peso de homens perigosos. Na penumbra, a fumaça dos charutos dançava lentamente sob o brilho fraco de lustres de ferro forjado, enquanto, nas paredes, telas de segurança exibiam imagens monótonas do mundo lá fora, indiferente ao perigo que ali residia. A sensação de confinamento era sufocante, como se o ar carregado de tensão pudesse explodir a qualquer momento com uma única palavra errada.


No centro das cadeiras, Catarina encontrava-se sentada, exalando poder e um clima amedrontador. No entanto, nada falava, apenas tinha vislumbres do que lhe aconteceu no dia anterior.


_ Cisne Negro, conseguimos executar Charles Morgan? _ Perguntou um capacho. De longe, observava uma cicatriz enorme em seu olho, fruto de brigas de facções. As marcas da idade já o pegavam.


Catarina foi logo pega pelos seus devaneios, obrigando-se a voltar para a realidade. Desde a última briga, estava tão aérea que não conseguia conversar direito.


_ Nós...


_ Executamos. _ Allan interrompeu, convicto de sua afirmação. Olhou para Catarina, aguardando que confirmasse.


Catarina logo lembrou da última cena vivida, onde Charles sorria para ela, mesmo no chão e ensanguentado. Talvez, nem era sangue dele que estava no chão.


Suspirou. Era seu dever matá-lo, mas algo também não fazia sentido. Nem estava falando de seu coração, oras, tolo e inocente. Mas, agora entendia o porquê as coisas nunca davam certo.


_ Temos um traidor entre nós. _ Anunciou a chefe. Olhar frio, furioso e assombroso.


Todos foram pegos de surpresa. Para entrar nessa máfia, juraram lealdade acima de tudo, sendo o preço da falta desta a execução. Ter um traidor explicava muita coisa do que diz respeito às vezes em que tentaram assassinar Charles, mas ele sempre era salvo. Mesmo faltando poucos minutos para sua morte, ele sempre era levado para ser tratado o mais rápido possível. Um traidor, só podia ser isso.


Mas quem?


Com esse anúncio, os homens começariam a duvidar uns dos outros.


_ Não precisem se preocupar _Continuou Catarina, esboçando um sorriso, embora sua máscara tampasse todo o seu rosto. Não era tola de mostrar o rosto para homens que mal conhecia._ Até amanhã ele será carbonizado.


Os homens naquela mesa a olharam assustados, como se desconhecessem a mulher à frente. Talvez até duvidavam da sua capacidade como uma líder, mas, agora, já se colocavam em seus lugares: meros capachos mortais.


O capacho mais velho mais uma vez perguntou:


O Rei TiranoOnde histórias criam vida. Descubra agora