Destinos Corrompidos pt. 1

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Um relato de eras atrás, durante o reinado Johan Gerhard Von Hohenzollern.


Ou, pai de Charles Gerhard.


Mas Charles não gostava muito dessa denominação.


"O garoto Charles acabava de completar seus 16 anos, mas nada em sua vida era tão colorida a ponto de sorrir para um dia que chamavam de data comemorativa. Preferia pensar que estava a cada dia mais próximo de sua morte. E talvez a morte nem fosse algo tão ruim assim, mas sim uma solução. Afinal, por que ele continuava vivo?


Ah, claro, para cumprir seu propósito nesse mundo: ser um rei. As vezes, pensava o quão bom seria ter nascido como um mendigo. Pelo menos um mendigo morreria solitário e sem ninguém o pressionando para continuar a viver. Ao contrário, ele deveria estar vivo. Deveria viver nesse mundo para ser um rei de uma nação deteriorada.


_ Ah! _ Charles praguejou de dor ao seu atingido por uma flecha em seu ombro. Tirou-a com sua própria mão e pressionou o local atingido para evitar a perda de sangue.


Sem perder tempo, subiu em seu cavalo e correu para dentro da densa floresta. Precisava fugir dos inimigos do seu campo de treinamento, se quisesse sair vivo para contar história. Mas ele nunca perdeu uma simulação de guerra, porque sempre fora preparado para todas as adversidades da vida. Ao ser atingido, pelo menos lembrou-se da dor que lhe corroía. Sinal de que estava vivo, ainda.


A floresta proibida. Correu para dentro dela, porque era mais fácil de se esconder e preparar investidas. Embora fosse proibida a entrada de qualquer oficial, ninguém saberia que ele estava escondido lá se saísse antes de qualquer pessoa o ver. Ainda mais que esses treinamentos costumavam durar semanas, deixando-o ter tempo o suficiente para se recuperar dos seus ferimentos.


Desceu do cavalo e o amarrou no tronco de uma árvore, para não fugir. Aproveitou a oportunidade para sentar-se escorado sobre aquela árvore também. Era enorme, assim como todas as árvores daquela floresta. Uma floresta tão densa e escura que dificilmente via-se a luz do sol. Entendia bem porque a chamavam de amaldiçoada, já que claramente uma pessoa normal se perderia facilmente.


Lembrou-se daquele seu amigo. Um aperto no peito. Mas não podia chorar, não era um homem comum que se daria ao luxo de ser dominado pelos seus sentimentos. Um rei não chora, mas faz o seu inimigo chorar. E era nisso que ele acreditava.


Até ouvir um barulho.


Surpreso, desembainhou sua espada, pronto para o ataque. Ouviu alguns passos e já conseguiu decifrar sua origem. Um. Dois. Um. Dois. Não eram inimigos, tratava-se de apenas uma pessoa, em passos curtos, ritmados e quase imperceptíveis. Demonstrava delicadeza. Não era inimigo, era uma garota. Talvez fosse informante dos inimigos, ou apenas uma nativa das terras da floresta. Não saberia até ameaçá-la.


E a garota apareceu, mas Charles já estava com a espada apontada para o seu pescoço. Mas ela não gritou e nem se assustou. Ao contrário, abaixou-se para desvia da lâmina e levantou pulando, dando um chute giratório que pegou em cheio na cabeça de Charles. A garota era muito boa em artes marciais, pelo visto. Enquanto Charles processava, no chão, a dor daquele chute, a garota se aproximava.

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