Dança Comigo?

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Morgan vestia um colete de brocado ricamente adornado, sob um paletó de cauda longa em lã fina, com ombros bem estruturados e botões de madrepérola. A camisa, impecavelmente branca, exibia uma gola alta e rígida, arrematada por uma gravata e ajustada em um nó elaborado. A calça era de lã escura, ajustada na cintura e afunilada, caindo reta sobre botas de couro polido, que subiam até os tornozelos. Complementando o conjunto, luvas de couro macio e um chapéu de feltro alto, como uma cartola, conferiam-lhe uma aura de distinção inquestionável. Cada detalhe era um símbolo silencioso de status e refinamento.


Dentro de sua limusine, colocava uma máscara preta, que contornavam seus olhos e cobriam as maçãs do rosto. Esculpiam delicadamente cada detalhe de sua face, dando-lhe um novo aspecto em um ar misterioso. Nas laterais, pequenos arabescos em relevo acrescentavam um toque de elegância, enquanto uma fina fita de veludo, amarrada na parte de trás da cabeça, assegurava que a máscara permanecesse firmemente no lugar.


_ Jhon _ chamou pelo seu secretário, que sentava-se à frente junto com o motorista.


_ Pois não, chefe?


_ É este que é o reino de Yan Berwald, certo?


Jhon suspirou fundo e passou a mão pelo rosto, sem que seu chefe notasse. Sabia que Morgan estava fora de sua sanidade há um belo tempo, mas não conseguia se acostumar com isso. Ter um chefe maconheiro não era lá muito legal, no entanto, pelo menos estava muito mais capaz do que antes.


_ Yan Berwald é alemão, mas sua noiva é daqui do Brasil _ explicou, depois de contar até 10.


_ Oh... Vanessa? _ Riu, olhando pela janela_ Preciso acertar as contas com ela.


Quando a limusine parou no hall de entrada, Morgan desceu confiante, mesmo tudo desabando à sua volta. Assim que desceu, foi bombardeado por uma série de flashes curiosos. Alguns paparazzis se encontravam naquele local, prontos para fotografar qualquer famoso convidado, mesmo não sabendo quem seria. Imagine se soubessem que, diante deles, se encontrava o homem mais odiado do mundo? O homem que estava indo à falência. Imagine se soubessem que esse homem estava indo ao baile de máscaras que fora convidado e Deus, como fora tão burro de aceitar?


Com certeza os flashes não parariam se soubessem. Afinal, virou pauta de tantas reportagens nas últimas semanas que a sua presença era maior do que qualquer artista de sucesso naquele recinto. Afinal, quem não gosta de uma fofoca?


Com sorte, Morgan não era um homem que perdia sua compostura tão facilmente. Sabia que estava no fundo do poço, completamente ferrado, com uma reputação de repugnar, mas mantinha a cabeça erguida enquanto caminhava por aquele tapete vermelho. Fora um rei cruel, seu pai lhe ensinava assim, mas também ensinava como seus súditos deveriam o temer.


Olhou para aquele salão em estrutura barroca, que compunha arestas firmes revestidas de pedras, e sentiu uma leve nostalgia. Charles era quase barrado de entrar, de tantos jornalistas em sua volta querendo seu parecer, mas manteve-se firme ao entrar dentro do salão. Lá, haviam diversas estátuas de renomados artistas, que detalhavam o corpo humano em seu mais complexo interior. Quadros iluministas estavam espalhados pelas paredes, bem como uma decoração completa de flores em cores cremes e vermelhas. Os lustres eram o mais puro requinte: em luzes douradas que iluminavam em um aspecto retrô.

O Rei TiranoOnde histórias criam vida. Descubra agora