27 - O gás de cada um.

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Naquele fim de tarde um sentimento opressor deixou Rafael extremamente inquieto ao sair da delegacia. Recebera uma ligação de Isaac dizendo que já estavam no aeroporto esperando o voo e que tinham notícias escabrosas, aflito temia pela vida do amigo e de seus pastores, suspirou imaginando ser essa a causa de tal sentimento ou se ainda o cansaço por estar há dias sem dormir direito.

- "Senhor meu Deus e Senhor, seja o Senhor comigo e que esse sentimento seja apenas fruto do estresse e cansaço, que o Senhor esteja a cuidar de todos que colocastes na minha vida, traga a Sofia em paz para casa, acampe Seus anjos ao redor do meu irmão, seja o Senhor com o piloto do avião que está trazendo seus servos, Pai, proteja todas as pessoas que indiretamente nós estamos envolvendo nessa investigação, em Nome de Jesus, ó Pai, estou aqui para fazer a Tua Vontade". - Orou.

Cantarolando um hino, ligou o carro, no intuito de ir para casa, porém, franziu a testa ao parar em frente ao bar do Evil, olhou para o local e estranhamente estava vazio, nem mesmo Romano que nunca saía daquele balcão estava lá, sentiu novamente o aperto no coração e tornou a orou a Deus por proteção e discernimento, não sabia exatamente o que o levara ali naquele momento, mas no íntimo sabia que se Deus o havia enviado ele apenas devia obediência.

Saiu do carro fechando a jaqueta, a rua deserta e o vento frio dava um ar de mistério fantasmagórico, voltou-se ao carro e pegou a arma a colocando dentro da jaqueta, adentrou chamando por Romano, mas o silêncio lhe deu mais calafrios, suspirando pulou o balcão e entrou pela porta que sempre via Romano entrar e sair.

Franziu o cenho ao se deparar com um escritório como outro qualquer se recordou das câmeras da tal sala de segurança de onde o Bernardo ficara observando Beatriz e posteriormente a ele próprio, curiosamente não havia nada naquele lugar além de equipamentos e materiais de escritório.

- Romano, Evil? Cadê vocês? Caras o bar está aberto. - Disse naturalmente olhando as coisas como se estivesse apenas curioso. - "Onde fica a tal sala?" - Pensou intrigado.

Viver em um lar desestruturado e violento lhe trouxeram algumas vantagens, como estar sempre atento a qualquer ruído por menor que fosse ou a algo que parecia fora do lugar, fechou os olhos se concentrando, silêncio total.

- "O que poderia ter acontecido para que saíssem todos deixando o bar aberto?" - Pensou intrigado abrindo os olhos.

Atentamente olhou ao seu redor, a não ser que Bernardo tenha lhe mentido, coisa que sinceramente duvidava, tinha que haver outra sala por ali, mas onde?

Voltou ao bar, havia outra porta que dava acesso à cozinha e as outras eram os banheiros, insistentemente voltou ao escritório, ele estava deixando passar alguma coisa ali, seu olhar insistia em parar na estante vazia, cruzou os braços diante do móvel com meio sorriso.

- Qual a sua função minha cara estante? Você não seria um criado amaldiçoado da 'fera', seria? - Brincou sorrindo, com a mão no queixo. - Definitivamente as histórias de Granville estão subindo à minha cabeça. - Sussurrou sacudindo a cabeça.

Aproximou-se do móvel empurrando-o, sem nenhuma surpresa encarou a entrada à sua frente.

- Até quando você faz uma coisa certa você erra! - Ouviu a voz do pai e suspirou. - Que diabo está fazendo aqui sozinho?

- "Oh, Deus! Por que essa ilusão insiste em me atormentar?" - Perguntou-se pegando o celular.

Estou no bar do Evil. Passagem secreta. - Escreveu rapidamente e enviou.

Fez uma discagem rápida, ligou a lanterna entrando na passagem escura.

- Na sua casa também tem um local secreto? - O pai gargalhou. - Obviamente que não, o que você esconderia lá? As cartinhas que você escrevia para Deus quando criança? - A gargalhada do pai o perseguiu e ele fingiu não ouvi-la.

Deus, o Policial e a Enfermeira.Onde histórias criam vida. Descubra agora