Segunda. Estamos brigados

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Acordei com vontade de morrer, lembrei de tudo que aconteceu ontem e queria apenas me enfiar num buraco, olho pros lados e vejo só algumas pessoas do meu time ainda dormindo e o Bokuto não era umas delas, me levanto e vou em direção ao refeitório e vejo algumas pessoas, o Kōtarō que estava conversando com o Kuroo e o moreno que não sei o nome, ele me avista e me chama, eu não respondo e ele decidi vim até mim.

- Agaashe. - Antes que ele pudesse falar outra coisa eu falei primeiro.

- Não me chame assim, esse não é meu nome. - Me afastei e fui em direção ao moreno de olhos azuis com quem eu estava conversando antes, o Kageyama.

Ele me fez várias perguntas, ele e o pequeno ruivinho, eu não respondi metade, mas eu disse que estava tudo bem e que só foi um gatilho e por isso que eu estava chorando. Conversamos por vários meses até que eu vejo o Kuroo trazendo o Kenma junto com ele, aparentemente o de cabelo espetado subiu lá para cima para acordar o garoto, que logo me viu e veio até mim

- Akaashi, vamos conversar um pouco sozinhos?

- Tá.

O garoto me levou pra um canto do refeitório mais afastado das pessoas que estavam lá.

- Sobre ontem, o Kuroo e ele-. - Antes que ele terminasse de falar, eu o interrompi.

- Eu não quero saber o que eles conversaram, nem um pouquinho.

- Desculpa, não vou te obrigar ouvir uma coisa que você não quer, só me fala... Você está bem?

Eu fiquei em silêncio por alguns segundos. - Eu tenho nojo de mim mesmo, de noite eu fechei meus olhos e segurei minha respiração o máximo possível, eu chorei constantemente e pateticamente por completos 23 minutos.

Foi a vez do Kenma de ficar em silêncio, ele só chegou mais perto e me abraçou.

- Akaashi... Você é muito importante pra mim, eu não sei muito sobre você, mas sempre reparei nas suas cicatrizes... Por favor, não faz isso de novo

- O Bokuto pediu pra eu não fazer isso... Eu não quero que as pessoas se preocupem comigo, não tem nada do que se preocupar, eu não quero que as pessoas tentem entender por que eu sou do jeito que eu sou, porque eu deveria ser a primeira pessoa a entender e eu ainda não entendo.

- Você já me disse que não se acha especial, mas se os outros se preocupam com você, isso significa que você é especial para eles.

- Eu não quero fazer a mesma coisa que o meus pais fazem comigo, eu só vou resfriar a cabeça e depois conversar com ele.

- Não se esquece que eu vou estar aqui pra conversar com você, estou aqui pra te apoiar e te ouvir.

- Obrigado.

- Vamos conversar sobre outra coisa.

Antes de irmos até um banco, novamente o Bokuto chega até mim

- Aconteceu algo Kōtarō?

- Você sabe o que é, você não vai escutar nem um pouco?

- Agora? Não, não tô afim de conversar agora, depois você me chama. - Peguei o pulso do loiro e nos direcionamos para um banco.

Ficamos conversando por vários minutos e até mesmo veio pessoas do time dele e do meu time participar da conversa, mas a única coisa que eu percebi era o Kōtarō me encarando com uma expressão triste e em vários momentos eu olhava pra ele, e ele desviava o olhar, escondendo o rosto olhando para o outro lado.

- Akaashi.

- AKAASHI!

- Ah, oi! - O Yamato me chamou.

- No que você tá pensando? Os treinadores acabaram de vim aqui, eles estão chamando a gente pra ir aquecer para os jogos. - Eu estava pensando no que conversar com o Bokuto e acabei não prestando atenção em nada em minha volta.

- Você já terminou de comer? Se sim vamos. - Eu não estava com fome, mas eu comi um pouco para o Yamato não querer me matar.

- Já, já comi.

- Ótimo! - Ele pega meu braço e me puxa.

Não preciso nem falar pra acreditarem, aquecemos e a nossa partida foi contra o Karasuno e foi HORRÍVEL, eu mal conseguia levantar e quando eu consegui, o Kōtarō não conseguiu atacar, e o bloqueio? Piorou, meu braço ficou parecendo uma amoeba de tão mole, eu até tentei me concentrar, mas não deu certo de jeito nenhum. Quando perdemos, o treinador chamou eu e o Bokuto para conversar e não ajudou em nada, fez com que nós ficasse se encarando e falar o que estava acontecendo entre nós dois, o Yamato contou que algo estava acontecendo e no final não falamos nada, só ficamos lá, se encarando e eu tentando não chorar enquanto lembrava das palavras dele. "Agaashe você é não colocou a foto dele... Sou eu? Não né? Eu não gosto desse tipo de coisa, mostra a foto".

Anoiteceu e eu não sabia o que fazer, eu só queria me isolar de todos e ficar em um canto totalmente sozinho, mas obviamente não deu certo, enquanto eu tentava me esconder escutei passos atrás de mim.

- Agaashe... Por favor, me escuta, eu só quero conversar um pouco.

- Já mandei você parar de me chamar assim e eu não quero conversar, você está me estressando.

- Desculpa.

Enquanto eu olhava irritado pra ele, ele se virou de costas e foi embora. Que merda, eu estou agindo que nem aqueles idiotas, apenas peguei minha mochila e fui procurar o Yamato, consegui sentir meu rosto ficar molhado com as minhas lágrimas.

O treinador Ukai, que é da escola Karasuno, chama todo mundo para tomar banho, comer, todo mundo ficou conversando mais um pouco e logo depois fomos dormir, no quarto, consegui ouvir o Bokuto do meu lado fungando, ele estava chorando, eu queria ir até ele e o abraçar... Eu estava me sentindo tão culpado por tudo que eu falei.

°a Dama e o Vagabundo || Bokuaka°Onde histórias criam vida. Descubra agora