Pov: Bokuto.
Dia 10 de outubro. Ontem eu vim aqui para conversar com o Akaashi, nada novo. Ele continua do mesmo jeito e com a mesma expressão, mas novamente eu estou a caminho do hospital depois da escola, não estou participando do clube... Prefiro ficar olhando ele dormir, pelo menos assim eu consigo saber que ele está bem e seguro do mal que o persegue.
No quarto do hospital lá está ele, continua lindo mesmo em coma. Sempre trago uma rosa, tem várias no jardim e sempre tenho o maior cuidado para retirar todos os espinhos, as que eu trouxe antes, já estão murchando. Não tem problema nisso, pelo menos ele vai saber que eu estive aqui todo esse tempo esperando impacientemente seus olhos se abrirem... Acho que esse dia chegou, observando percebi que seus olhos tremerem, aos poucos foram se abrindo e a cor azul aparecendo devagar.
Ele acordou.
Ele levantou seu corpo e começou a olhar em volta desnorteado. - Que? - Ele disse.
Meus olhos estavam cheios de lágrimas. - Agaashe?
- Você está vivo?
- Caralho, vai se fuder. Eu pensei que você ia morrer, uma semana em coma... Você quer que eu morra do coração?
- Uma semana? EU FIQUEI UMA SEMANA SEM LAVAR O CABELO? - Ele coloca a mão na cabeça.
- NÃO! VAI PRA PUTA QUE PARIU!
- Que ousadia!
- Ousadia nada! Você tem noção dos litros de lágrimas que eu derramei? Eu quase entrei em coma junto com você...
- Vem aqui.
Me aproximo e agacho na frente da cama, ele lentamente leva a minha cabeça em cima de sua perna. Eu deveria chamar uma enfermeira para fazer check-up, mas é tão mais gostoso ficar apenas nos dois em um silêncio, ele acaricia minha cabeça devagarinho.
- Por que está chorando? Todos nós vamos morrer.
- Agaashe, cala boca.
- Não é mentira.
- Você é muito jovem, então devemos aproveitar isso. Daqui a alguns anos você não vai nem poder sair para se divertir porque vai estar ocupado demais com o trabalho e seus filhos não vão ter o amor paterno que eles merecem.
- Credo! Vira essa boca pra lá, fica colocando praga nos outros.
Outros minutos se passam, apenas silêncio e o barulho do meu choro de fundo. Só acabou quando um médico entrou e percebeu que ele acordou, eu tive que sair da sala para eles verificarem se está tudo bem. Foram alguns segundos que parecerem horas, ficar longe dele me deixa apavorado, depois daquele dia eu não quero nunca mais ficar longe dele. Depois desses minutos mais demorados da minha vida, eles me dão permissão para entrar no quarto.
- Ah, Deus. - Eu falo.
- Está tudo bem, provavelmente daqui a 2 ou 3 dias eu vou voltar. Minha tia está vindo.
- Meu peito dói, você não imagina como eu estou feliz.
- Eu não imaginei que isso ia acontecer.
- Jura? Mais de 5 remédios é normal, então?
- Bem... Eu tava nervoso e só coloquei o que eu vi na boca. - Ele diz desviando o olhar. - Sabia que eu tive um sonho longo?
- Só um? Durante uma semana?
- Sim, nele falava que você tinha morrido, eu fiquei desesperado...
- Mas eu estou aqui! Certo?
- Sim, querido. - Ele sorriu para mim.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Surtos internos.
- Eu fiquei uma semana sem te beijar, estou sem energia. - Eu disse.
- Mentirosinho... Vai me dizer que não me beijou enquanto eu estava dormindo?
- Não, qualquer coisa sem a consideração da outra pessoa é abuso.
- Hm. Vem aqui.
Ele se aproxima com a mão em minha bochecha, de poucos e poucos, ele vai me puxando para perto. Sua mão foi para minha boca e começou a acariciar meu lábio.
- Acho que não, minha tia deve estar chegando. - Ele se afasta totalmente falando num tom irônico.
- Que?! Nem um selinho?
- Nah, minha tia não gostaria de ver isso.
Meu celular tocou, era a minha mãe. Ela perguntou se eu poderia voltar para casa, minha irmã está doente e a culpa é minha. Mas eu não sabia que ela estava lá, meio que ela ouviu a conversa sobre o Agaashe estar em coma e ela adoeceu. Os dois nem conversaram tanto, mas a garota já considera ele como um irmão mais velho.
- Vou ter que ir agora. - Eu disse.
- Não, você não vai me deixar, né? - ELE DISSE EM UM TOM DE DESESPERO?
- É você que não quer me beijar. - Falei brincando.
- Por favor, eu não gosto de hospitais, não me deixe aqui sozinho. - Não consigo entender, sou lento demais para isso. Ele está brincando? Não consigo ler as expressões das pessoas como ele.
- Minha irmã ficou doente quando descobriu que você estava aqui, preciso ajudar ela.
- Você promete voltar, né?
- QUE? POR QUE EU NÃO VOLTARIA? EU TE AMO!
- Não gosto de ficar nesse lugar.
- Não se preocupe, Gaashi. Eu prometo que vou ficar te acompanhando aqui até você receber alta.
Finalmente ele deixou o beijar, foi rápido e calmante. Quando eu tive que ir, deu para perceber uma pequena lágrima descendo lentamente pela sua bochecha, talvez se eu trazer minha irmã aqui seja melhor para os dois e ela melhore junto com ele. A coisa que eu mais quero é conhecer a tia dele! Ele me diz coisas tão lindas sobre ela que me fazem pensar que ela é a minha verdadeira sogra, eu espero que ela nos aceite e que possamos ter paz. Contar a novidade para todo mundo não foi fácil, eu chorei muito, tanto que eu não conseguia falar que ele finalmente voltou, mas com tanto esforço e xingamento dos outros eu consegui. Minha irmãzinha ficou tão feliz, a febre dela abaixou e aparentemente está mais ativa.
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°a Dama e o Vagabundo || Bokuaka°
FanfictionUma história de romance colegial entre Keiji Akaashi e Kōtarō Bokuto, mas ops... Akaashi não tem uma vida fácil. Você pode acabar tendo gatilho porque a história retrata abuso, problemas familiares, automutilação, agressão e outros assuntos. Minha...