Capítulo 47

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Dallas

No dia seguinte, acordo com o som insistente do meu celular tocando. Olho para a tela e vejo o nome da minha mãe. Suspiro profundamente, já prevendo uma conversa tensa, mas atendo.

— Alô?

— Bom dia, querida — a voz dela soa doce, mas eu sei que é apenas uma fachada. — Podemos conversar?

— Claro, mãe — respondo, tentando manter a calma. — O que você quer?

— Sobre ontem à noite — ela começa, hesitando um pouco. — Acho que exageramos. Eu só queria entender melhor o que está acontecendo com você, saber como está sua vida.

— Mãe, você nunca se interessou de verdade pela minha vida — respondo, a mágoa evidente na minha voz. — Mas tudo bem, se você quer entender, vamos lá: eu e Jimin estamos juntos, estamos bem, e eu realmente gostaria que você e Jack respeitassem isso.

— Eu só me preocupo com você, querida. E Jack também — ela diz, tentando soar convincente. — Você é nossa filha, nós te amamos.

— Se realmente se preocupassem comigo, não fariam de tudo para me separar de Jimin — retruco. — Eu só quero ser feliz, mãe. É pedir muito?

— Não, não é — ela responde, sua voz mais suave agora. — Eu entendo. Só quero que você saiba que estou aqui para você, mesmo que não pareça.

— Obrigada, mãe — digo, sem muita convicção. — Espero que possamos melhorar as coisas entre nós.

— Eu também espero, querida — ela diz, e pela primeira vez, sinto um pouco de sinceridade em suas palavras. — Cuide-se, tá bom?

— Pode deixar — respondo, encerrando a ligação.

Coloco o celular de lado e suspiro novamente. Jimin, que estava ao meu lado, me observa com preocupação.

— Está tudo bem? — ele pergunta, acariciando meu braço.

— Acho que sim — respondo, tentando sorrir. — Ela disse que quer melhorar as coisas. Vamos ver se isso é verdade.

— Espero que sim — Jimin diz, me puxando para um abraço. — E se não for, você sabe que sempre terá a mim.

— Eu sei — murmuro contra seu peito, sentindo-me um pouco mais esperançosa.

Enquanto Jimin e eu começamos nosso dia, me pego pensando que, talvez, as coisas realmente possam melhorar. Talvez minha mãe realmente queira tentar. E se não, pelo menos eu sei que não estou sozinha nessa.

Sei que guardo muita mágoa em relação à minha mãe por ter deixado Jack e eu sozinhos. Crescer sem a presença dela, sem seu apoio e carinho, deixou marcas profundas. É difícil superar a sensação de abandono, a dor de não ter tido uma mãe presente. Ela sempre se importou apenas com o trabalho, assim como meu pai. Ambos estavam mais focados em suas carreiras do que em nós.

Lembro-me de noites em que Jack e eu nos perguntávamos onde ela estava, por que não se importava conosco. Tínhamos apenas um ao outro, e isso criou um vínculo forte entre nós, mas também um ressentimento profundo em relação a ela. Ver minha mãe agora, tentando se reaproximar, desperta emoções conflitantes. Parte de mim quer dar uma chance, acreditar que ela realmente se arrepende e quer fazer as pazes. Mas outra parte, aquela que sofreu com sua ausência, é mais cética e cautelosa.

Conversa após conversa, briga após briga, sinto que estou sempre na defensiva, sempre esperando que ela vá embora novamente. Talvez seja uma forma de me proteger, de evitar a decepção. Mas, ao mesmo tempo, quero tentar perdoar, deixar para trás essa mágoa que carrego. Sei que não será fácil, mas preciso tentar, por mim, por Jack, por todos nós.

Eu estava perdida em meus pensamentos quando Jimin, percebendo minha angústia, me puxa para mais perto.

— Eu sei que é difícil — ele diz suavemente, como se pudesse ler meus pensamentos. — Mas você não precisa enfrentar isso sozinha. Estou aqui com você.

— Obrigada — sussurro, sentindo lágrimas começarem a se formar. — Eu só... é tanta coisa acumulada, tanta dor.

— Vamos superar isso juntos, ok? — Ele me assegura, beijando minha testa. — E lembre-se, é natural se sentir assim. É um processo, e você tem todo o direito de levar o tempo que precisar para perdoar ou não.

Abracei Jimin mais forte, grata por seu apoio incondicional. Eu sabia que o caminho à frente seria complicado, mas com ele ao meu lado, sentia-me um pouco mais forte, um pouco mais capaz de enfrentar meus demônios internos e, quem sabe, eventualmente, encontrar a paz que tanto desejo.

Jimin vai tomar banho e, enquanto estou na cama, o celular dele começa a tocar.

— Amor, seu celular está tocando! — chamo, mas ele não responde de imediato.

— Atende, docinho! — Jimin grita do banheiro, reclamando como se fosse uma obrigação minha, sendo que é o celular dele.

Resmungo um pouco, mas acabo atendendo.

— Alô?

— Finalmente! Vocês só dormem! — Jack reclama, irritado.

— Oxi... o que você quer? — pergunto, curiosa.

— Resolver as coisas... — ele diz baixo, como se estivesse envergonhado.

— Precisava ser tão cedo? — pergunto, enquanto Jimin sai do banheiro, curioso.

Ele se aproxima, ainda enxugando o cabelo, e me lança um olhar interrogativo.

— Quem é? — Jimin pergunta, secando-se.

— É o Jack — respondo, cobrindo o microfone do celular.

Jimin suspira, visivelmente cansado dessas idas e vindas com Jack.

— O que ele quer? — Jimin pergunta, com um tom ligeiramente irritado.

— Quer resolver as coisas — digo, olhando para Jimin em busca de orientação sobre como prosseguir.

— Tudo bem, vamos ver o que ele tem a dizer — Jimin murmura, resignado.

Volto minha atenção para o telefone.

— Ok, Jack. O que exatamente você quer resolver? — pergunto, tentando manter a calma.

— Podemos nos encontrar para conversar? — Jack sugere, parecendo um pouco mais calmo agora.

Olho para Jimin, que dá de ombros, indicando que está disposto a ouvir.

— Onde você quer se encontrar? — pergunto.

— Já estou aqui na porta — Jack responde.

— Tá bom. Vou descer e abrir a porta, o resto é com você — aviso, notando a animação na voz de Jack.

Desligo a chamada e me levanto da cama. Caminho até o closet, me visto rapidamente, e desço para abrir a porta. Jack está parado usando um moletom com capuz, cobrindo metade de seu rosto. Quando ele me vê, tira o capuz e percebo que seu rosto está um pouco inchado, como se tivesse chorado na noite anterior.

— Amor? — Jimin desce as escadas, confuso, enquanto veste uma camisa, e logo nota a presença de Jack. Os dois se encaram por um breve momento, até que dou espaço para Jack entrar em casa. Eles ficam frente a frente, calados, e eu dou uma tosse falsa.

— Então... Eu vou... Eu vou fazer o café da manhã — digo, dando uma desculpa qualquer, e deixo eles sozinhos.

Na cozinha, começo a preparar o café, mas mantenho a orelha atenta à conversa que está prestes a acontecer na sala. O ambiente está carregado de tensão, e não posso evitar sentir uma pontada de ansiedade sobre como essa conversa vai se desenrolar.

Jimin e Jack permanecem em silêncio por alguns segundos, até que Jack finalmente fala.

O amigo proibido Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ