Capítulo 49

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Dallas / Sn

Estava fazendo o café da manhã quando Jack entra na cozinha e encosta no batente da porta. Ele me observa por alguns segundos antes de começar a dizer algo.

—Me perdoa - ele diz, simples, e eu dou um leve sorriso, ainda de costas para ele.

—Devo te perdoar por quê se arrependeu ou por quê está carente e sozinho? - pergunto, debochando, e ele respira fundo.

—Porque me arrependo do que fiz - ele diz, envergonhado, e eu continuo cozinhando sem olhá-lo.

—E o que você fez pra tá me pedindo perdão? - pergunto.
Preciso que ele diga cada merda, preciso que ele veja, que ele perceba e entenda o que eu passei por culpa dele.

—Me desculpa por tudo. Por ter me intrometido na sua vida e afastado pessoas dela sem a sua permissão, por ter virado as costas para você quando mais precisou, por ter tentado terminar o seu relacionamento por puro ciúme e inveja, por ter enfiado uma faca nas suas costas e acabado com sua confiança em mim. Me desculpa por ter sido um irmão horrível, que não te apoiou, que não cuidou de você como deveria, que se afastou e te trocou por uma qualquer que apareceu na minha vida. Deixei minha paixão e desejo serem maiores do que meu amor por você. Eu fui um estúpido, um idiota, principalmente por ontem ter tentado virar nossos pais a meu favor, só pra poder arruinar seu relacionamento. Eu fui ciumento, idiota e egoísta, só pensei em mim o tempo inteiro e não me importei com o que você estava sentindo, o que estava passando - ele para um pouco, respira fundo e abaixa a cabeça - Não sei mais o que dizer, só sei que sinto sua falta, que sinto saudades. E a verdade é que eu preciso mais de você do que você de mim. E eu não sei mais o que fazer pra poder me desculpar e fazer você voltar a confiar em mim. Eu só sei que te amo muito e não vou mais me afastar, não vou deixar mais nada atrapalhar o que temos. Além de irmãos, nós somos melhores amigos e só agora pude ver isso e entender. Não quero ser como nossos pais. Te prometi que eu não seria como eles e, de repente, quando fui ver, eu estava agindo exatamente como eles. - Jack para de falar e finalmente levanta a cabeça para me olhar. Ele estava com os olhos cheios de lágrimas, seu semblante cansado deixava claro que ele não havia dormido essa noite.

Eu permaneço em silêncio, deixando que o som dos ovos fritando na frigideira preencha o espaço entre nós. Sinto uma mistura de raiva e tristeza se agitando dentro de mim. As palavras de Jack ecoam na minha cabeça, cada confissão um lembrete doloroso das feridas que ele abriu em mim.

Finalmente, desligo o fogão e me viro para encará-lo. Vejo um irmão diferente daquele que eu conhecia: mais vulnerável, mais arrependido.

—Tudo bem, eu perdoo, mas preciso deixar claro uma coisa: não confio em você, não confio no que diz ou no que faz por mim. Não vejo verdade em você e não vou fingir que vejo. Não estranhe se eu estiver distante de você; você causou isso, você quis isso e você conseguiu. Estou avisando porque não quero que me culpe por algo que você mesmo fez - reclamo, e ele concorda cabisbaixo. - Você é meu irmão, você não deveria ter me deixado, não deveria ter virado as costas para mim, não deveria ter feito tudo o que fez. Eu não merecia isso. Por que você foi tão ruim comigo? - meus olhos lacrimejam e eu respiro fundo antes de prosseguir. - Estou cansada de ser boazinha com você, de tentar consertar as coisas. Eu não devo nada, não devo explicações e não é minha responsabilidade tentar resolver algo que não fui eu quem destruiu. Você deveria estar se preocupando com isso. Eu cansei, não vou mais correr atrás de você. Quer que tudo volte ao normal? Então arrume isso - desabafo, e ele respira fundo e caminha até uma cadeira. Ele se senta e me olha sério.

—Ok, mas como posso arrumar isso? - pergunta, e eu dou um leve sorriso debochado.

—Você destruiu tudo sozinho, então arrume sozinho. Eu não vou te dar um manual de instrução de como recuperar minha confiança, até porque isso não existe. Não é assim que as coisas funcionam - falo, brava, e ele abaixa a cabeça novamente.

- Sabe, Jack, palavras são fáceis. Desculpas são fáceis. - minha voz sai mais fria do que eu pretendia. - Mas as ações, elas falam mais alto. E as suas ações me machucaram muito. Não é algo que vou esquecer de um dia para o outro.

Ele baixa a cabeça novamente, as lágrimas agora escorrendo livremente pelo seu rosto.

- Eu sei - ele sussurra. - Eu sei que não posso mudar o passado, mas estou disposto a fazer qualquer coisa para consertar o que estraguei.

Respiro fundo, tentando controlar as emoções que ameaçam transbordar.

- Prove, Jack. Prove que mudou. Vai levar tempo, muito tempo, para eu voltar a confiar em você. Mas estou disposta a te dar essa chance.

Ele levanta a cabeça, uma centelha de esperança brilhando em seus olhos.

- Obrigado - ele diz, com a voz embargada. - Eu não vou te decepcionar de novo. Prometo.

Não sei se devo permitir, não sei se devo dar alguma brecha. Eu não quero ser dura demais com ele, mas também não quero facilitar as coisas ao ponto de fazer ele achar que vai recuperar fácil e rápido minha confiança.

—Posso te abraçar? - ele pergunta.
— Não - respondo friamente.
Sinto meu coração apertar só de ter rejeitado seu abraço, seu toque, seu carinho. Eu sinto saudades dele, sinto saudades de ter o meu irmão ao meu lado, mesmo com tudo o que acontecia no passado: o ciúme, a chatice e as brigas. Mesmo com tudo isso, eu sinto falta de ter um irmão, de ter alguém para contar, de ter alguém em quem confio de olhos fechados. Quer dizer, não me entenda mal, eu confio no Jimin. Mas Jack... ele é meu irmão. Eu não sei como explicar isso... Não sei o que falar.

—Sinto muito - Jack se levanta e sai.
Jimin entra na cozinha e se senta.
—Você não o abra... - Jimin tenta falar, mas eu não.
—Não - corto sua frase pelo meio e ele ergue as duas mãos para cima como se estivesse se rendendo.
—Tudo bem, tudo bem... Eu não vou tocar nesse assunto se você não quer - ele respeita minha decisão e respira fundo.
—Obrigada - agradeço e volto a fazer o café da manhã.
—Só preciso saber se você está bem - ele fala e se levanta.
Ele caminha em minha direção e eu respiro fundo antes de o abraçar.
—Estou com você em qualquer decisão que tomar. Se quer ele longe...
—Estou bem. Deixa ele resolver tudo e como vai recuperar minha confiança - falo simples, dando de ombros, e ele beija meu ombro.
O perfume do Jimin estava me causando náuseas.

— Você trocou de perfume? - tentando entender o motivo da sensação desagradável.
— Não, é o mesmo de sempre. Por quê? - ele responde, mas a confusão não faz sentido para mim.
— Esse cheiro está me fazendo querer vomitar. - enquanto saio correndo em direção ao banheiro, lutando para não deixar que o mal-estar tome conta de mim.

O amigo proibido Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang