Capítulo 11 | Cortes que doem na alma

3.4K 386 149
                                    

Não, eu não nasci com todas essas cicatrizes
E foi isso que me fez assim
Não, você pode me culpar?
Não
Eu não nasci assim
Mas pessoas machucada machucam pessoas
Eu preferiria ser sem coração
Do que ter meu coração em pedaços

Born Without a Heart — Faouzia

1 de Setembro, Domingo, 9:00 horas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

1 de Setembro, Domingo, 9:00 horas

— Já, e por que está perguntando? — Sustentei sua zombaria com firmeza, enquanto descia as escadas com um passo resoluto.

— Não tem nenhum motivo especial... Você deve ter feito algo horrível para chegar a se confessar. — Carolina deu de ombros, sua atitude desdenhosa sublinhada pela falta de interesse aparente.

Ambas nos dirigimos para o carro estacionado ao longo da calçada. O movimento naquela manhã desenrolava-se lentamente; poucos carros iam e vinham pelas pistas como rajadas de vento, seus pneus arranhando o asfalto de concreto. As folhas das árvores e dos coqueiros ao redor do edifício permaneciam imóveis, devido à brisa fraca que vinha de direções diferentes. O calor habitual da manhã persistia, sem a frescura que só surgiria à noite.

— Eu apenas fui conversar com o padre... Faz muito tempo que eu não venho aqui.— Ela não disse nada para me incomodar, apenas continuou indiferente e me seguiu.

— O outro padre foi afastado de suas funções, e o atual é um substituto. Acredito que você deve ter notado isso, pois não seria tão burra a esse ponto.

— Por que ele foi suspenso?

Eu tinha quase certeza do motivo por trás da suspensão, mas uma confirmação era necessária para matar a minha curiosidade. Não esperava que minha irmã fosse a responsável por fornecer tais detalhes, especialmente enquanto conversávamos de forma tão casual.

Embora o sacerdote se proclamasse cristão e fingisse ser devoto a Deus, sua conduta não correspondia à posição que ocupava. Nunca me simpatizei com ele; estava clara a dissonância entre a fachada de piedade que ele ostentava e a verdadeira natureza de seu caráter. Por trás daquela imagem de bom fiel, algo podre e repugnante se escondia, manifestando-se em sua postura e atitudes que desrespeitavam os princípios que pretendia representar.

— Ele acabou assediando uma — Hesitou por um breve momento, seu olhar se desviando ligeiramente. — Adolescente. — A revelação fez com que eu esfregasse os braços involuntariamente, a menção ao assédio trazendo à tona uma sensação de repulsa visceral.

Aquilo mexia comigo e causava um desconforto que se manifestava fisicamente, revirando meu estômago.

Os braços começavam a formigar, a mente viajando para longe.

A IlusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora