Capítulo 14 | Cemitério

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Me diga quem vai me salvar de mim mesmo
Quando essa vida é tudo que conheço
Me diga quem vai me salvar desse inferno
Sem você, estou completamente sozinho

Pray For Me — feat. The Weeknd

3 de Setembro, Terça-feira, 11 horas e 30 minutos da manhã

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3 de Setembro, Terça-feira, 11 horas e 30 minutos da manhã

Os mortos não podiam fazer nada durante o sono eterno.

Eles não machucavam ninguém. Viviam suas vidas em algum lugar, tranquilos e solitários.

Mal sabiam o que se passava aqui fora.

E isso era bom...

Eles não se preocupavam com nada, nem mesmo com os lamentos dos seus familiares chorando por seus entes queridos.

A verdade é que ninguém liga pra você enquanto está vivo.

Mas na morte, à medida que o cérebro se desliga do corpo e você está à beira do precipício, são os primeiros a fazer fila perto do seu caixão, brigando para terem a oportunidade de se despedirem quando já não há mais vida e todos os seus sentidos estão desligados, desconectados deste mundo.

O quanto isso é hipócrita?

Eu não sei...

Se você nunca deu valor enquanto alguém da sua família estava vivo, por que choraria no seu enterro, fingindo que o amava...?

Era difícil entender a mente dessas pessoas.

Pressionei os dedos finos contra a alça da mochila, parando em frente às lápides de concreto combinado com mármore, que criavam um contraste elaborado e bonito, afastando a sensação de vazio e feiúra.

As fotos de Edgar e Alya estavam gravadas em uma placa fria de porcelanato, com seus sorrisos se alargando até o canto da boca.

Os olhinhos de minha avó apertados devido à sua alegria contagiante, e a expressão neutra de Edgar, mesmo que um sorriso estivesse estampado em sua face.

Estava nítido que ele foi forçado a tirar a foto, e por ninguém menos que sua esposa.

Ele não conseguia esconder suas emoções como o meu pai.

Já Alya... ela era calma. Sabia como contornar discussões e sempre se mantinha quieta, evitando falar muito.

Na parede de pedra havia desenhos decorativos com aquilo que eles gostavam de fazer antes de sua morte.

O crochê de Alya, o qual ela nunca largava por nada neste mundo, sempre fazendo peças de roupas novas ou inventando algo.

E o friesian de Edgar, aquele que ele sempre idolatrou. Adorava cavalgar com o animal pela floresta, ficando horas lá, até que caísse a noite para voltar para casa.

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