Capítulo 10 | Sem provas, sem autor do crime

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É cada vez mais difícil fazer com que você ouça
A medida que eu avanço
Incapaz de fazer as escolhas certas
E tendo ideias ruins

Why'd You Only Call Me When You're High? — Arctic Monkeys

Why'd You Only Call Me When You're High? — Arctic Monkeys

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1 de Setembro, Domingo, 6:50 horas

Naquela manhã, a quietude na casa era perturbadora. Nenhum som vinha da cozinha, nem mesmo os passos característicos de Dominique ecoavam pelos corredores. Apenas o zumbido distante dos motores dos carros que chegavam quebrava o silêncio. Receber visitas tão cedo era incomum e intrigante.

Ajustei as mangas da minha camisa social preta ao fechar a porta do quarto, percorrendo o corredor vazio até alcançar a escada. Todos os membros da minha família estavam ali, em silêncio, trocando olhares que pareciam aguardar algo, talvez minha chegada...

— Bom dia! — Cumprimentei a todos antes de dirigir-me à cozinha. Precisava de uma boa dose de café para enfrentá-los.

Ninguém respondeu, nem mesmo Francesca, que normalmente mantinha seu sorriso ao ver o filho preferido. Enrico permanecia de braços cruzados ao lado de Dominique, cuja testa exibia um franzido de confusão.

Abri os armários, buscando uma xícara entre as opções disponíveis. Dirigi-me então à cafeteira, onde enchi a xícara com uma quantidade generosa de café. O ambiente ao meu redor permanecia tranquilo, cada objeto cuidadosamente arrumado, sugerindo que já haviam desfrutado do café da manhã ou ainda não tinham iniciado o ritual matinal. O café exalava um aroma fresco, exatamente como eu prefiro, indicando que fora preparado recentemente.

Levei a xícara aos lábios, tomando um gole com cautela para evitar queimar a língua, já que precisava dela intacta.

Retornei à sala, incomodado com o maldito silêncio que pairava. Normalmente, meu pai teria feito algum comentário mordaz ao me ver, mas hoje havia algo diferente em seus olhos gélidos.

— Estamos comemorando algo? — Perguntei, ao lado de Alessia, segurando firmemente sua bolsa, suas unhas pressionando o couro rosa.

Intercalei meu olhar entre ela e Xavier, as mãos estavam entrelaçadas, e observei sua mandíbula cerrada enquanto ele encarava Enrico, cujo olhar estava fixo em algum ponto distante.

— Ainda tem a cara de pau de perguntar? — Domenico foi o primeiro a romper o silêncio, erguendo a cabeça para me olhar.

— Não sei do que está falando. — Tomei mais um gole de café e observei-o pegar o controle remoto da mesinha no centro da sala, ligando a televisão em um canal de notícias.

— Foi você, não foi? — Interrogou, olhando para mim de volta.

Desviei minha atenção para a apresentadora, que narrava o acontecido da noite anterior, exibindo imagens da escola e das crianças que haviam incomodado Dominique, seguido por uma entrevista com os pais das três.

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