Capítulo 1 | Suicídios

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E, pra deixar claro, não fecharei meus olhos
E eu sei que posso sobreviver
Vou andar em meio ao fogo para salvar minha vida
E eu quero isso, quero muito a minha vida
Estou fazendo tudo que posso
E então mais um vai ao chão
É difícil perder quem eu escolhi

Elastic Heart — Sia

29 de Agosto, Quinta, 10 horas e 10 minutos da manhã

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29 de Agosto, Quinta, 10 horas e 10 minutos da manhã

Até que ponto as pessoas podem chegar quando se sentem satisfeitas com a violência e os xingamentos dirigidos aos outros?

Como podem não sentir remorso por machucar as pessoas de uma maneira tão cruel, de um modo que nunca permitiriam que fosse feito a elas mesmas?

E então há as campanhas de divulgação no dia dez de setembro, o mês de prevenção ao suicídio, que alardeiam a famosa frase: "falar é a melhor solução".

Será que realmente tudo se resolveria se fosse assim tão simples?

Essas pessoas, para mim, são tão hipócritas. As vidas ceifadas só importam durante esse mês.

Na realidade, elas não estão nem aí para quem sofre e considera o suicídio, desde que a campanha traga algum benefício para elas.

De que adianta fazer campanhas em um mês específico, se nos outros meses os suicidas, ou aqueles que tentam e sofrem, não possuem o direito de fala, de se expressar, de receber um abraço acolhedor, ou de ver as pessoas maldosas longe de suas vidas?

A cada quatro segundos, uma alma se despede deste mundo, carregando consigo um fardo de dores silenciosas.

Para aqueles que ficam, os familiares e amigos, a perda é um fardo angustiante, deixando-os perplexos diante do porquê dessa trágica decisão.

Assim como as pessoas negligenciadas, descartadas como roupas usadas quando já não servem mais ao propósito inicial, os suicidas muitas vezes são tratados como itens descartáveis. No entanto, ao contrário de peças de roupa, eles são como sapatos desgastados, obrigados a seguir os passos de seus donos, mesmo quando já não têm mais condições de continuar.

Eles suportam os desafios da vida, sendo banhados pela lama das dificuldades e pelas chuvas de desespero, até que finalmente sucumbem e são descartados. Ou pior ainda, acabam perecendo sob o peso esmagador.

— Hey!

A voz de Melinda me traz de volta à realidade, enquanto termino de escrever minhas últimas palavras no texto sobre suicídio, que o professor pediu para todos da classe fazerem.

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