Capítulo 3 | Aélis

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Não quero decepcionar você
Mas estou destinado ao inferno
Embora tudo isso seja tudo para você
Não quero esconder a verdade

Demos — Imagine Dragons

29 de Agosto, Quinta, 15:00 horas da tarde

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29 de Agosto, Quinta, 15:00 horas da tarde

Senti dedos tocarem meu braço e me virei assustada, abrindo os olhos ainda sonolenta. Meus sentidos estavam embaçados pelo sono, e demorei um momento para reconhecer o toque. Ao encarar a mão que me segurava, encontrei o olhar da enfermeira, cuja expressão de choque espelhava a minha. Seu rosto estava iluminado por uma luz fraca que filtrava pelas persianas do quarto, revelando traços de cansaço.

— Me desculpe por acordá-la, moça, mas preciso verificar a pressão e a febre do garoto.

Suas palavras eram ditas em um tom baixo, quase inaudível, como se o silêncio do hospital amplificasse cada som.

Pisquei repetidamente e esfreguei os olhos, tentando afastar a névoa da sonolência que ainda pairava sobre mim. Levantei-me da cama, saindo de perto de Ben com movimentos lentos e cuidadosos, para não perturbá-lo.

Ajeitei minha saia amarrotada e passei a mão pelo cabelo bagunçado, consciente de que meu estado era deplorável.

A observei tentar acordá-lo delicadamente, chamando-o pelo nome. Seus movimentos eram gentis, quase etéreos, como se estivesse lidando com algo extremamente frágil.

Quando ele finalmente abriu suas esmeraldas cintilantes, notei o reflexo de alívio em seu olhar ao me ver no final da cama, uma confirmação silenciosa de que eu não tinha ido embora e o deixado sozinho.

— Está melhor? — Chamou sua atenção, acariciando sua bochecha com gentileza. Ele se encolheu ao toque, sua pele reagindo instintivamente ao contato, como se a ternura fosse uma faca cortando sua vulnerabilidade exposta, a repulsa por outros toques incomodando visivelmente.

— Sim. — A resposta saiu seca, quase lacônica.

A enfermeira retirou a agulha do braço dele com um movimento preciso, mas mesmo assim não pôde evitar arrancar um gemido de dor da sua garganta. O som ecoou pela sala, carregado de uma agonia surda.

Benjamin odiava quando perturbavam seu sono profundo, uma aversão visceral à interrupção do seu repouso. Seu mau-humor ao despertar era notoriamente evidente.

A transição de seu estado de sono para a vigília era lenta e árdua, como um processo de descongelamento. Levava mais de uma hora para que ele retomasse sua expressão habitual. Seus traços, inicialmente endurecidos, suavizavam-se gradualmente, enquanto seu humor sombrio dava lugar à sua disposição mais usual.

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