Capítulo 4 | A primeira impressão é a que fica

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Isso faz seu sangue ferver
Isso faz você ver vermelho?
Você quer destruir isso
Isso entra na sua cabeça?
Porque isso faz meu sangue ferver e eu estou descolando

Angry Too — Lola Blanc

30 de Agosto, Sexta, 07 horas e 35 minutos da manhã

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30 de Agosto, Sexta, 07 horas e 35 minutos da manhã

Os raios de sol se infiltraram pela janela do quarto, filtrando-se pelas frestas das cortinas que balançavam gentilmente ao movimento do vento frio chicoteando o ambiente lá fora. A luz matinal criava um jogo de sombras e brilhos que dançavam sobre os móveis, enquanto o barulho dos pássaros voando no céu preenchia o ar como uma melodia orquestrada pela natureza, um sinal claro de que o dia já estava começando.

Espreguicei o corpo, sentindo cada músculo despertar, e tomei cuidado com o Benjamin, que estava deitado com o corpo praticamente em cima do meu.

Ele tinha essa peculiaridade de invadir meu espaço durante o sono, sempre falando para os outros não esmagarem seu corpo, mas ironicamente, era ele quem se espalhava pela cama, chegando ao ponto de, se eu bobeasse, colocar o pé no meu nariz.

Delicadamente, retirei suas mãos da minha cintura, ouvindo um resmungo enquanto ele roncava como um porquinho.

— Me deixa dormir só mais um pouquinho. — Murmurou, sonolento.

Me mantive parada até vê-lo parar de sonambular.

Depois de assegurar que ele estava tranquilo, levantei-me com cuidado, pegando o celular da cama.

Ainda eram sete e meia, e a tela exibia vinte ligações perdidas na barra de notificações. Nem fiz questão de olhar quem havia ligado; a urgência podia esperar um pouco mais.

Caminhei até o banheiro para fazer minha higiene matinal, cada passo um rito que me trazia de volta à realidade do novo dia.

Assim que voltei ao quarto, me acomodei na poltrona, pegando meu diário e o estojo com o pacote de biscoito. Joguei as bolsas no chão ao lado do móvel, criando um pequeno caos organizado. Cruzei as pernas para ficar confortável e, ao abrir o caderno, deparei-me com uma mancha recente de sangue cobrindo parte da palavra morte, como um rabisco macabro.

Poucas palavras eram marcadas com o meu próprio sangue, escritas em momentos de desespero.

As mesmas letras repetindo no papel e na mente para não tentar novamente. Talvez fosse uma forma de não alimentar a sede autodestrutiva, um método para evitar que a escuridão me engolisse.

Meu irmão poderia me achar um monstro se soubesse, e isso me aterrorizava. Meus pais, ao saber, certamente o afastariam de mim, e essa ideia me machucava profundamente. Poderiam até pensar que eu machucaria Benjamin como faço comigo mesma.

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