Capítulo 2 | Angel

11.8K 1K 279
                                    

Gostaria de ser o tipo de garota que você apresenta pra sua mãe

O tipo de garota, conheço meu pai, aquela que ele teria orgulho (é)

Normal Girl — SZA

29 de Agosto, Quinta, 13:00 hora da tarde

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

29 de Agosto, Quinta, 13:00 hora da tarde

Já dentro do hospital, acompanhava os meus pais, seguindo suas sombras pelo corredor parcialmente vazio. Algumas pessoas estavam sentadas no banco de couro preto, absortas em seus aparelhos eletrônicos, em livros que seguravam, ou cuidando de filhos que choravam de dor. O ambiente, embora movimentado, parecia envolto em um silêncio opressivo, onde cada um estava perdido em seus próprios pensamentos e preocupações.

Existem quatro lugares onde ninguém realmente te nota: um parque, um cemitério, uma cadeia e um hospital. Nesses ambientes, as pessoas estão ocupadas demais com seus próprios pensamentos ou com aqueles que os acompanham, tornando-se incapazes de prestar atenção em você. E eu detestava isso. Detestava quando me encaravam demais, o que me deixava sufocada, com o coração martelando a mil por hora, as mãos suando e o medo constante de falhar, seja na fala ou na ação. O risco de minhas pernas cederem debaixo de mim era sempre iminente.

Meu medo residia justamente nisso: odiava ser forte e fraquejar no mesmo instante. Odiava o fato de demonstrar a minha fraqueza, pois as pessoas ao meu redor sempre encontravam uma maneira de usá-la para debochar de mim ou tirar proveito dela.

— Essa é a sala, Ayla.

Pisquei várias vezes, tentando recobrar a consciência, e encarei a porta na direção que o dedo de meu pai apontava, marcando o número 230.

Apertei a alça da mochila, tentando não surtar ao lembrar que aquele número, exatamente aquele, correspondia à quantidade mínima de marcas que alguns objetos já haviam deixado em meu corpo durante os meus dezessete anos. Desisti de contar, e quem sabe em que estado meu corpo se encontrava agora.

— Eu voltarei mais tarde. Não saia do lado do seu irmão e, assim que ele for liberado, nos avise. — Assenti à ordem de Apollo.

Sem esperar por uma resposta minha, Kora deu meia-volta, desfilando pelo corredor que acabáramos de atravessar, deixando meu pai para trás.

Observei por cima do ombro até que ela desaparecesse finalmente de vista, e desviei o olhar para o rosto sereno do homem à minha frente.

Seus braços envolveram o meu corpo, e eu agarrei sua camisa com força, deixando que minha cabeça repousasse sobre seu peito.

A IlusãoOnde histórias criam vida. Descubra agora