Capítulo 9 | Confissões

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Ele é o meu mundo e muito mais do que isso
Sozinha eu grito seu nome quando vem a desordem
E então tudo desmorona quando ele não está mais aqui
Eu adoraria muito dizer a ele, mas não me atrevo

Tourner Dans Le Vide — Indila

31 de Agosto, Sábado, 19:50, 4 horas e 10 minutos antes do assassinato

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31 de Agosto, Sábado, 19:50, 4 horas e 10 minutos antes do assassinato

Fiquei com a Violet prestando atenção à novela, as nossas gargalhadas reverberando pelas paredes daquela moradia gélida sempre que os protagonistas diziam algo cômico ou enfrentavam um contratempo em seu caminho. As horas passavam como um relâmpago.

Eu adorava meu trabalho, apesar de, às vezes, o humor da senhora ser amargo e ela começar a me empurrar e a me insultar. Era necessário ter paciência, saber dialogar com ela até que seu coração amolecesse e ela deixasse de ser tão obstinada.

— Vamos tomar um ar no jardim, Violet? — Pousando suavemente minhas mãos sobre seu ombro, aguardei por sua resposta. A senhora desviou a atenção da novela e desligou a televisão.

— Você precisa descansar os olhos ou a Dorothy vai brigar conosco.

Um riso nervoso escapou dos meus lábios ao lembrar dos avisos da minha chefe: Não deixe minha mãe ficar o dia inteiro assistindo!

— Vamos... Mas antes eu preciso ir ao banheiro. — Ajudei-a a se levantar. Seus passos eram silenciosos e lentos.

Subimos as escadas calmamente, sem nenhum contratempo, e a guiei até seu quarto. Deixei que fosse sozinha, esperando pacientemente enquanto ela demorava lá dentro. Eu lhe concedia sua privacidade, pois detesto quando tiram a minha e sei como é se sentir presa e vigiada constantemente.

Mordi meus dedos, preocupada com Violet. Ela sempre me pedia para entrar sozinha, exceto quando era para tomar banho, mas agora estava demorando mais do que o habitual.

— Você está bem?

— Estou! Já vou. — Respondeu do outro lado.

Deixei minha cabeça cair contra a porta do banheiro, suspirando aliviada por nada ter acontecido com ela, ou eu perderia meu emprego e seria enxotada daquela casa com violência.

A porta se abriu segundos depois, ao som da descarga. O aroma de lavanda, próprio para banheiros, exalava após sua saída.

Um sorriso tímido surgiu em sua face cansada e marcada pelo tempo, com poucas rugas na pele pálida.

— Vamos? — Estendeu o braço para que eu o pegasse, e concordei, engolindo a saliva com certa dificuldade, ainda ansiosa e preocupada.

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