prólogo

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— Pardon. — A voz era decadente como chocolate e chegava aos ouvidos de Liam tão suavemente quanto um uísque de primeira qualidade. — Você se importará se eu pedir ao barman para mudar para o jogo do Manchester United?

Liam considerou o homem inclinando o queixo em direção à tela mais próxima. Ele percebeu sua presença quando se sentou. Embora houvesse vários outros lugares para escolher, o homem não havia deixado o banco habitual entre eles.

Não, ele pegou aquele ao lado de Liam, e Liam lhe deu uma olhada de reconhecimento mais uma vez, notando o terno de três peças feito sob medida, mas tomando cuidado para evitar que seu olhar ultrapassasse as boas-vindas. Afinal, Dubai não era um mercado de carne aberto a todos como alguns de seus lugares favoritos em Nova York.

O relógio no pulso do estranho era elegante, e até mesmo o toque sutil de colônia que Liam detectou era de bom gosto e suave. Amadeirado com notas cítricas que eram sedutoras em vez de avassaladoras, que convidavam alguém a se aproximar – embora Liam não o fizesse.

Durante a última meia hora, ele bancou o observador inofensivo, notando que o homem não se mexia nem um pouco e que estava bebendo uísque, o que já era uma história por si só, considerando seu sotaque.

A pergunta chamou a atenção de Liam, pelo fato de não ser realmente uma pergunta e porque os cantos da boca do homem se inclinaram ligeiramente.

Não um sorriso sincero, mas a sugestão de um. Arrogância. Em vez de achar isso desanimador, Liam, sendo ele próprio um bastardo arrogante, ficou intrigado. Ele arqueou uma sobrancelha. — Já está passando lá embaixo.

— Mas não é exatamente a mesma experiência, não é? Observar de longe versus ver bem na sua frente? — O sorriso do homem não vacilou. Praticado. Falso.

Liam apostou que não estava acostumado a aguentar tanto tempo antes de conseguir o que queria. Esse palpite ampliou o sorriso de Liam. — Você age como se estivéssemos sentados nas arquibancadas em vez de em um bar. Qual é a diferença?

O homem encolheu os ombros. — A diferença é que não terei que esticar o pescoço. Além disso — ele apontou um dedo em direção à tela — isso é o mais próximo que chegarei no futuro próximo. — Madi absorveu essa pequena informação enquanto o homem o incitava com um olhar direto.

— Você pode assistir a uma reprise dos Bulls a qualquer momento.

Ele tinha razão. Liam só estava sendo difícil porque estava intrigado. O homem era inegavelmente impressionante, com cabelos negros, lisos e brilhantes como ônix, e olhos que combinavam. Ele tinha o ar aristocrático e autoritário de um Sheik, só que não era porque Liam conhecia cada um deles atualmente na área. Ele vinha rastreando um grupo seleto deles há meses – tudo parte de um trabalho que ele concluiria amanhã.

O barman olhou entre os dois, esperando por uma resposta, e Liam finalmente deu-lhe consentimento para mudar de canal. Ele sentiu os olhos do homem sobre ele, tangíveis como um toque, mesmo depois de voltar a beber e se concentrar na partida de futebol.

— Que tal eu comprar seu próximo uísque?

Liam virou a cabeça, fixando todo o peso de seu olhar no homem e deixando seus olhos vagarem lentamente das pontas dos sapatos de camurça polidos até a calça bem apertada sobre as coxas musculosas, e então para o V bronzeado de pele que espreitava da gola desabotoada da camisa de botão do estranho, antes de finalmente encontrar seus olhos. — Não acho que seja por isso que estou com sede.

Liam notou quando o olhar do homem se dirigiu para sua mão esquerda, onde uma simples aliança de platina adornava seu dedo anelar. Se Liam pegasse sua carteira, ela estaria cheia de fotos de família, habilmente editadas no Photoshop: duas filhas pequenas, uma esposa loira, uma carteira de motorista de Michigan. Apenas mais um empresário americano.

O homem pareceu hesitar e Liam se virou. Talvez ele tivesse julgado mal, mas isso não era problema algum. Havia outros lugares na cidade onde conseguir uma transa rápida. Mais segura também. Acontecia que Liam gostava de enfrentar o perigo de vez em quando.

Ele engoliu o resto da bebida e deslizou o pagamento no balcão para receber a conta.

— Espere. — O toque do homem foi leve no antebraço de Liam, mas o deteve tão eficazmente quanto uma algema em seu pulso. Não havia nenhum imperativo em seu tom; foi tão suave quanto o resto de seu discurso. Uma sugestão forte e sedutora, em vez de qualquer coisa que se aproxime de um apelo.

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