kill bill - ziam

3. ⚗️

Eram três da manhã quando Zayn finalmente chegou ao Rio. O que deveria ter sido um voo de seis horas durou três dias graças a alguém hackeando suas as contas e colocando-o em uma maldita lista de observação.

Em vez de embarcar num avião em Miami, quase foi preso. Felizmente, ele nunca viajou sem um plano alternativo. Depois de uma troca de roupa e uma mala abandonada, ele conseguiu escapar do aeroporto sem ser detectado.

Foi culpa dele. Ele deixou a pista para Liam encontrar, esperando que se ele 'roubasse' outra morte dele, isso o tornaria mais receptivo ao acordo que  planejava oferecer. Ele pensou que Liam poderia usar seus pseudônimos para atrapalha-lo, mas não esperava ser interrompido. Esse era Liam, no entanto. Todos os extremos.

Por que caminhar quando você pode correr?

Por que bater se você pode esfaquear?

Se Zayn pensava que seus joguinhos o tornaram querido por ele, esse exercício de paciência tirou o véu de seus olhos. Ou talvez, num mundo onde duas pessoas gostavam tanto de brigar quanto de foder, esta fosse uma carta de amor? Não era como se  tivesse passado mais de uma noite com alguém além de Liam, mas isso dificilmente fazia deles uma história de amor épica.

Balançou a cabeça enquanto seu táxi se arrastava pelas ruas. Mesmo às três da manhã, os foliões ainda estavam fora, aglomerando-se na calçada. Através das janelas de vidro temperado da cabine, podia ouvir as batidas febris da música. Havia homens e mulheres fantasiados misturados com pessoas vestidas como se tivessem saído dos clubes para as ruas. Mas já era tarde demais para o Carnaval.

— Que celebração é essa? —  perguntou ao motorista em português.
O homem lançou-lhe um olhar curioso.

— Dia das Bruxas.

Zayn zombou. Sim. Dia das Bruxas. Como ele poderia ter esquecido? Ele culpou sua dor de cabeça latejante. Mais uma vez, olhou pela janela, observando os foliões com novos olhos. Seu desvio de setenta e duas horas o deixou exausto demais para pensar direito. Ele só queria uma bebida forte, um banho para lavar os dias de viagem e uma cama confortável.

Zayn supôs que algo dizia que Liam ainda estava lá. Carlos Silva estava morto há muito tempo, com um buraco perfeito entre os olhos. Ele mesmo viu evidências disso quando retirou o corpo do necrotério. Liam nunca errou um tiro, e seus ferimentos de entrada eram lindos e precisos.

Mas ele quase arruinou os planos de Zayn. Felizmente,  ainda tinha conexões nesta parte do mundo. Caso contrário,  não teria mais nada com que negociar.

Ele não tinha certeza se o que ele tinha era uma isca suficiente para alguém como Liam, mas  tinha que tentar. Ele tinha que fazer Payne ver a razão.  Simplesmente não tinha certeza se alguém já havia acusado Liam de ser razoável.

Quando o táxi parou em frente ao Copacabana Palace, teve uma ideia. Talvez Liam estivesse aqui simplesmente para as festividades de Dia das Bruxas? Ou talvez tenha sido uma armação para finalmente elimina-lo de uma vez por todas?

Afastou o pensamento tão rápido quanto surgiu. Ele não teria desativado sua vida inteira se apenas quisesse matá-lo. Ele teria feito isso no último quarto de hotel enquanto dormia.
Não demorou nada para que Zayn subornasse a atendente para que entregasse a chave do hotel do quarto do Sr. Smith.

A garota atrás do balcão estava distraída, olhando para a noite escura como se, se ela apertasse os olhos o suficiente, ela também poderia sair para uma festa a noite toda, em vez de ficar presa em seu trabalho de merda, lidando com idiotas como ele, que pensavam que poderiam encantar seu caminho para as chaves do quarto.

Ele agradeceu à garota em português, e ela quase acenou com a cabeça.
Zayn a deixou sonhando acordada, entrando no elevador e tentando ignorar a forma como seu pulso acelerou. Era uma sensação que só Liam poderia produzir, uma estranha descarga de adrenalina semelhante à sensação que  teve quando viu seus venenos fazerem efeito, parando o coração daqueles que ele matou.  Sorriu e seu reflexo sorriu de volta.