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— Bhenchod!

O Doutor Farnsworth continuou a limpar o ferimento logo abaixo do ombro de Zayn. — Você beija sua mãe com essa boca?

Liam fez uma careta para ele, e Zayn teria rido se pudesse, mas sua capacidade de permanecer bem-humorado estava ficando mais difícil a cada momento que passava. Não que ele não apreciasse o que o médico estava fazendo. O cara, um dos contatos de Ronin, conseguiu levar um caminhão cheio de suprimentos e equipamentos médicos, bem como uma enfermeira, para a casa segura com os outros moradores do apartamento, sem saber. Criar um hospital temporário para pessoas como eles foi um trabalho lucrativo, mas provavelmente ingrato. E as ameaças e carrancas de Liam não estavam facilitando o trabalho do homem.

Zayn fez o possível para garantir a Liam que ele estava bem enquanto eles ainda estavam na casa de Bennington, mas estava ficando mais difícil agir como se ele ainda estivesse bem. Não corria perigo de morrer, mas a dor era insuportável. Ele estava escorregadio de suor, sua boca era um deserto, seus lábios secos como papiros antigos. Ainda assim, ele tentou sorrir antes de voltar sua atenção para o médico. — Minha mãe está morta. Você fala urdu?

O médico zombou. — Não, mas reconheço um palavrão quando ouço um. Imagino que você me chamou de filho da puta — ele disse em tom de conversa antes de aplicar uma pressão que fez o estômago dolorosamente vazio  revirar e sua visão se estreitar.

— Irmã filha da puta — Zayn confirmou com um suspiro de dor.

— Não tenho irmã, mas considero-me escandalizado — Farnsworth brincou.

— Fique comigo, baby — Liam sussurrou, passando a mão fria sobre a pele superaquecida de sua bochecha.

— É pior do que eu pensava se você está me chamando de baby, jaanum — Zayn se engasgou, fazendo o seu melhor para se concentrar na linda boca do assassino

Não foi Liam quem respondeu, mas o médico. — A bala não atingiu a articulação do ombro, mas deve ter ricocheteado na escápula, porque saiu logo abaixo da axila. Você perdeu muito sangue estar no hospital. Você provavelmente precisará de uma transfusão. — Antes que qualquer um deles pudesse interromper, ele ergueu a mão. — Sim, eu sei. Não há hospitais. Sinceramente, você está em melhor forma do que seu amigo aí.

— Isso porque meu homem é um excelente atirador. O mesmo não pode ser dito do homem que atirou no nosso amigo. Certo, jaan?

— Você atirou nele? — perguntou o médico, depois bufou. — Você sabe o quê? Não é da minha conta. Realmente não quero saber. Com vocês, a dor é como as preliminares. Fiz o máximo que pude. Seu amigo no outro quarto está dormindo com os analgésicos que dei a ele. Vou deixar minha enfermeira supervisionar sua transfusão e monitorar seus medicamentos intravenosos. Vou lhe dar algo também, para que você possa descansar.

Descanso, líquidos e esses antibióticos. Troque o curativo a cada quarenta e oito horas, ou se estiver sujo, se começar a escorrer ou começar a cheirar mal, vá ao pronto-socorro... ou não, mas esses são sinais de infecção.

— Não quero... — Zayn começou antes que uma onda de prazer tomasse conta dele.

— Tarde demais. — O médico deu um tapinha de leve na própria coxa, sinalizando que a conversa havia terminado. — Voltarei para ver como eles estão hoje à noite.

Zayn não sabia se era o analgésico que o fazia sentir essa onda de euforia, ou se a própria falta de dor estava provocando a sensação, mas o alívio o fez rir, e o som trouxe a atenção de Liam de volta para ele. — Gosto quando você olha para mim — disse Zayn. — É como se o sol tivesse saído de trás das nuvens.

kill bill - ziam Onde histórias criam vida. Descubra agora