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Max

Já tem umas duas horas que eu estou relendo a carta, exatamente, eu sou a perfeita definição de uma pessoa desocupada e intrigada.

Tem muitas chances de ter sido escrita na zoeira, mas parte de mim quer acreditar que aquele pedaço de papel é verdade, e parte de mim realmente acredita que é de verdade, a carta parece que foi escrita com cuidado, se alguém fizesse para tirar uma com a minha cara, faria de todo jeito e de letra feia, e essa pessoa aqui, se não duvidar, até já fez aulas de caligrafia.

Dobro o papel e coloco dentro do envelope improvisado mas bem feito, em que ela veio e coloco dentro do meu caderno de desenho.

--Ei, Max, a gente vai andar de skate agora, quer ir? --PJ me pergunta sorrindo, e eu de resposta, pego meu skate que fica debaixo da cama e vou até eles.

--Como se eu recusasse uma oferta dessas... --Brinco sorrindo.

--Esse é o nosso Max! --Bobby sorri.

Saímos do dormitório e fomos até a rua, provavelmente vamos ir tomar algum sorvete ou algo do tipo, só vou tentar não esquecer de estudar para a prova de depois de amanhã.

--Pergunta séria para vocês agora. --Digo forçando um ar confiante.

--Manda aí! --PJ pede.

--Certo! Bois ou cabras? --Pergunta zoando.

--Como o Bobby é chifrudo, boi, nosso amigo, afinal de contas. --Zoa.

--Cabras também são chifrudas, seu burro. --O ruivo retruca rindo e dá um tapa na sua cabeça.

--Ele está mais para uma cabra, uma cabra ruiva. --Digo e ele finge um rosto dramático.

--Vocês não prestam. --Ele ri e avança no skate fazendo a gente seguir ele.

--Nossa, eu estava com saudade de andar de skate com vocês, não suporto mais a faculdade. --Reclamo.

--Nem me fale! Está naquela época que a gente tem menos tempo de respirar ainda que o resto do ano, sei lá, as vezes dá vontade de jogar um rasga lata lá, ou coisa do tipo. --PJ retruca.

--Real, cara. Mas para o Max deve ser mais difícil ainda, como que presta atenção com o Uppercrust na mesma sala? --Bobby brinca, acho que essa é a brincadeira preferida dessa cópia de umpa loompa.

O outro ri dele, eu não rio, mas sorrio só de lembrar dele.

--Eita! Já está dando aquele sorriso de novo. --O ruivo chama a atenção.

--Não sei do que está falando.

--Por sinal, Max, uma curiosidade que o Bradley falou ontem para você, que você não lembra, mas que talvez você queira saber.

Quero dizer que não ligo, mas eu ligo, eu ligo pra caralho.

--Hã? O que? --Tento parecer nem aí.

--Aparentemente, ele acha que você o odeia, assim seus cenários imaginários com ele se complicam, devia ir falar com ele. --PJ aconselha.

Como assim odiar ele?

--Do que você está falando? Ele nunca disse isso.

--Ah, ele disse sim, mas você não lembra de nada de ontem, não é mesmo? Isso é uma dessas coisas. --Bobby fala. --Bom, chegamos no açaí, agora é descer dos Skates e comer!

Saímos de cima das pranchas e as colocamos de baixo do braço, cada um monta seu açaí e fomos para uma das mesas fofocar.

--Ei, vocês podem me explicar direito essa história dele achar que eu odeio ele? Isso não faz o menor sentido.

--É tão simples, todo mundo odeia ele por causa do que ele te fez nos jogos, então ele somou um mais um, "Se todos me odeiam, por qual razão ele seria diferente?" --O ruivo explica.

--Por que ele não pensou um pouquinho? Eu sequer consigo olhar para ele sem sorrir, isso é coisa que se faça com quem odeia? --Respondo tentando me defender, não do que exatamente estou me defendo, mas enfim.

--O Bradley podia achar que você estava zombando ou provocando ele, baseado no longo histórico aí de vocês, é bem capaz. --PJ fala e depois já come mais um pouco do seu açaí.

--Minhas provocações eram puro flerte, em minha defesa.

--Certo, e ele sabia disso? Eu acho que o PJ está certo, e é só falta de diálogo isso aí!

Suspiro fundo, tem vezes que odeio quando eles estão certos.

--Mas e se... --Tento arranjar alguma justificativa mas nada vem na minha cabeça. -- Está bem, certo, amanhã eu falo com ele. --Me dou por vencido e os meninos sorriem.

--Mais uma vez, nós estamos certos. --Bobby pondera.

--É, e mais uma vez, você se sujou com comida. --Aponto com a colher para sua blusa.

--Ah merda! --Pega uns guardanapos para tentar se limpar enquanto eu e PJ rimos.

Logo depois eles vão para o banheiro tentar limpar aquela blusa e verem se não tem uma reserva, já eu fico aqui na mesa, afinal, não terminamos de comer então eu estou olhando para ninguém pegar.

--Senhor, eu poderia conversar com você? --Diz um cara moreno de cabelo ondulado e que está vindo até mim.

--Claro, o que houve?

--Ontem, você beijou meu namorado, tem ideia da gravidade das suas ações? --Diz ele, mas isso está estranho, ele parece... Mentir?

--Sinceramente, não lembro de merda nenhuma de ontem, senhor, e pode ao menos me dizer seu nome?

--Marcos.

Marcos, eu não estou indo com a cara desse "Marcos".

--Marcos, mas se eu beijei seu namorado, então ele quis me beijar.

--Você pode ter forçado ele! --Pareceu ter inventado essa possibilidade, o que ao meu ver, é totalmente impossível eu ter feito isso.

--E ele te disse isso por acaso?

--Bem... Não, mas isso não vem ao caso!

--Está bem, e o que raios você quer que eu faça com essa informação?

--Que não o beije mais, nunca mais, me entendeu? --Agora sim ele parece falar sério, o resto parecia muito inventado.

--Marcos, pelo o que me falaram, eu beijei um bocado de gente ontem, eu não lembro nem da primeira lata de cerveja que eu tomei, você jura que eu vou lembrar quem é seu namorado? E lembrando, se eu beijei ele, ele também quis.

--Ah, mas você conhece ele, conhece muito bem.

--Certo, mas eu sou adivinha, por acaso? Não, não sou, fala logo quem é.

--O meu namorado é o Bradley Uppercrust III.

--Espera, quê? --Pergunto incrédulo.

Ass: ??? | Maxley * Bradley x MaxOnde histórias criam vida. Descubra agora