11 - A Batalha de Tessélia - Parte III

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O clangor das espadas e o som surdo de escudos se chocando encheram o campo de batalha. Homens cercados por irmãos de armas, suas armaduras refletindo a luz das chamas que consumiam o horizonte. O calor da batalha era sufocante, o ar pesado com o cheiro de sangue, suor e fumaça. A cada golpe desferido, a cada escudo erguido, o peso da vida e da morte pendia na balança. Adiante, a linha inimiga se aproximava, uma massa implacável de guerreiros com olhos ferozes e lanças afiadas. O chão tremia sob o impacto de milhares de pés marchando em uníssono, um rugido de guerra ecoando sobre o campo. Mãos apertavam cabos de espadas, o metal frio contra a pele, um contraste com o calor que irradiava de cada centímetro dos corpos.

As bandeiras vermelhas, com símbolos do reino, eram erguidas bem alto, um farol de esperança e força em meio ao caos. Cada movimento era uma luta pela sobrevivência, cada adversário que caía era uma vitória momentânea, mas a maré da batalha era incerta e traiçoeira. Gritos de agonia misturavam-se aos de triunfo, criando uma sinfonia macabra que reverberava pelos ossos dos guerreiros. Um clarão de luz, seguido por uma explosão de fumaça negra, marcava o avanço dos dragões inimigos, criaturas aladas que espalhavam destruição do alto. Suas sombras enormes projetavam-se sobre os combatentes, aumentando a sensação de terror que permeava o ar. O céu estava pintado com traços de fumaça e brasas, uma tapeçaria infernal que refletia o desespero da situação.

A linha de frente chocava-se como uma onda contra rochedos, escudos estilhaçando, espadas fendendo carne e osso. Cada segundo era uma luta para manter posição, para proteger aqueles ao lado. O campo estava coberto de corpos, amigos e inimigos indistintos no amontoado de mortos e moribundos. Os guerreiros tentavam não pensar em quem haviam perdido, focando apenas em sobreviver, em avançar. As pernas estavam pesadas, cada passo um esforço colossal, mas a adrenalina mantinha os combatentes em pé. O som dos corvos começando a se aglomerar, atraídos pelo banquete macabro abaixo, era um lembrete constante da fragilidade da vida. A batalha estava longe de terminar, e cada um precisava lutar com cada gota de força que restava.

Enquanto brandiam suas espadas, sentiam a conexão profunda com seus ancestrais, aqueles que lutaram antes e cujos espíritos agora observavam. Eram uma linha interminável de guerreiros, unidos pela honra, pela glória e pela sobrevivência. Tessélia podia estar em chamas, mas enquanto tivessem vida, a batalha continuaria, a esperança persistiria, e o fogo da coragem nunca se apagaria.

Tessélia ardia. Uma vasta cidade consumida pelo caos, suas estruturas grandiosas erguiam-se impotentes contra o mar de fogo e escuridão que se espalhava sem piedade. As torres altas, outrora símbolos de poder e proteção, agora estavam envoltas em chamas, suas silhuetas sombrias tremeluzindo no horizonte incandescente. Dragões negros rasgavam os céus, suas asas enormes batendo com força, provocando ventos que alimentavam as chamas e espalhavam a destruição. Suas sombras projetavam-se ameaçadoras sobre a multidão desesperada abaixo, como arautos de um destino inevitável. Os rugidos dessas criaturas ecoavam por entre os edifícios, misturando-se ao som da destruição e ao clamor da população em pânico.

Nas ruas abarrotadas, uma massa de pessoas corria em desespero, tentando escapar do inferno em que sua cidade se transformara. Homens, mulheres e crianças esbarravam-se, caindo contra o solo fervente e sendo pisoteados, suas vozes se perdendo em meio ao tumulto. Havia um cheiro metálico de sangue no ar, misturado ao fedor de carne queimada e à fumaça sufocante que se elevava das casas em chamas. Cada rosto contorcido de medo contava uma história de perda e desespero. A Cidadela, no coração da cidade, ainda estava de pé, mas não por muito tempo. Suas portas góticas escancaradas revelavam um interior banhado em uma luz vermelha demoníaca, como se os próprios portões do inferno tivessem sido abertos. A horda de pessoas amontoava-se em direção à catedral, como mariposas atraídas por uma chama mortal, na esperança desesperada de encontrar refúgio ou salvação. Edifícios colapsavam sob o peso das chamas, seus escombros caindo sobre a multidão, enterrando vivos e mortos juntos. Gritos de dor e agonia perfuravam o ar enquanto vidas eram esmagadas sob a brutalidade implacável da destruição. O céu acima era uma tapeçaria de fumaça densa e brasas incandescentes, obscurecendo qualquer esperança de redenção. Este era um retrato de um caos em andamento, onde a esperança fora devorada pelo fogo e pela escuridão, e a única certeza era a de que o terror reinaria absoluto. Uma cena de puro pavor, onde a humanidade enfrentava seu fim com uma mistura de temor e resignação, enquanto a cidade que uma vez conhecera glória e grandeza era consumida pelas chamas e pelo desespero.

Ladar - Sangue & Sacrifício - CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora